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5+1 :: Denise Fraga

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O Brasil tem força no cinema, ainda que tenha passado por momentos de crise, especialmente entre os anos 1980 e 1990. Por conta disso e da popularização da tv, as novelas e programas de entretenimento acabaram conquistando mais o público, tornando talentos como Denise Fraga conhecidos do grande público. Atriz completa, que entrega atuações acima da média seja em comédias ou dramas, no teatro ou nas telas, é um dos nomes mais reconhecidos na indústria cinematográfica pela versatilidade de seu talento. Vencedora de diversos prêmios dos festivais mais importantes do país (e até de fora do Brasil), ela é uma das escolhas favoritas dos diretores nacionais mais badalados. Completando mais um aniversário no dia 15 de outubro, a equipe do Papo de Cinema resolveu parabenizar seu talento escolhendo cinco de seus melhores trabalhos nas telonas – e mais aquele que vale uma conferida. Confira!

 

Por Trás do Pano (1999)
Boas parcerias podem se concretizar tanto na arte quanto na vida real. Mais ou menos como acontece com Denise Fraga e Luiz Villaça. A atriz e o diretor são casados há mais de vinte anos e já fizeram diversas parcerias, tanto no cinema quanto na televisão. E destes encontros artísticos, muito provavelmente o mais importante deles foi nesta comédia dramática ambientada nos bastidores do universo teatral. Aqui, ela aparece como uma jovem atriz que irá mexer com as convicções de um astro consagrado (Luís Melo), ao mesmo tempo em que se confronta com uma diva veterana (Ester Góes), promovendo uma interessante discussão sobre realidade e ficção. Este foi a estreia dele – os dois trabalharam juntos na tela grande pela terceira vez em De Onde Eu Te Vejo (2016), após terem se divertido com o simpático Cristina Quer Casar (2003) – e a primeira protagonista dela, em uma performance tão acolhedora e surpreendente que lhe valeu o troféu de Melhor Atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – o Oscar nacional – além de reconhecimentos nos festivais de Gramado, Cuiabá, Havana e Miami. – por Robledo Milani

 

O Auto da Compadecida (2000)
Baseado na obra de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida nasceu como uma minissérie em quatro capítulos na Rede Globo e, devido ao sucesso da empreitada, se transformou em um longa-metragem com o material daquele especial condensado em pouco menos de duas horas. Dirigido por Guel Arraes e com um elenco cheio de nomes graúdos, o filme é uma das mais deliciosas comédias lançadas no cinema nacional. Humor inteligente, bem dirigido e com ótimas atuações do elenco – com destaque óbvio para Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Os coadjuvantes também roubam a cena, como é o caso de Denise Fraga e a fogosa mulher do padeiro, Dora. No livro, a personagem tem certa importância, mas na versão em carne-e-osso ganha em dimensão com a atuação da atriz, que dá atitude para aquela mulher. De começo, tudo o que ela quer é que sua amada cachorrinha seja enterrada em latim pelo vigário da paróquia (Rogério Cardoso). Depois, bota as garrinhas de fora se engraçando para o lado de Chicó (Mello) e Vicentão (Bruno Garcia). Mas na hora do juízo final, suas reais intenções são reveladas ao marido padeiro (Diogo Vilela). Atuação digna de nota, como a de boa parte deste belo elenco. – por Rodrigo de Oliveira

 

Cristina Quer Casar (2003)
Conhecida por seus trabalhos como comediante na televisão, Denise Fraga é uma das mestres na arte do gênero. O que faltava para este talento ser reconhecido também pelo público que lota as salas de cinema era este romance que, a partir de um plot comum, traça um retrato de melancolia da sociedade brasileira. Afinal, a simplicidade move a história do longa, sem dar espaço para o riso fácil e escrachado, mas sim ao transformar situações corriqueiras em sorrisos do espectador. Cristina, personagem de Fraga, está naquele momento clichê da vida que todos já passaram alguma vez ou outra. Está desempregada, com dívidas até o pescoço e, é claro, solteira. Morando com a mãe, resolve procurar a agência de namoros de Chico (Marco Ricca), que também não está em sua melhor fase. Após uma lista de candidatos ela conhece Paulo (Fábio Assunção), um rapaz que perdeu a mãe e acha que um casamento vai resolver sua solidão. Com tipos de fácil identificação nas ruas, conquista o público sem precisar de piadas grosseiras e com o talento inegável de seu trio, acima de tudo de sua protagonista, que interpreta uma mulher absolutamente comum, com alguns leves tiques nervosos, mas engraçada por natureza. Atuação que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. – por

