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5+1 :: Dustin Hoffman

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Dustin Hoffman pode ser considerado um baixinho de sorte em Hollywood. Com 1,67m de altura, o ator já levou pra casa dois Oscar, cinco Globos de Ouros, quatro BAFTAs e um Emmy. Somados a outros prêmios, foram 61 vitórias e 36 indicações em uma carreira cinematográfica de quase 50 anos.

Nos últimos anos, Hoffman tem aparecido em filmes mais light, assim digamos, como a comédias românticas A Minha Versão do Amor (2010) e Tinha Que Ser Você (2008), além da dublagem nas animações O Corajoso Ratinho Despereaux (2008) e Kung Fu Panda (2008). Em 2012, inclusive, fez sua estreia oficial como diretor no filme O Quarteto, ampliando seu talento para novos patamares. Para comemorar o aniversário do ator no dia 8 de agosto, a equipe do Papo de Cinema lembra de seus cinco melhores filmes e, é claro, aquele que não deve ser esquecido. Confira!

 

A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967)
Por Conrado Heoli

God bless you, please Mrs. Robinson. Heaven holds a place for those who pray.” A melodia suave e letra quase inocente da música de Simon & Garfunkel ficou gravada na mente de muitos como o tema da relação tabu entre Ben Braddock e a inesquecível Mrs. Robinson em A Primeira Noite de um Homem. Diferente do que o título nacional adianta, o filme apresenta muito mais que a perda da virgindade de um rapaz ou a passagem da juventude para a vida adulta. Entre as sete indicações recebidas ao Oscar, A Primeira Noite de um Homem terminou com o prêmio de melhor direção para Mike Nichols, que em seu segundo longa-metragem apresentou um de seus mais memoráveis filmes, eternizado também nas atuações soberbas de Katherine Ross e Anne Bancroft. Mas quem surpreende é Dustin Hoffman, aqui em seu segundo trabalho para o cinema, num desempenho que ecoaria por toda a sua excepcional carreira. Adaptado por Nichols a partir do livro homônimo de Charles Webb, a produção toca em temas ainda hoje tão controversos quanto instigantes e funciona como uma comédia dramática satírica e o retrato pontual e muito crítico de uma época. Um dos inegáveis clássicos do cinema norte-americano.

 

Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men, 1976)
Por Thomás Boeira

Quando se pensa em corrupção, Watergate é algo exemplar. Um dos maiores escândalos da história da política norte-americana, tendo chegado ao ponto de causar a renúncia do então presidente Richard Nixon, o caso recebeu ampla cobertura da mídia, em especial da dupla de repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post. Após muita investigação, dois vieram a escrever uma matéria que desvendou boa parte dos mistérios de tudo o que aconteceu. E é esta investigação o centro da obra-prima Todos os Homens do Presidente. Uma verdadeira aula de ética jornalística, a obra comandada por de Alan J. Pakula traz Woodward e Bernstein como figuras com personalidades diferentes, mas que compartilham do mesmo profissionalismo, formando uma dupla inteligente e objetiva, que busca se ater aos fatos ao invés de distorcê-los para saciar ideologias. Dustin Hoffman tem em Carl Bernstein um de seus papeis mais magnéticos, criando um personagem ansioso, diferente do paciente Bob Woodward de Robert Redford, com quem tem uma dinâmica absolutamente perfeita, o que obviamente acaba sendo um ponto fundamental do filme. Assim, Todos os Homens do Presidente se estabelece como um dos grandes frutos de um tempo precioso de Hollywood.

 

Kramer vs. Kramer (1979)
Por Matheus Bonez

De um lado, a mulher (Meryl Streep) que abandonou o filho e o marido. Do outro, o homem rejeitado (Dustin Hoffman) que precisou lidar sozinho com a educação da criança por meses. Enquanto Meryl não retorna à tela para vermos o embate entre quem ficará com a guarda do menino (trazendo a velha questão à tona da mãe sendo preferida em detrimento do pai), é com o personagem de Hoffman que o público simpatiza. Não apenas por suas tentativas, mesmo que falhas no início, de ser o melhor pai do mundo. E seu Ted Kramer tenta de todas as formas até começar a conquistar o pequeno, na clássica calmaria antes da tempestade que estava por vir. Kramer vs. Kramer foi realizado em uma época onde homens que cuidavam da lida doméstica eram raros, bem como os responsáveis pela criação dos filhos. Ao humanizar tanto este personagem a ponto de torna-lo crível para quem está do lado de cá da tela, Hoffman mostrou, mais uma vez, porque é um dos melhores atores de sua geração. Não à toa que, entre os cinco prêmios que o filme ganhou no Oscar (incluindo Melhor Filme), um deles foi parar nas mãos do nosso homenageado. O primeiro de uma carreira que só decolaria mais desde então.

