Ele já trabalhou com cineastas de respeito, como Roman Polanski, Baz Luhrmann, Danny Boyle, Tim Burton, George Lucas, Bryan Singer, Steven Soderbergh, Ron Howard, Todd Haynes, Ridley Scott e Woody Allen. Já viveu personagens icônicos, como o drogado Renton, o jedi Obi-Wan Kenobi, o roqueiro Curt Wild, o apaixonante Philip Morris e até mesmo Jesus Cristo, no ainda inédito Os Últimos Dias no Deserto, que chega ainda neste ano aos cinemas. Foi indicado ao Globo de Ouro, ao Emmy, ao Goya e ao Screen Actors Guild Award, tem um MTV Movie Award na estante e dois Baftas, para lhe fazerem companhia. Ewan Gordon McGregor é um dos mais talentosos atores escoceses de sua geração – o maior astro desde Sean Connery – e parece lhe faltar apenas um Oscar para sua consagração. De família de artistas, começou cedo, com apenas 22 anos, e nestas mais de duas décadas sob os holofotes já apareceu nu diversas vezes, viveu vilões e heróis, estrelou desde sucessos campeões de bilheteria até obras cultuadas que pouca gente viu. E, no dia do seu aniversário, neste 31 de março, nós o homenageamos com seus cinco melhores trabalhos, além de indicar mais um que não pode ser esquecido. Confira!
O escocês Ewan McGregor já foi protagonista de musical, mestre Jedi (treinou nada mais nada menos que Darth Vader), escritor fantasma num thriller de Roman Polanski, par romântico de inúmeras estrelas de Hollywood, entre outros papeis que o colocaram numa posição de destaque. A colaboração com o cineasta inglês Danny Boyle no início da carreira foi essencial para a rápida ascensão do ator. Dois anos após chamar atenção em Cova Rasa (1994), interpretou Renton, um dos personagens principais da versão cinematográfica do cultuado livro de Irvine Welsh centrado numa geração aditivada de heroína. Narrador desiludido com o mundo em que os valores passam miserável e inexoravelmente pelo poder de compra, Rent tenta se adequar, luta para vencer o prazer de drogar-se, assim como procura desvencilhar-se dos parceiros. McGregor consegue passar à tela todo desespero existencial que rege esse jovem sem perspectivas, viciado na fuga da realidade que os preparados ilícitos proporcionam. Não fosse a vasta e eclética filmografia posterior, facilmente o ator ficaria estigmatizado por esse papel, sobretudo em virtude da importância dele como símbolo dos que viviam à base de uma mistura explosiva, cujos ingredientes eram a desilusão e as substâncias para aliviar pressões cotidianas. – por Marcelo Müller
No papel de Christian, um jovem escritor que tem o dom da poesia e se muda para um bairro boêmio em Paris, onde se apaixona pela mais bela cortesã da capital francesa, Ewan McGregor faz um par fenomenal com Nicole Kidman. O filme dirigido por Baz Luhrmann merece todos os aplausos. A direção de arte, o figurino, a edição e a trilha sonora são ótimos, assim como a direção do talentoso profissional e a forma como a história é contada, muito atrativa, simples e sem grandes invenções. Não à toa, foi premiada com os Oscars de Direção de Arte e Figurino, além de levar o Globo de Ouro de Melhor Filme e Melhor Atriz, ambas em Comédia ou Musical, além do prêmio de Melhor Trilha Sonora. No entanto, boa parte da magia também está na atuação fenomenal de McGregor, que dá o charme necessário a obra. A atriz, em um de seus melhores trabalhos, está um espetáculo, enquanto o ator dá um show. A sutileza com que ele constrói seu personagem e seu talento vocal rendem em uma atuação magistral, das melhores que já teve na tela grande – e merecidamente indicada ao Globo de Ouro. – por Gabriel Pazini
Em seus últimos trabalhos, Tim Burton não aparenta estar em uma onda criativa que renda filmes de destaque, o que é decepcionante considerando sua capacidade para fazer obras admiráveis e imaginativas como esta, que também traz uma bela atuação de nosso homenageado. A trama começa quando o jornalista Will Bloom (interpretado por Billy Crudup) volta para sua cidade-natal no Alabama ao descobrir que seu pai, Ed (Albert Finney), está com câncer. Ambos se distanciaram um do outro ao longo dos anos, já que Will não gosta da mania do pai de contar uma série de histórias absurdas sobre sua vida, nunca se atendo à verdade. Trazendo McGregor como a versão mais jovem de Ed, essas fábulas ganham vida com o grande senso estético de Burton, que cria uma narrativa poética que conquista o espectador com sua energia contagiante, ainda que às vezes tome direções pouco surpreendentes. McGregor capricha ao fazer do jovem Ed Bloom um personagem carismático, que claramente fica feliz por ter a chance de estar diante dos elementos fantásticos que compõem suas invenções contadas por sua versão mais velha, detalhe que certamente contribui para a simpatia do longa. – por Thomas Boeira
