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5+1 :: Christian Bale

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Christian Bale não tem medo de atuar. Principalmente, de mudar seu físico de acordo com seus personagens. Se for preciso, ele emagrece ou engorda. Vira uma torre de músculos ou exibe uma pancinha. O certo é que o intérprete é um dos mais confiáveis em suas escolhas na carreira, recheada de títulos dignos de nota.

Quando tinha treze anos já chamou a atenção do público e da crítica por sua atuação em O Império do Sol (1987), de Steven Spielberg. O ator cresceu e soube selecionar a dedo seus trabalhos, entregando performances memoráveis seja em filmes “pequenos”, como Velvet Goldmine (1998) e Sonho de uma Noite de Verão (1999), até grandes produções como a trilogia do Batman de Christopher Nolan e O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009).

Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante por O Vencedor (2010), Bale está de volta aos holofotes da maior premiação do cinema, desta vez indicado na categoria de Melhor Ator por seu trabalho na comédia policial Trapaça (2013). Além de estar em alta, o astro completa 40 anos no dia 30 de janeiro de 2013. Para comemorar, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores trabalhos – e aquele que merece ser lembrado, é claro.

 

Psicopata Americano (American Psycho, 2000)
Por Danilo Fantinel

Muito se comenta sobre as modificações físicas de Christian Bale para interpretar seus papéis, mas nem sempre é lembrado o exercício intelectual do ator para moldar seus personagens. Em Psicopata Americano, ao mesmo tempo em que exibe o corpo apolíneo típico da geração saúde oitentista, o ator apresenta relevo psicológico suficiente para materializar Patrick Bateman, um executivo com grave psicopatia, obcecado pelo sucesso em Wall Street e entorpecido pela constante pulsão de morte – ritualizada em surtos homicidas dionisíacos, nos quais exorciza (ou louva) seus demônios sem nutrir culpa. Bale cria uma personalidade fria, delimitando seu yuppie egocêntrico, irônico e competitivo a partir do texto ácido inspirado na obra de Bret Easton Ellis, na impostação de voz e na postura altiva, posicionando Bateman entre o elegante e o deplorável. Além disso, o ator explora uma diversidade de olhares gélidos que prenunciam explosões incontroláveis de fúria assassina direcionada a colegas, concorrentes, mendigos, prostitutas, imigrantes e toda gente sem valor com quem é obrigado a conviver. Bale acerta em cheio ao representar Bateman conectado com seu mundo, mas descolado de quaisquer valores morais – ou, pior, inserindo-se acima deles.

 

O Operário (The Machinist, 2004)
Por Renato Cabral

Em perfomance badalada pela mudança física que refletia uma extrema magreza em O Operário, Christian Bale apresenta a grande atuação de sua carreira. E não só pela questão corporal, mas também pelas nuances que entrega ao protagonizar uma história repleta de referências ao expressionismo alemão. Trevor, um trabalhador industrial que não dorme há um ano, começa a duvidar de sua própria sanidade mental. O diretor Brad Anderson ficou chocado quando Bale apareceu no primeiro dia de filmagem com o visual decrépito do personagem. Ele não esperava que o ator conseguisse perder tanto peso. A dieta do ator consistiu também em fumar muito, pois mascarava seu apetite. Resultado? Algumas boas indicações e prêmios. Infelizmente, sem alcançar o Oscar ou Globo de Ouro. Uma verdadeira injustiça.

 

