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5+1 :: Garry Marshall

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Nascido no Bronx em 13 de novembro de 1934, o norte-americano Garry Marshall fez carreira muito frutífera na televisão, onde iniciou como roteirista de programas cômicos na década de 1960. Alçou voos mais altos na década seguinte, quando foi produtor e criador de séries como The Odd Couple (1970-1975), Happy Days (1974-1984), Laverne & Shirley (1976-1983) e Mork & Mindy (1978-1982), todas grandes sucessos nas telinhas dos Estados Unidos. Depois dessa bem-sucedida incursão na televisão, era chegada a hora de Marshall dar o pulo do gato e virar diretor de cinema.

Foram alguns bons trabalhos, como Nada em Comum (1986), com Tom Hanks e Jackie Gleason, e Amigas para Sempre (1988), com Bette Midler e Barbara Hershey, até alcançar o seu grande sucesso em Uma Linda Mulher (1990) – um dos campeões de bilheteria daquele ano, revelando para o mundo todo o talento da estrela Julia Roberts. Embora nunca tenha conseguido repetir o resultado nas bilheterias, Marshall assinou alguns bons títulos na década de 1990 e virada dos anos 2000 – destaque para o conto de fadas O Diário da Princesa (2001). Mais recentemente, acabou apostando por obras corais como Idas e Vindas do Amor (2010), Noite de Ano Novo (2011) e O Maior Amor do Mundo (2016), que giram em torno de datas especiais com elencos graúdos e tramas um tanto irregulares.

No dia 19 de julho de 2016, o cineasta norte-americano nos deixou aos 81 anos de idade, ainda muito ativo em sua profissão. O Papo de Cinema, em sua homenagem, compilou uma lista com os 5 trabalhos memoráveis do diretor – e mais um que merece uma olhada mais do que especial por parte do espectador. Confira!

 

Nada em Comum (Nothing in Common, 1986)
Garry Marshall era basicamente um profissional da televisão quando, na década de 1980, escolheu o cinema como nova casa. Depois de ter assinado o besteirol Médicos Loucos e Apaixonados (1982) e o romântico Flaming Kid (1984), o cineasta apostou na dramédia em seu terceiro título, Nada em Comum. Nele, o veterano comediante Jackie Gleason e o então rosto novo do gênero Tom Hanks contracenam como pai e filho em uma trama sobre família, amor e companheirismo – ou, na verdade, sobre a falta de tudo isso. O longa-metragem foi o último de Gleason, que já estava muito doente ao filmá-lo, e um dos primeiros a mostrar a versatilidade de Hanks, que aqui vive um publicitário mulherengo que precisa diminuir o ritmo para cuidar do velho pai. Com pitadas fartas de comédia, mas com peso no drama – solidão, distanciamento e o lado triste da velhice aparecem aqui sem rodeios – o longa-metragem não só mostrou um lado até então desconhecido daquele novo astro, mas também pode apresentar um viés mais dramático do sempre bem-humorado Garry Marshall. Agridoce na medida. – por Rodrigo de Oliveira

 

Amigas para Sempre (Beaches, 1988)
História sobre os fortes laços de amizade entre duas mulheres, CC Bloom (Bette Midler) e Hillary (Barbara Hershey), ao longo de suas vidas, este filme parte de uma jornada de aparentemente simples para tratar de temas como sororidade, amor e show business. As garotas se conhecem quando pequenas em um resort em Atlantic City. Enquanto uma busca dar certo como uma dessas crianças que cantam e dançam em concursos, a outra se mantém acomodada nos braços de sua rica família. O encontro entre as duas muda tudo, iniciando uma amizade que passa por altos e baixos, mas que se mantém forte até o último suspiro de vida. Garry Marshall consegue performances inspiradas de suas protagonistas tanto na fase mirim quanto adulta. Em uma de suas mais melodramáticas realizações, o diretor reúne uma equipe primorosa, incluindo uma trilha sonora composta por George Delerue (de O Desprezo, de Jean-Luc Godard). Vale destacar ainda as lindas canções que Midler interpreta como o hit “Wind Beneath My Wings“. Marshall inicia aqui uma característica que viria a ser sua marca: realizar filmes sobre mulheres que contrastam e ainda assim encontram uma harmonia no seu convívio e lutam por aquilo que acreditam. – por Renato Cabral


