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5+1 :: Faye Dunaway

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Apesar de ser um nome conhecido na história de Hollywood, a trajetória de sucesso de Faye Dunaway reinou muito mais entre o final dos anos 1960 e início dos 1980 do que as décadas seguintes. Não que a atriz fosse ruim, muito pelo contrário. O que talvez a tenha levado para uma série de escolhas equivocadas tenha sido um timing ruim com a ascensão de outras estrelas da época. Ainda assim, nada tira seu talento e importância na filmografia mundial. Sumida das telas desde 2010, sendo que cada vez mais a presença da atriz era escassa em produções dignas de nota, Dunaway retorna neste ano no thriller The Bye Bye Man. Ainda que seja uma produção de terror de baixo orçamento, quem sabe sua estrela volte a brilhar para continuarmos celebrando sua carreira? Enquanto isto não acontece, a equipe do Papo de Cinema celebra seu aniversário no dia 14 de janeiro com a escolha de cinco grandes títulos em que ela participa e mais um que foi mais do que injustiçado na época em que foi lançado. Confira!

 

Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde, 1967)
Para a surpresa de muitos na época de seu lançamento, Bonnie e Clyde fez não só um inesperado sucesso, mas também se revelou um marco no cinema norte-americano. A história do casal Bonnie Parker e Clyde Barrow (interpretados por Faye Dunaway e Warren Beatty), que no início da década de 1930 ficou famoso pelos crimes de roubo e assassinato que cometia, deu início a chamada Nova Hollywood. Este que foi um dos períodos mais ricos do cinema deixou um pouco para trás o conservadorismo que outrora impedia os filmes de abraçarem mais livremente aspectos como sexo e violência. E é um longa narrativamente excepcional, que nos faz simpatizar com a dupla de protagonistas mesmo que seus atos sejam reprováveis. Boa parte disso se deve ao carisma de Beatty e Dunaway, dupla que exibe uma química impecável em cena. Dunaway, aliás, estava a recém em seu segundo longa-metragem, mas já mostrava um talento inegável, algo que só viria a crescer nos trabalhos seguintes. Por interpretar Bonnie, a atriz recebeu sua primeira indicação ao Oscar e despontou rumo ao estrelato. – por Thomás Boeira

 

Movidos Pelo Ódio (The Arrangement, 1969)
A antepenúltima obra de Elia Kazan foi duramente criticada na época de seu lançamento, mas ganhou cada vez mais ares de cult ao longo dos anos. Na trama adaptada do livro do próprio cineasta, Kirk Douglas é Eddie, um homem aparentemente perfeito em suas escolhas profissionais e pessoais, tendo um trabalho bem sucedido, uma esposa companheira (Deborah Kerr) e várias conquistas materiais acima de muitos no status quo da sociedade da época. Porém, um belo dia ele resolve enfiar seu carro em uma caminhão para tentar se suicidar. Sem sucesso, ele fica preso em sua cama se recuperando e relembrando fatos que o levaram a fazer aquilo, desde sua relação com o pai (Richard Boone) até o caso extraconjungal com a colega da agência onde trabalha, Gwen. E quem dá vida a essa voraz femme fatale é ninguém menos que a nossa homenageada, que traz não apenas um ar sexy e dissimulado, como a partir disto mesmo mostra o controle que tem sobre os homens, especialmente o protagonista – e o próprio público, que não consegue tirar os olhos da atriz quando ela aparece em cena. Faye Dunaway rouba todos os momentos possíveis numa atuação magistral e que lhe valeu outros tantos convites que seguiriam na década seguinte, onde sua carreira decolou ainda mais. – por Matheus Bonez

 

Chinatown (1974)
As histórias sobre os bastidores deste filme de Roman Polanski já se tornaram verdadeiras lendas hollywoodianas, sobretudo as que tratam da relação conflituosa entre o diretor e a atriz Faye Dunaway. Felizmente estes desentendimentos não afetaram o resultado do último longa realizado pelo cineasta nos EUA. A trama ambientada na Los Angeles dos anos 30 acompanha o detetive particular Jake Gittes (Jack Nicholson), que ao investigar um corriqueiro caso de adultério descobre uma intrincada trama conspiratória envolvendo interesses políticos ligados ao abastecimento de água da cidade. Polanski realiza um belíssimo film noir, dando vida de forma magistral ao roteiro premiado de Robert Towne, que através de seus personagens complexos e reviravoltas surpreendentes apresenta um universo pessimista, expondo sem concessões os limites da sordidez humana. Se Nicholson está excepcional guiando o espectador com uma visão cínica sobre o caso, é sobre Evelyn Mulwray, personagem de Dunaway, que recaem os efeitos deste mundo moralmente deteriorado. Dunaway parte da postura enigmática típica das femme fatales para aos poucos transparecer toda a fragilidade da personagem, marcada pela relação destrutiva com o pai (John Huston). Uma transformação que culmina na revelação de um grande segredo em uma das cenas mais marcantes da carreira da atriz. – por Leonardo Ribeiro

