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5+1 :: Ethan Hawke

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Ethan Hawke é daqueles poucos atores que conseguiram se destacar como adulto após uma breve passagem de sucesso como astro mirim. Em 2015 ele completa exatos 30 anos de carreira no cinema, com 16 prêmios e 96 indicações, sendo quatro destas lembradas no Oscar (duas por atuação e a outra metade como roteirista). De galã conquistador a pai de família, seu ar juvenil já encantou milhares de fãs ao longo de sua filmografia, que contrasta blockbusters de sucessos ao trabalho em produções independentes – estas, nas quais, ele se destaca mais, diga-se de passagem. Seu talento multifacetado já fez o ator não apenas interpretar como também dirigir colegas em filmes e videoclipes. Além de tudo, é conhecido por sua participação ativa na política norte-americana. Com tantos predicados em três décadas em frente ao público e com seu aniversário no dia 6 de novembro, a equipe do Papo de Cinema celebra a carreira do ator com a escolha de seus cinco melhores trabalhos e mais um que, mesmo quase esquecido, merece uma menção honrosa. Confira!

 

 

Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989)
Após despontar como estrela juvenil no inesperado sucesso Viagem ao Mundo dos Sonhos (1985), Ethan Hawke ficou alguns anos afastado das telas e voltou nesse oscarizado projeto dirigido por Peter Weir e estrelado por Robin Williams. Se o ex-comediante se arriscava como protagonista em um dos seus primeiros projetos dramáticos, coube ao jovem ser seu contraponto, marcando presença como líder de um grupo de alunos que tem suas vidas modificadas após entrarem em contato com um professor que pregava a criatividade pessoal e, acima de tudo, a liberdade de expressão. Os métodos revolucionários do mestre incomodavam pais e antigos mestres, mas mudaram para sempre as vidas desses alunos em busca de inspiração. Hawke é o elo entre um extremo e outro, é nele que o espectador se coloca, e seu olhar cândido, instigante e inocente se encaixa perfeitamente ao que a história pede, possibilidade essa identificação com a plateia. Quando a tragédia surge, levando a um final emocionante, será Hawke o primeiro a levantar de sua cadeira para bradar o lema “Capitão, Meu Capitão”, e na voz dele está o grito de angústia de todos nós, em ambos os lados da tela. Inesquecível e arrepiante! – por

 

Antes do Amanhecer (Before Sunrise, 1995)
A trilogia do Antes, como é conhecida, veio para estapear na cara todos aqueles que enchem a boca pra reclamar de filmes “sem trama”, que não apresentam conflitos, ou ao menos não aqueles com que estão tão amestrados a lidar pelo grande cinema de Hollywood. Richard Linklater criava com Antes do Amanhecer uma obra primorosa com duas pessoas reais em conversas naturais. Algo raro na lógica dos roteiros que servem a um desfecho planejado. Ao invés disso, somos apresentado a Jesse (Ethan Hawke) e Céline (Julie Delpy), que você ainda não sabe, mas serão seus melhores amigos. A parte ruim é que só nos encontraremos com eles a cada nove anos de suas vidas. Mais uma vez em Antes do Pôr-do-Sol  (2004) e outra no fantástico Antes da Meia-Noite (2013). Com cada continuação sendo pertinente a situação e experiências de vida do casal, a trilogia compõe um olhar intimista e honesto sobre as relações amorosas, encabeçada por dois articulados atores que são essenciais ao funcionamento de todo o projeto, graças ao seu entrosamento. Hawke, nesse ponto, faz um trabalho admiravelmente carismático ao criar em Jesse um eterno jovem que sobrevive a passagem dos anos. – por Yuri Correa

 

Dia de Treinamento (Training Day, 2001)
A maioria lembra deste filme por dois motivos que remetem a um nome: Denzel Washington. O primeiro por seu implacável personagem e o segundo, é claro, por seu Oscar pelo papel, que todos falam ser uma compensação pela performance em Hurricane: O Furacão (1999). Todos podem estar certos, mas o longa e  a própria atuação daquele ator não seriam nada sem a presença de Ethan Hawke como Jake Hyot. O jovem e honesto policial que quer entrar para o time da Narcóticos precisa passar pela aprovação de Alonzo Harris (Washington), experiente colega da equipe que mostra um diferente e podre mundo para o novato. É durante o tempo passado com Alonzo que Jake, ainda uma aprendiz que mal saiu às ruas, vai ter que compreender como viver no mundo das prisões por tráfico de drogas e decidir se quer seguir naquela vida, que fica numa linha tênue entre o bom trabalho e a corrupção. Se Washington está explosivo e monstruoso, Hawke é a bússola moral da história, entendendo e captando a essência do “bom mocismo” de seu personagem num belo contraponto ao colega de cena. E não tenha dúvidas: Hawke foi indicado aqui como Melhor Ator Coadjuvante no Oscar não porque âncora Washington, mas sim para fazer justiça com sua performance e, ao mesmo tempo, não bater com o favoritismo do premiado. – por

