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5+1 :: David Fincher

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Quando começou sua carreira dirigindo videoclipes para artistas como Paula Abdul, Aerosmith e Madonna, talvez David Fincher tivesse o desejo, mas nem imaginava que seria um dos cineastas mais interessantes dos anos 1990 e 2000. Com uma filmografia densa, tanto pelas primeiras obras-primas, como Seven: Os Sete Pecados Capitais (1995) quanto Clube da Luta (1999), até os mais recentes e oscarizados O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e A Rede Social (2010), o diretor e produtor é uma das figuras mais seguras no que se confere ao estigma de bom cineasta. Dele e de suas produções sabe-se que algo interessante vai sair.

Brincando com a câmera desde os oito anos de idade, David Fincher quase voltou ao mundo da música com a má sucedida experiência de Alien³ (1992), seu primeiro longa-metragem. Por sorte, ele não ficou muito tempo fora de Hollywood. E como ele completa 51 anos no dia 28 de agosto de 2013, a equipe do Papo de Cinema comemora o aniversário com seus cinco melhores filmes – e aquele que merece ser revisto.

 

Seven: Os Sete Pecados Capitais (Seven, 1995)
Por Rodrigo de Oliveira

Pode-se dizer que os gêneros suspense/policial/thriller nunca mais foram os mesmos depois da estreia de Seven: Os Sete Pecados Capitais, em 1995. Podia ser apenas mais uma história de um serial killer caçado por dois detetives. Mas a trama, assinada por Andrew Kevin Walker, ia muito mais a fundo do que os thrillers usuais, embrenhando-se na personalidade dos protagonistas e na doentia psicopatia do vilão, que seguia os sete pecados capitais para “ensinar” suas vítimas. Com um elenco encabeçado por Morgan Freeman, vivendo o cansado detetive Somerset, e Brad Pitt, interpretando o obstinado jovem policial Mills, Seven chama a atenção pelas boas atuações, pelo clima claustrofóbico (a chuva interminável, os ambientes carregados e escuros) e pelo desenrolar da trama, nunca previsível. O final, inclusive, é um dos mais corajosos e surpreendentes da Hollywood dos anos 90. Um exemplar perfeito da brilhante carreira de David Fincher, um diretor de vídeo clipes e comerciais que se transformou num dos cineastas mais interessantes de sua geração.

 

Clube da Luta (Fight Club, 1999)
Por Marcelo Müller

A regra principal do clube é nunca falar a respeito dele. Essa necessidade de segredo justifica-se pela subversão contida nos combates corporais cujo efeito é extravasar as angústias e tensões do dia a dia dominado por grandes corporações, e o cada vez mais acentuado achatamento do homem ante a configuração capitalista da contemporaneidade. Jack (Edward Norton) é cria desse mundo caótico. Jovem executivo da área de seguros, ele passa a incomodar-se com a mediocridade de sua vida pequeno-burguesa, sofrendo de insônia crônica. Como paliativo, frequenta grupos de autoajuda para deparar-se com gente dona de miséria além da sua. Encontrando pessoas, a priori, mais ferradas, imagina abrandar sua própria dor de ser. Então ele conhece Tyler (Brad Pitt), anárquico idealizador do clube clandestino de luta, versão extremista de sua própria personalidade. David Fincher vale-se do romance de Chuck Palahniuk para radiografar a realidade deformada pelo consumismo selvagem, onde os bens adquirem status de atributos de poder. Diversas frases do filme grudaram no imaginário cinéfilo, mas nenhuma parece definir o longa com tamanha concisão quanto: “As coisas que você possui acabam possuindo você“.

 