Eficiente em manter um clima claustrofóbico, temos aqui quase um exercício de gênero de Roman Polanski, que volta a por em prática dotes muito bem desenvolvidos nos brilhantes O Bebê de Rosemary (1968) e Chinatown (1974). Tratando também de uma investigação, o filme acompanha um escritor (Ewan McGregor) depois que ele é chamado para ser o redator-fantasma da biografia do ex-primeiro-ministro britânico (Pierce Brosnan), agora aposentado do cargo, enfrentando polêmicas e isolado em uma ilha nos Estados Unidos, cercado de muita segurança e uma paranoia constante. Algo que Polanski reforça ao contrastar a ilusória liberdade sugerida pelas grandes portas e janelas de vidro da mansão do político, que na verdade ou estão sempre trancadas, ou apenas mostram uma solidão que aprisiona todos ali dentro. E conforme o nosso protagonista avança em suas pesquisas sobre a vida do biografado, sempre com o cenho fechado de McGregor, cujo carisma é essencial para o tom da produção, maior parece ser o perigo que o cerca. Como se ele fosse o empregado que observa varrendo palha da entrada em meio ao vento que insiste em trazê-la de volta. A tensão acaba culminando em descobertas cinzentas como o céu e a fotografia do próprio projeto. – por Yuri Correa
Com roteiro de Simon Beaufoy, a trama deste longa-metragem comandado por Lasse Hallström parte de um ponto de partida um tanto curioso. Um rico sheik do Iêmen sonha em poder pescar salmões no seu povoado e, para tanto, pede ajuda ao governo britânico e do especialista Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor) para fazer isso acontecer. À contragosto, o doutor tenta ajudar, trabalhando ao lado da assistente do milionário, a bela Harriet. Adorável como sempre, Emily Blunt faz bem esse papel da namoradinha que tanto assistimos em comédias românticas. O filme, no entanto, é de McGregor como o certinho Jones, um homem que sofre com a síndrome de Asperger e que se apaixona pela moça. A química entre os dois existe, mas nem tanto como um amor arrebatador. Mais como uma amizade forte que vai crescendo com o tempo, virando um sentimento maior. Pela atuação, McGregor foi novamente indicado ao Globo de Ouro. Hallström é um especialista neste tipo de filme mais tenro e coloca a pesca de salmão do sheik como uma metáfora para a superação de adversidades, um exemplo de como podemos alcançar o impensável, bastando querer e agir. – por Rodrigo de Oliveira
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Este longa de estreia do cineasta Danny Boyle marcou também o início de uma parceria bem-sucedida com o ator Ewan McGregor, que renderia ainda dois outros trabalhos nos anos 1990. A trama gira em torno dos amigos Alex (McGregor), David (Christopher Eccleston) e Juliet (Kerry Fox), que resolvem alugar um quarto vago no apartamento em que vivem. Após diversas entrevistas com possíveis inquilinos, os três decidem pelo desconhecido Hugo (Keith Allen), mas logo o novo morador aparece morto, vítima de uma overdose, deixando entre seus pertences uma mala repleta de dinheiro que irá transformar a vida do trio. Através do humor negro e de uma narrativa ágil e estilizada, Boyle cria um suspense envolvente, que explora os limites das características mais obscuras do ser humano, como a ganância. Na pele de Alex, Ewan McGregor, apenas em seu segundo trabalho no cinema, consegue evidenciar todos os aspectos de sua personalidade dúbia. Mesmo com as atitudes moralmente condenáveis e o cinismo por vezes irritante do personagem, McGregor é capaz de apresentar uma atuação carismática, sendo responsável por boa parte dos melhores momentos cômicos do longa, que obteve um enorme reconhecimento de crítica e público, ajudando a alavancar a carreira do ator. – por Leonardo Ribeiro