 

Três Dias do Condor (Three Days of the Condor, 1975)
Vencedora do Oscar por sua atuação em Rede de Intrigas (1976), Faye Dunaway já havia concorrido ao maior prêmio do cinema mundial em duas ocasiões anteriores, a última por Chinatown (1974). Entre estes dois sucessos, ela apareceu como protagonista ao lado do galã Robert Redford neste thriller dirigido por Sydney Pollack. Típico filme de espionagem que se tornou clássico nos anos 1970, talvez pareça um pouco envelhecido visto agora, mais de quatro décadas após o seu lançamento, mas ainda mantém certo charme pelo dinamismo de sua trama e química entre os dois astros. Quando Redford, de uma hora pra outra, se torna alvo de uma conspiração que pode envolver altos escalões da CIA, a mulher que ele leva como refém em sua fuga – Dunaway – acaba se tornando sua única aliada. Muito da competência do longa está na relação que se desenvolve entre os dois. Bela como poucas vezes antes, a atriz constrói com eficiência uma mulher de atitude, que nunca se contenta no papel da vítima e aos poucos vai assumindo as rédeas do seu destino em tão inusitada situação. Como resultado, foi indicada ao Globo de Ouro, em um desempenho que marcou época. – por Robledo Milani

 

Rede de Intrigas (Network, 1976)
Este é um filme à frente do seu tempo. Sidney Lumet dirige um longa-metragem que critica de forma satírica os bastidores de um canal de televisão que tem apenas um objetivo: lucrar. Não existe um obstáculo ou valor ético que segure os executivos da rede de buscarem audiência para aumentarem suas contas bancárias. Na trama, o âncora do programa de notícias da rede UBS, Howard Beale (Peter Finch), sabe que seus índices de audiência estão cada vez mais baixos e, por isso, não durará muito tempo no ar. Um dia depois, Howard surta e aparece na televisão afirmando que cometerá suicídio dentro de uma semana, em pleno horário nobre. O colapso do âncora acaba dando mais audiência ao programa, fazendo com que os cabeças da rede o mantenham no ar por mais tempo. A principal defensora de Howard na TV é a ambiciosa Diana Christensen (Faye Dunaway), que tenta ajeitar a programação da rede com programas mais polêmicos – como o projeto The Mao Tse Tung Hour, mostrando um grupo terrorista cometendo atos ilícitos. Para ela, os fins justificam os meios e até assassinato é uma opção quando algo ou alguém se intromete em seu caminho para o sucesso. Ratings e shares são as palavras do dia e sua vontade de vencer é tamanha que nenhum relacionamento amoroso dura muito tempo. Assim, Dunaway entrega um retrato perfeito da obcecada e antiética executiva da UBS. Não à toa, recebeu o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta de Melhor Atriz por seu trabalho. – por Rodrigo de Oliveira

 

+1

Mamãezinha Querida (Mommie Dearest, 1981)
Detonado na época do seu lançamento e rendendo diversas vitórias no Framboesa de Ouro, Mamãezinha Querida é cotado como aquele bom filme ruim. Marcado pela atuação considera exagerada de Faye Dunaway, a produção envelheceu bem e hoje é considerada um filme cult com cenas e diálogos inesquecíveis para o público norte-americano. Adaptado da biografia de Christina Crawford, filha adotiva da clássica atriz Joan Crawford, a garota relatava os maus tratos em que passou. Hollywood, que de boba não tem nada, obviamente decidiu adaptar a histórias para as telas inicialmente com Franco Zefirelli dirigindo e Anne Bancroft estrelando. Como toda produção, houve a dança das cadeiras e Dunaway assumiu o posto máximo: retratar a aqui perturbada e alcóolatra Joan Crawford. A atuação de Faye é um delicioso ato kitsch. Melodramática e exagerada como Joan muitas vezes se mostrava, Faye em alguns momentos se perde na pele da atriz. Justiça seja feita, mas cabides de aço se tornaram emblemáticos depois desta performance.  Somente uma diva do cinema seria capaz de interpretar outra. – por Renato Cabral

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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