Zodíaco (Zodiac, 2007)
Por Conrado Heoli

Consagrado pelo visual singular de seus vídeos musicais e pela violência visceral nos filmes Seven: Os Sete Pecados Capitais (1995), Clube da Luta (1999) e O Quarto do Pânico (2002), David Fincher ingressou no rol dos cineastas norte-americanos mais inventivos tão logo começou a fazer cinema. Quando apresentou Zodíaco e foi indicado à Palma de Ouro em Cannes, seu prestígio foi além: o thriller quebrou paradigmas do gênero e ainda hoje é apontado como um dos melhores suspenses policiais contemporâneos. Situado em São Francisco entre os anos de 1969 e 1991, a obra é baseada numa chocante série de assassinatos que nunca foi solucionada, creditada ao enigmático Assassino do Zodíaco. Baseado no livro de Robert Graysmith, David Fincher reconstitui o período com frieza e maestria, enfatizando personagens realistas numa era pré-tecnológica e ainda extremamente machista. Jake Gyllenhaal, Robert Downey Jr. e Mark Ruffalo encabeçam um elenco afiadíssimo, ideal para a narrativa proposta por Fincher e o roteirista James Vanderbilt, que descarta quaisquer habituais e inconvenientes reviravoltas que facilitam a sessão do espectador. Zodíaco é uma obra madura, com timing perfeito e irretocável em técnica e estética. Talvez o magnum opus de seu criador.

 

A Rede Social (The Social Network, 2010)
Por Matheus Bonez

A filmografia de David Fincher é recheada de produções polêmicas, não exatamente pelo conteúdo explicíto de forma gráfica, mas sim pelas discussões tomadas. Com A Rede Social o cineasta entrou no âmago da criação do Facebook e na cabeça de seu criador, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg). Fincher se mostra mais uma vez um mestre na direção de atores com um roteiro cheio de discussões que, se flertam muitas vezes com o movimento geek e as referências tecnológicas, também mostra que tudo não passa de uma grande empresa, como qualquer outra do mundo corporativista: recheada de rasteiras, sócios em brigas definitivas e um lucro absurdo. Ainda assim, sendo uma grande verdade ou não, um dos principais pontos da obra é discutir a ética e a humanidade de Zuckerberg, que se reflete através da grande pergunta: afinal, ele espera até hoje a aprovação da amizade solicitada de sua ex (e grande pivô da criação do Facebook, segundo o filme) Erica (aqui uma ainda desconhecida Rooney Mara)? Vencedor de três Oscar (Roteiro Adaptado, Montagem e Trilha Sonora), A Rede Social concorreu em outras cinco categorias, inclusive à principal. Pena que na categoria principal perdeu para o insosso O Discurso do Rei (2010).

 

Millenium: Os Homens que não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo, 2011)
Por Renato Cabral

Era inevitável que ao ser lançada a versão de Fincher para a primeira parte da série best-seller de Stieg Larson, Millenium: Os Homens que não Amavam as Mulheres, as comparações com a produção sueca de 2009, estrelada por Noomi Rapace, surgiriam. Apesar dos comentários condenando o americano por fazer uma versão um tanto limpinha e que transforma Lisbeth Salander em uma punk de boutique, assistimos a uma ótima realização em diversos aspectos e que demonstra o controle que o diretor possui da produção, que é perfeitamente integrada a sua filmografia, conversando com seus trabalhos anteriores. Mais do que uma refilmagem ou uma adaptação para as telas, Millenium é um filme de Fincher e encontramos lá os seus maneirismos, técnica (a edição, principalmente) e temáticas já exploradas (personagens introspectivos, trama de mistério, etc). Superior ou não à produção de 2009, não importa. Fincher nos apresenta aqui um de seus melhores trabalhos.

 

+1

Alien³ (idem, 1992)
Por Danilo Fantinel

David Fincher enfrentou pelo menos quatro desafios com Alien³: estrear em longas, lidar com a ditadura Fox, enfrentar a maldição das continuações e manter a qualidade das duas primeiras produções (se Alien é um clássico da ficção científica, Aliens elevou seu terror espacial à enésima potência). O cineasta não fez um filme essencial como seus antecessores – e até rejeitou a obra. Porém, Alien³ não é um fracasso. O longa materializou de forma eficiente pontos interessantes levantados pelo roteiro. Em um ambiente sombrio, debateu fé, exclusão social e segregação da mulher entre cenas de ação eletrizantes filmadas em um labirinto claustrofóbico. Além disso, levou a um novo patamar a tensa relação entre Ripley e a espécie alienígena que a persegue há décadas pelo cosmo – fato importante tendo em vista a mitologia da saga. No filme, a espaçonave da personagem cai em um planeta-prisão habitado apenas por criminosos agregados em uma seita. Junto com Ripley, a nave traz um alien, que caça todos. Novamente, a tenente lidera o contra-ataque, mas seu maior desafio está literalmente dentro de si. Para derrotar seu inimigo de vez e encontrar paz, Ripley decide dar fim a tudo – fim que dura apenas até o dispensável A Ressurreição (1997)…

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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