Nascido no dia 03 de abril de 1961, Eddie Murphy é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores astros de Hollywood – veja bem, independente de sua raça e/ou etnia. Pois se formos por esse viés, certamente ele ocuparia um espaço privilegiado de destaque ao lado de nomes como Sidney Poitier, Denzel Washington e Will Smith, entre poucos outros, como um dos maiores atores negros do cinema mundial. Tendo seu nome presente em mais de cinquenta filmes e produções para a televisão, é um sucesso de público com várias franquias no currículo – Um Tira da Pesada (1984, 1987 e 1994), 48 Horas (1982 e 1990), O Professor Aloprado (1996 e 2000), Shrek (2001, 2004, 2007 e 2010) e Dr. Dolittle (1998 e 2001) – e mais de US$ 6,6 bilhões arrecadados nas bilheterias de todo o mundo! Indicado ao Oscar e ao Bafta, já ganhou o Globo de Ouro, o Critics Choice, os prêmios da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e do Sindicato dos Atores além, é claro, de algumas temidas Framboesas de Ouro pelo caminho. Por isso tudo, Eddie Murphy é o aniversariante do mês no Papo de Cinema, e em sua homenagem escolhemos e comentamos aqui seus cinco melhores trabalhos, além de apontar mais um especial. Confira!
Os espectadores mais jovens não fazem ideia da dimensão do fenômeno Eddie Murphy nos anos 1980 e 1990. Egresso dos shows de comédia, ele foi uma das estrelas do programa de televisão Saturday Night Live, cuja tradição em revelar grandes comediantes serviu de chancela. Não demoraria muito para o então jovem ingressar no cinema. Foi interpretando Axel Foley no filme dirigido por Martin Brest que ele conquistou os adeptos das telonas. Seu protagonista é policial em Detroit, um lugar essencialmente barra pesada. Depois da morte de um grande amigo, ele parte para a ensolarada Beverly Hills, levando consigo toda a sua irreverência e a disposição para torcer as regras rígidas da polícia local, desde que isso represente êxito na investigação. Murphy facilmente ganha a plateia, em virtude de seu carisma e da maneira inteligente de compor um protagonista por quem desenvolvemos simpatia praticamente imediata. As partes mais engraçadas ocorrem quando Foley interage com dois policiais locais, os certinhos Billy Rosewood (Judge Reinhold) e Taggart (John Ashton). Foley representa a quintessência do extenso trabalho cinematográfico Eddie Murphy, por condensar, como nenhum outro personagem, o que de melhor ele tem a oferecer, sobretudo em termos de timing cômico. – por Marcelo Müller
Na década de 1980, Eddie Murphy parecia simplesmente não errar no cinema. Depois do sucesso de 48 Horas (1982) e dos dois Um Tira da Pesada (1984, 1987), o ator estrelou uma de suas comédias mais bem-sucedidas, baseada em uma ideia original do próprio astro. Neste filme, dirigido por John Landis, Murphy é o príncipe Akeem, um sujeito que tem tudo ao seu alcance em sua terra natal, Zamunda, mas que deseja ver o mundo antes de herdar o trono. Em Nova York, ao lado de seu amigo Semmi (Arsenio Hall), ele decide viver uma vida de menos luxo e, assim, encontrar uma mulher com quem se apaixone – e que goste dele por quem ele realmente é. O choque de culturas proposto pelo roteiro é hilariante e rende as melhores piadas do filme. Acostumado a viver diversos personagens no humorístico Saturday Night Live, no qual estrelou entre 1980 e 1984, Murphy resolveu fazer o mesmo aqui, se transformando em vários personagens coadjuvantes na clássica cena da barbearia. Isso acabaria sendo o embrião para algo que ele viria a fazer mais vezes no futuro, como em Um Vampiro no Brooklyn (1995) e, com mais sucesso, em O Professor Aloprado (1996). – por Rodrigo de Oliveira
