Cinebiografias costumam ter seus focos em vidas dramáticas, intensas e, algumas vezes, breves. Uma das maiores lendas do jazz, o saxofonista Charlie Parker, teve seu retrato nas telonas comandado por um fã curioso, empenhado em desvendar um pouco de sua alma. O cineasta Clint Eastwood dirigiu Forest Whitaker num dos papeis mais significativos da carreira do ator, oportunidade em que ele não se deixou levar por maneirismos ou porventura cedeu à tentação de imitar o músico, detalhe que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Seu talento fica claro nas cenas de conflito que envolvem a relação de Parker com a esposa, Chan Parker, interpretada por Diane Venora. Porém, como esquecer as sequências nos bares enfumaçados de jazz com seus letreiros em neon, onde Parker transformava os problemas emocionais em acordes incríveis? As dúvidas do que teria ocorrido com a carreira de Parker, que morreu precocemente de overdose de heroína aos 34 anos, não são o foco do filme, mas Whitaker imprime em sua interpretação a ideia de que a dificuldade de lidar com a própria vida interrompeu um futuro brilhante e privou o mundo de grandes composições. – por Bianca Zasso
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