 

Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (Before the Devil Knows You’re Dead, 2007)
Neste filme de Sidney Lumet, Ethan Hawke interpreta o mais novo dos irmãos que arquitetam o assalto à joalheria dos pais. Pressionando por problemas financeiros, inclusive pela dívida da pensão alimentícia da filha cuja guarda encontra-se com a mãe, ele aceita o plano do primogênito vivido por Philip Seymour Hoffman, um executivo que vê a carreira desmoronar na mesma medida em que cresce sua dependência de drogas. Aparentemente simples, já que ambos conhecem o local, o esquema descamba para a tragédia, ocasionando a fúria vingativa do pai que, então, passa a caçar os próprios filhos. Lumet faz aqui um filme muito forte, no qual as contendas familiares são elevadas à máxima potência. O personagem de Hawke é um desajustado, desses irmãos que veem a irresponsabilidade punida severamente, o mais quebradiço e propenso à ruína. O ator transmite com muita eficiência o desespero e a fragilidade que acometem seu personagem. Submetido ao primeiro, aceita lesar os pais em seu benefício. Derrotado pela segunda, ele entra em parafuso e não consegue seguir sem culpa e remorso. Como numa tragédia grega, o destino dessa família é se autodestruir, com danos tanto para agressores quanto para agredidos. – por Marcelo Müller

 

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014)
Possuindo grande carisma e sendo capaz de imprimir humanidade a seus personagens, Ethan Hawke é um daqueles atores que é difícil não gostar de ver na tela. Tais características certamente devem ser percebidas por seu amigo e colaborador Richard Linklater, que encontrou nele o intérprete perfeito para encarnar o pai de Mason (Ella Coltrane), garoto que acompanhamos ao longo da jornada de 12 anos desenvolvida nesta obra-prima. Mais do que nos dar a chance de ver uma criança crescer, formar seu caráter em meio aos obstáculos que surgem no caminho e decidir que direção seguir na vida, o filme também nos mostra a evolução pessoal das figuras ao seu redor, aspecto que ajuda a obra de Linklater a ser ainda mais rica. Ver o pai de Mason começar como alguém que ainda parece estar tentando encontrar seu caminho e que, aos poucos, se torna uma figura com mais responsabilidades, sempre buscando ser aquilo que os filhos merecem, é algo interessantíssimo. E Hawke capricha em seu trabalho, que lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar. – por Thomás Boeira

 

+1

Viagem ao Mundo dos Sonhos (Explorers, 1985)
Esta produção dirigida por Joe Dante e estrelada pelos então estreantes Ethan Hawke e River Phoenix tem o mesmo DNA de filmes como Os Goonies (1985) e Deu a Louca nos Monstros (1987). O que falta é a popularidade – ou talvez o clima aventuresco – para que ele seja mais lembrado. Mais que uma aventura adolescente, o longa-metragem é uma ficção científica juvenil. Na trama, três jovens garotos descobrem uma espécie de partícula que viaja através de comandos digitados em um computador, descoberta esta feita enquanto dormiam. Curiosos a respeito da descoberta, eles constroem uma nave com sucatas e empreendem uma jornada inesperada, que os colocará em contato imediato com uma raça alienígena bastante curiosa. Ethan Hawke é o protagonista e já em tenra idade demonstrava talento para a atuação. Ele convence como um fanático por sci-fis da década de 1950 e sua curiosidade leva ele e seus amigos para lugares nunca antes vistos. Alguns cacoetes que ele apresenta hoje já podiam ser observados na época, como a forma de mexer no cabelo, por exemplo. O que só prova que Hawke mantém consigo aquele charme juvenil que o fez galgar degraus interessantes no cinema depois de adulto. – por Rodrigo de Oliveira

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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