Cauã Reymond demorou a ter seu nome reconhecido pelo talento dramático. Galã de novelas e séries como Malhação (2002) e Da Cor do Pecado (2004), sempre esteve mais associado às performances físicas do que pela sua capacidade dramática. O caminho começou a tomar outra forma ao participar de produções diferenciadas também no cinema, com filmes como Falsa Loura (2007) e Se Nada Mais Der Certo (2009). Por este último, inclusive, foi premiado no Cine Ceará e no Festival Brasileiro de Miami como Melhor Ator.
Após estes sucessos de crítica, Cauã teve outras experiências significativas não só na televisão, mas novamente no mundo da sétima arte, culminando com o lançamento de Alemão (2014), filme com seu nome estampado também na produção. Para comemorar o aniversário o ator no dia 20 de maio, é claro, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores trabalhos na tela grande – e mais um que merece ser lembrado.
Falsa Loura (2007)
Por Marcelo Müller
Neste que foi seu último longa como diretor, Carlos Reichenbach volta novamente suas lentes ao universo das mulheres operárias, ambiente que tão bem já havia investigado em Garotas do ABC (2003). Silmara (Rosanne Mulholland) é uma bela operária, sonhadora que só ela, espécie de personificação do próprio povo brasileiro, que segue almejando dias melhores mesmo diante das adversidades. Uma das paixões da mulher é o cantor de uma banda de rock, interpretado por Cauã Reymond. Bonita como é, ela não demora a cair nas graças de seu ídolo, mas a decepção virá como também para metaforizar um povo que, ao sonhar, evita colocar os pés no chão e, infelizmente, cair em si muitas vezes só quando tomba. Cauã constrói com habilidade esse ídolo auto-exilado na própria fama, certo da onipotência de suas ações, por mais vis que elas pareçam. Por certo, não há inocentes completos, portanto tampouco vilões ou maus-caracteres totais. O maniqueísmo é superficial, uma armadilha. Cauã Reymond se vale do estereótipo de galã global que ele próprio carrega para criar um tipo tão caricato quanto, infeliz e paradoxalmente, crível.
Se Nada Mais Der Certo (2009)
Por Matheus Bonez
A crítica social do filme dirigido por José Eduardo Belmonte não poderia ser mais evidente. Na história, os caminhos de três personagens se cruzam em uma São Paulo assolada pela crise econômica brasileira: um jornalista desempregado (Cauã Reymond) vindo de Brasília, a garota (Luíza Mariani) que ele conhece numa boate e é traficante, e o taxista (João Miguel) com problemas psicológicos que ambos encontram na saída da festa. Léo, personagem de Reymond, é o narrador deste encontro que mostra a falta de rumo tomada pela classe média brasileira. É sob seu olhar que acompanhamos o desenrolar destas vidas conectadas e das (más?) decisões que cada um toma para tentar melhorar suas situações. E a ação “politizada” que os três resolvem tomar questiona até que ponto a sociedade chegou. Cauã entrega uma performance madura e memorável premiada no Brasil e no exterior. Porém, além de sua surpreendente atuação, o filme tem seus próprios méritos, o que garante um olhar mais apurado sobre este trabalho que passou batido pelo grande público
Estamos Juntos (2011)
Por Thomás Boeira
Neste longa dirigido por Toni Venturi, Leandra Leal vive Carmen, jovem médica que tenta se virar em São Paulo. Mesmo tendo alguns amigos, é uma pessoa sozinha, e sua companhia mais próxima é um misterioso rapaz (interpretado por Lee Taylor). Tudo fica mais complicado quando ela descobre ter uma grave doença. O elenco é um dos pontos altos do filme. Leal, sem dúvida, é o grande nome em cena, tratando com eficiência o isolamento de sua personagem, assim como os sinais da doença que põe sua vida em risco. No entanto, vale destacar a presença de Cauã Reymond, que consegue chamar a atenção como Murilo, melhor amigo da protagonista e que é homossexual. Sem exagerar no jeito mais afetado de sua composição, Reymond constrói uma figura sensível e carismática, se destacando principalmente na cena em que entra em conflito com a amiga por causa de um interesse amoroso em comum.