Uma Linda Mulher
(Pretty Woman, 1990)
O diretor Garry Marshall não era exatamente um novato quando levou às telonas esta trama, em muito semelhante à clássica história da Cinderela. Todavia, foi a partir dela que esse norte-americano nascido no Bronx atingiu o coração do público. De quebra, a então pouco conhecida Julia Roberts, protagonista do longa-metragem ao lado do tarimbado Richard Gere, foi alçada ao panteão cuja frequência só é permitida às estrelas de primeira grandeza do firmamento hollywoodiano. Uma comédia romântica de desempenho maiúsculo nas bilheterias, na qual um homem rico e cobiçado se apaixona por uma gata borralheira que sobrevive da prostituição do próprio corpo. Roberts ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Gere somou outro êxito numa carreira já devidamente sedimentada, fazendo às vezes do galã, um papel que lhe era confortável. Já Marshall, embora não tenha provocado posteriormente semelhante estrondo, passou a ser respeitado como um homem que sabia dialogar com o público, embora a crítica muitas vezes tenha feito objeções à sua inclinação por açucarar os trajetos de seus personagens. Goste-se dele ou não, ao construir esta fábula, Marshall marcou seu nome no imaginário cinéfilo. – por Marcelo Müller

 

Frankie & Johnny (Frankie and Johnny, 1991)
Logo após o incrível sucesso de Uma Linda Mulher (1990), que arrecadou quase meio bilhão de dólares em todo o mundo e conquistou uma indicação ao Oscar, houve uma grande pressão para que Garry Marshall entregasse mais uma comédia romântica nos mesmos moldes. O diretor, no entanto, preferiu seguir por outro caminho, ainda que não tenha abandonado a seara dos romances fora do comum. Ao reunir Al Pacino e Michelle Pfeiffer (que haviam formado um casal explosivo em Scarface, 1983), o cineasta optou pelo drama, colocando-os como dois solitários em uma grande cidade que, mais do que atração e sexo, buscam afeto e companhia. Johnny (Pacino), recém-saído da prisão, encontra emprego como cozinheiro em uma cafeteria, mesmo local onde trabalha a garçonete Frankie (Pfeiffer). Com um passado trágico e outras diferenças, os dois compõe uma história sensível, difícil em alguns momentos, mas nunca menos do que tocante. Ela foi indicada ao Globo de Ouro e Kate Nelligan, como a ex-esposa dele, concorreu ao Bafta. Mas nada disso teria sido possível se não fosse a condução discreta de Marshall, que mais uma vez mostrou sua humildade, preocupando-se apenas em abrir espaço para seu elenco brilhar. Um mestre, ainda que negasse tal posição. – por Robledo Milani

 

Simples Como Amar (The Other Sister, 1999)
Garry Marshall não era um diretor com obras muito profundas. Porém, ele tinha o dom de ser sensível com os mais variados tipos de público. Este longa é um exemplo. A narrativa da paixão entre Carla Tate (Juliette Lewis) e Danny (Giovanni Ribisi) é um conto de superação de barreiras e preconceitos, desta vez com um enfoque diferenciado: o casal tem deficiência cognitiva. E é justamente a mãe dela (Diane Keaton) que coloca diversos obstáculos para que os dois fiquem juntos. Não por maldade, mas por aquele amor de mãe que vai além com o medo do desconhecido, de como sua filha vai se virar no mundo. Aliás, ela consegue? Carla é superinteligente e tem uma independência maior que muitos adultos por aí. Pois o cineasta faz questão de ressaltar que a deficiência dela e do namorado é apenas um mero detalhe, que pode até trazer dificuldades, mas que não pode atrapalhar uma grande história de amor. Marshall ainda aproveita e lança uma irmã lésbica para tornar o tema ainda mais delicado. Tudo tratado de forma simples, emotiva e com aquele final de deixar qualquer um com o lencinho na mão. – por Matheus Bonez

 

+1

O Diário da Princesa (The Princess Diaries, 2001)
Realizado em uma atmosfera de festa, a adaptação do livro O Diário da Princesa para as telas trouxe mais que um papel divertido para a estrela Julie Andrews e a revelação de uma carismática Anne Hathaway. De certa forma, foi uma maneira de Garry Marshall se redimir depois do fiasco de críticas que recebeu com Noiva em Fuga (1999). Mesmo sem respaldo crítico e muito longe da perfeição, o filme sobre a garota comum que se descobre princesa de um reino distante encontrou seu nicho entre os fãs do gênero chick-flick e das comédias românticas juvenis. Com o sucesso da produção, vários estúdios foram atrás criar filmes na mesma linha como Tudo o que uma Garota Quer (2003), Um Príncipe em minha Vida (2004), A Filha do Presidente (2004) e Curtindo a Liberdade (2004). Se a realização de Marshall não conseguiu render uma continuação memorável, esse primeiro filme da série conseguiu moldar uma espécie de subgênero e atualizar o imaginário das princesas Disney. O diretor ainda repete com sucesso temas da sua filmografia como o deslocamento de seus personagens femininos e o equilíbrio que surge após encarar um mundo que as força a sair da zona de conforto. – por Renato Cabral

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