 

Tootsie (1982)
Por Renato Cabral

Indicado ao Oscar por Tootsie, Dustin Hoffman vivia aqui um dos ápices de sua carreira, que iniciou no começo dos anos 70 e se arrastou até o final da década de 80 com Rain Man (1988), se tornando um dos maiores atores americanos de todos os tempos. No filme dirigido por Sydney Pollack, Hoffman se traveste para retratar um ator de teatro desempregado, Michael Dorsey, que, depois de tantas frustrações na carreira, decide se vestir de mulher para conseguir o papel em uma novela. Com essa nova “identidade” e se autodenominando Dorothy Michaels, o ator se envolve em uma teia de mentiras criadas por ele próprio. Tudo só piora (ou melhora?) depois que sua personagem na telenovela vira um verdadeiro sucesso. Para completar, claro, ele se apaixona por uma colega, interpretada por uma jovem Jessica Lange. Tootsie é essa comédia leve e despretensiosa, trazendo uma direção ágil e enxuta de Pollack, que constrói cenas em que o franzino Hoffman se transforma em uma hilária e explosiva Dorothy, enfrentando não só as dificuldades da indústria do entretenimento, mas as que são impostas para as mulheres neste meio. Uma ótima atuação em uma produção também essencial aos que procuram analisar o gênero dentro do cinema. 


Rain Man
(1988)
Por Yuri Correa

Rain Man deu ao nosso homenageado o seu segundo Oscar de Melhor Ator no papel do autista Reymond. Contracenando com um ainda jovem Tom Cruise, Hoffman viveu aqui aquele que é provavelmente o seu mais lembrado personagem, na trama que conta a história de dois irmãos há muito separados e tem que conviver juntos novamente. Charlie tem que lidar com a condição pouco sociável do irmão enquanto arranja um jeito de tirar vantagem da de sua insuspeita inteligência aguçada. Dirigido com sensibilidade por Barry Levinson, cuja delicadeza se reflete na trilha tocante do sempre ótimo Hans Zimmer, o longa metragem é mesmo dominado pela performance de Dustin Hoffman, cuja entrega aos seus personagens é sempre elogiável, mas que aqui parece transcender este talento, conseguindo o feito de interpretar um personagem antissocial e paralelamente esbanjar uma química apurada com Cruise. Claro que muito de suas escolhas como ator tem claramente em vista sensibilizar o espectador em decorrência de sua vulnerabilidade, mas como acusar de maniqueísta um desempenho que, de fato, consegue arrancar este sentimento de seu público?

 

+1

Mera Coincidência (Wag the Dog, 1997)
Por Rodrigo de Oliveira

Porque o cachorro abana o rabo? Porque ele é mais esperto. Se o rabo tivesse essa vantagem, ele abanaria o cachorro.” Com essa frase curiosa e bastante irônica inicia o hilário Mera Coincidência (Wag the Dog no original, ou seja, abanando o cachorro), longa-metragem dirigido por Barry Levinson e com uma dupla inspiradíssima de protagonistas: Dustin Hoffman e Robert De Niro. O primeiro faz um produtor de Hollywood que é contratado pelo spin doctor vivido pelo segundo. A tarefa para o Midas do cinema? Conseguir convencer a população dos Estados Unidos que existe uma guerra acontecendo contra a Albânia para tirar o foco da opinião pública de mais um escândalo sexual do presidente em pleno ano eleitoral. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência, como vaticina o título em português do filme. Em performance indicada ao Oscar, Hoffman brilha como o empolgado e criativo produtor de cinema, um homem que pode colocar tudo a perder por não receber uma das principais moedas de Hollywood: o crédito. Comédia política inspirada, Mera Coincidência é para rir e pensar.

 

 

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