Meu País (2011)
Por Conrado Heoli
Ainda que seu título sugira, Meu País não apresenta um relato ufanista sobre o retorno de um brasileiro às suas origens após anos radicado em outro continente. Da mesma maneira, a produção que marca a estreia de André Ristum na condução de longas-metragens não revela quaisquer cores patrióticas ou levanta bandeiras políticas. Neste delicado drama, que apresenta uma narrativa repleta de fortes sentimentos retratados a partir de perspectivas amenas e emocionais, três irmãos separados por conflitos distintos experimentam involuntariamente as vivências que constroem e definem uma família. Protagonizado por um Rodrigo Santoro cerebral e com uma das performances mais vulneráveis de Débora Falabella, Meu País conta também com um dos melhores desempenhos da jovem carreira de Cauã Reymond. O ator se despe de qualquer vaidade e foge de caricaturas na construção de um playboy irresponsável e viciado em jogos, numa interpretação realista e repleta de nuances que validam o bom roteiro de Ristum, Octavio Scopelliti e do brilhante Marco Dutra. Premiado com quatro Candangos no Festival de Brasília, esta produção infelizmente subestimada tem méritos louváveis e pouco recorrentes na cinematografia brasileira contemporânea. Trata-se de uma pequena grande obra.
Alemão (2013)
Por Robledo Milani
Galã adolescente de Malhação (2002-2003) e rostinho bonito de outras produções da telinha, Cauã Reymond mostrou que pretendia fazer diferença antes no cinema do que na televisão. Se hoje é protagonista de novelas e de seriados de grande repercussão de público e de crítica, isso se deve aos exercícios cinematográficos pelo qual se aventurou durante a última década. O primeiro passo neste sentido se deu com o drama Se Nada Mais Der Certo (2008), pelo qual foi premiado como Melhor Ator nos festivais de Ceará e de Miami. Essa bem sucedida parceria com o diretor José Eduardo Belmonte foi retomada cinco anos depois com o épico contemporâneo e intimista Alemão, que recria de forma ficcional episódios que antecederam à invasão policial no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2010. Enquanto os agentes infiltrados interpretados por, entre outros, Caio Blat e Otávio Müller, tentam sair vivos do perigo iminente, Reymond é a ameaça constante, uma presença que muito se sente, porém pouco se vê. O ator compõe um personagem realmente assustador em uma participação especial e de muito prestígio, colaborando com o realizador também na produção do projeto. De modo despojado, com falas fortes e atitudes radicais, ele consegue se inserir naquele cenário com habilidade e destreza. A beleza pode ainda ser um dos seus pontos fortes, mas há muito deixou de ser o principal.
+1
À Deriva (2009)
Por Rodrigo de Oliveira
O título À Deriva não poderia estar em maior sintonia com os personagens deste belo e melancólico longa-metragem dirigido por Heitor Dhalia. No filme, conhecemos a família da jovem Felipa (Laura Neiva). Em férias na paradisíaca ilha de Búzios, a menina começa a desfrutar os prazeres da juventude, no seu despertar para a adolescência, ao mesmo tempo em que descobre um fato que lhe tira o chão debaixo dos pés: seu pai, o escritor Mathias (Vincent Cassel), está traindo sua mãe, Isabel (Débora Bloch) com uma garota mais jovem (Camilla Belle). Esta pequena sinopse pode fazer o espectador pensar que não existe nada de novo neste filme. Felizmente, Dhalia cria um painel com tipos interessantes e densos, e nos convida para observar aquela família em ruínas. Em uma escolha acertada, não existem vilões em À Deriva. Vemos apenas pessoas que foram pegas pela maré, arrastadas pela corrente e que, agora, basicamente, tentam como podem manter-se à tona. Cauã Reymond, em participação especial, vive um barman que fisga os olhares da jovem Felipa, naquele momento em que a adolescente desperta para seus desejos. É um papel pequeno, mas bem desempenhado pelo ator, que teve em 2009 um ano cheio de convites para a telona.
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