Um dos primeiros filmes em que Eddie Murphy interpreta metade dos personagens do roteiro, conta a história de Klump, um professor universitário simpático e trapalhão, mas sem sorte com as mulheres, que sofre com o preconceito por ser obeso, apesar de seu enorme conhecimento. Quando começa a ser bem tratado por uma bela professora, resolve usar um experimento ainda em testes, que visa emagrecer as pessoas imediatamente, e consegue ficar magro. Ele se transforma em Eddie, um rapaz charmoso, mas do tipo pretensioso e arrogante, que se acha irresistível. Klump, então, passa a conviver com sua vida dupla e as consequências do ato e do produto. Obviamente, a fórmula dura pouco tempo, e várias situações engraçadas ocorrem por isso. O filme, remake do homônimo de 1963, com Jerry Lewis, é muito divertido e bom no geral, com uma direção que oferece destaque às ótimas atuações de Eddie Murphy, que chama atenção principalmente por conseguir criar um excelente personagem debaixo de tanta maquiagem, ao mesmo tempo em que consegue ser tão desagradável como ele mesmo. – por Gabriel Pazini
Neste longa de Frank Oz, Eddie Murphy teve uma de suas últimas grandes atuações cômicas, dividindo a tela com outro ícone da comédia oitentista: Steve Martin. A trama acompanha Bobby Bowfinger (Martin), produtor/diretor cinematográfico à beira da falência que, em sua última cartada, elabora um insólito plano para rodar uma ficção científica B, tendo como protagonista o astro de ação Kit Ramsey (Murphy) sem que este saiba que está sendo filmado. Para isso, Bowfinger conta com a ajuda de sua fiel equipe, que inclui Jiff (novamente Murphy), irmão gêmeo de Kit. Oz apresenta uma ácida sátira metalinguística à indústria hollywoodiana, repleta de tiradas hilárias e extremamente inteligentes, na qual Murphy novamente ganha espaço para interpretar mais de um personagem. Como Kit, o ator encarna um astro egocêntrico e paranóico, com toques de autoparódia, brincando com as crenças peculiares – como a Cientologia – de diversas estrelas do cinema. Já na pele de Jiff, ele exibe mais intensamente sua habilidade para transformações físicas, desta vez com pouco auxílio de efeitos de maquiagem – apenas usando um aparelho ortodôntico e óculos – compondo uma figura apatetada e inocente, responsável por algumas das melhores cenas do longa, como aquela em que é obrigado a atravessar uma movimentada rodovia. – por Leonardo Ribeiro
Esse musical de Bill Condon foi tratado, desde o momento em que entrou em produção, como potencial papa-Oscar, e, de seu elenco, nenhum outro nome surgia tão forte como candidato e provável vencedor da estatueta da Academia quanto Eddie Murphy. Afinal, o comediante, então já há alguns anos sem estrelar nenhum grande sucesso, dava aqui um passo adiante na sua carreira, ao viver James “Thunder” Early, astro da música em decadência viciado em heroína. E Murphy, de fato, é a melhor coisa do longa, construindo o personagem mais complexo, interessante e comovente da narrativa, e acabou indicado com justiça ao Oscar de melhor ator coadjuvante. No entanto, foi derrotado por Alan Arkin, de Pequena Miss Sunshine (2006), saindo visivelmente frustrado da festa. Derrota que, aliás, ecoou o desempenho abaixo do esperado do filme de Condon como um todo na temporada de prêmios. De qualquer forma, essa continua sendo uma das melhores atuações de Murphy, reveladora de um talento dramático que, infelizmente, não voltou a ser explorado por ele em sua carreira. – por Wallace Andrioli
+1
Logo após o lançamento da animação, o protagonista virou mania entre crianças e adultos por subverter algumas regras dos contos de fada ao se apresentar como um herói fora dos padrões dos príncipes encantados. Mas o que seria do ogro verde e grandalhão se não tivesse ao seu lado o alegre Burro Falante? Murphy trouxe para o personagem seu humor e até um pouco da sua personalidade pois, quem viu a animação com a dublagem original, não consegue mais dissociar a voz do ator da carinha sorridente do melhor amigo de Shrek. Entre os muitos momentos inesquecíveis de Burro no filme, os mais lembrados são sua insistência para iniciar uma amizade com o ogro, com direito a musiquinhas irritantes e uma camaradagem exagerada, e o primeiro encontro com a dragão que guarda a torre da princesa Fiona e que depois acaba se apaixonando por ele. – por Bianca Zasso