 

As Melhores Coisas do Mundo (2010)
Dirigido pela renomada cineasta Laís Bodanzky, As Melhores Coisas do Mundo faz jus aos melhores filmes de adolescente. Focando sua história em Mano (interpretado pelo carismático Francisco Miguez), jovem de 15 anos, o filme nos apresenta não só aos problemas pessoais que ele vem enfrentando, como a separação dos pais, Camila e Horácio (Denise Fraga e Zé Carlos Machado, respectivamente), mas também a situações mais do que comuns da adolescência, como os conflitos na escola. Todos podem ser grandes obstáculos capazes de derrubar qualquer jovem, mas é fascinante acompanhar como eles ajudam o o protagonista a se tornar um rapaz cada vez mais bacana, algo que Bodanzky trata com grande sensibilidade. Denise Fraga tem em Camila um papel relativamente pequeno, mas que se destaca pela presença sempre cativante da atriz e a forma com que ela encarna as preocupações que toda mãe tem com o filho, com quem tem uma relação de afeto muito forte, como se vê na cena em que ela e Mano extravasam suas irritações jogando ovos na parede de casa, naquele que é um dos melhores momentos deste belíssimo filme. – por Thomás Boeira

 

Hoje (2011)
Em seu quarto longa, a cineasta Tata Amaral aborda um dos temas mais caros ao cinema nacional, o período da ditadura militar. Baseado no livro “Prova Contrária”, de Fernando Bonassi, o filme narra a história de Vera (Denise Fraga), uma ex-militante política que acaba de se mudar para um apartamento no centro de São Paulo, comprado com a indenização recebida do governo pelo desaparecimento de seu marido durante a ditadura. Neste local ainda vazio, com um futuro a ser construído, Vera irá se defrontar com suas memórias mais dolorosas. Como deixa claro o singelo título do longa, Amaral direciona seu olhar para as marcas de um passado ainda hoje sentidas pela personagem principal. Tendo o antigo apartamento como único cenário, a cineasta impõe um estilo quase teatral à obra, extraindo sua força do texto e da atuação de Fraga. Seja em momentos mais intimistas ou na dinâmica com a figura fantasmagórica do marido – o uruguaio César Troncoso, sempre competente – a atriz transita com naturalidade pelos mais diversos estados emocionais (a fragilidade, o desespero, a solidão, a esperança) dando vazão total à sua veia dramática. Uma atuação marcante, que serve de alicerce para a mensagem contundente de Amaral. – por Leonardo Ribeiro

 

+1

O Signo da Cidade (2007)
Após anos afastado do cenário cultural brasileiro – após um autoexílio familiar nos EUA para estudos e aprimoramento profissional – o casal Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi voltaram à cena com este drama dirigido por ele e escrito e estrelado por ela. A atriz de beleza estonteante se revelou uma roteirista bastante sensível, generosa o suficiente para ocupar apenas parte da drama e abrindo espaço para colegas de elenco em uma história coral, com vários personagens vivendo suas dores e alegrias simultaneamente em uma São Paulo cinza e múltipla. Entre estes parceiros de cena está Denise Fraga, que dá vida à Lydia, uma mulher com um segredo que é, ao mesmo tempo, oponente, amiga e vizinha daquela vivida por Lombardi. Ela é a presença que oferece o equilíbrio a este segmento da trama, pois através dela percebemos o dilema da protagonista, a situação problemática do casal que vive ao lado de Malvino Salvador e o desenlace possível para seus personagens. Pode não ser seu trabalho mais marcante, mas vê-la distante do alívio cômico, assumindo de cara limpa uma figura problemática, com erros e acertos, só serve para aumentar o respeito conquistado como intérprete. – por Robledo Milani

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