O Grande Truque (The Prestige, 2006)
Por Yuri Corrêa

Este é um filme sobre mágic… Não! O Grande Truque é um filme sobre cinema. Sim, e seus protagonistas, poderiam ser dois diretores – gosto de pensar neles como Hitchcock e Kubrick, puramente lógicos e visceralmente evocativos, enfrentando-se. Christian Bale e Hugh Jackman são dois homens que, de certa maneira, inspirados por suas musas, buscam o show perfeito, embora para conquistar tal, precisem esconder-se nas sombras e receber os aplausos sob o palco. É verdade, o filme possui também uma trama intrincada e outras demais qualidades que poderíamos ressaltar, mas prefiro enxergá-lo assim, como a declaração de amor ao cinema do diretor Christopher Nolan, e que como uma redigida por este, é puramente lógica e racional, mas nem por isso menos impactante. Ao fim do filme, o personagem de Jackman diz ao de Bale o que na verdade é Nolan dizendo a nós: “se você consegue enganá-los, mesmo que por um segundo, deixá-los maravilhados, então você tem ali algo especial (…) era o olhar no rosto deles…”. O longa poderia falar sobre qualquer tipo de artista, na verdade, já que por mais egoísta que possa parecer, no fim das contas, todos procuram pelo mesmo tal prestígio do título original.

 

Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)
Por Rodrigo de Oliveira

Ao pensar em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), grande parte do público lembra (e com toda a razão) da performance extraordinária de Heath Ledger como o Coringa, arqui-inimigo do herói encapuzado. Esquecer da belíssima atuação de Christian Bale como Bruce Wayne/Batman é um erro comum. Ainda assim, um erro. Já em Batman Begins (2005) o ator convencia como herói e como o homem por trás da máscara. Ao criar uma espécie de voz bestial para Batman, diferenciando o engomado ricaço com o ameaçador justiceiro, o ator acertava em cheio na composição. No segundo filme da trilogia, Bale amadurece sua performance como o homem-morcego e é ajudado pelo fato de não precisar explicar suas origens como no filme anterior, podendo entrar em ação de forma mais rápida. Ledger pode roubar muitas cenas como o perigoso Coringa, mas Bale mantém sua presença forte, fazendo uma dobradinha incrível com seu colega. A trama do filme, pendendo mais para um thriller policial do que um blockbuster de verão, elevou os padrões para as franquias heroicas, muito pelo escopo da produção assinada por Christopher Nolan. Bale ainda viveria o herói em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), fechando em alta a trilogia do homem-morcego.

 

O Vencedor (The Fighter, 2010)
Por Dimas Tadeu

Engordar, emagrecer, ficar feio, ficar lindo… As mudanças físicas, às vezes quase cirúrgicas, são marca registrada na forma como Christian Bale constrói seus personagens. No entanto, o ator, naturalmente bonitão, chegou a um de seus extremos em O Vencedor, filme que lhe rendeu inclusive um Oscar de Ator Coadjuvante. Ao encarnar um personagem viciado em drogas, Bale emagreceu e, com a ajuda de maquiagem, teve dentes e pele deformados. Sobre essa carcaça, o ator criou um personagem ao mesmo tempo deletério e cativante. Se por um lado seu Dicky era destrutivo e perigoso, por outro era ele o responsável por treinar e fazer brilhar o irmão boxeador. A performance apenas cresce na medida em que o “mundo de fantasia” do personagem cai por terra e Bale brilha numa das maiores atuações de sua vida.

 

+1

Os Indomáveis (3:10 to Yuma, 2007)
Por Marcelo Müller

O western é um gênero de saudosistas. Infelizmente, o tempo se encarregou de enfraquecer o interesse do público por esse tipo de filme onde a vida está sempre em risco e onde os bravos e os covardes andam igualmente armados. Portanto, o western hoje vive de exceções, de cineastas que promovem à revelia dos prognósticos comerciais pessimistas o verdadeiro ato político de resgatá-lo. James Mangold fez em 2007 um filme que, a despeito de suas qualidades, passou quase despercebido, praticamente apenas empatando custos e ganhos. Refilmagem de Galante e Sanguinário (1957), por sua vez, baseado numa história de Elmore Leonard, Os Indomáveis tem como protagonistas o rancheiro Dan Evans (Christian Bale), em vias de perder sua propriedade por conta de dívida, e Ben Wade (Russell Crowe), bandido perigoso recém capturado e que precisa ser transportado até o trem com destino à prisão de Yuma. Mirando a recompensa, Evans se voluntaria para a perigosa missão. Além de muito bem filmado, Os Indomáveis tem um ótimo duelo de interpretações. De um lado o ardil incorporado por Crowe e, de outro, a honra personificada por Bale.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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