Nascido Jerome Silberman em 11 de junho de 1933, este talentoso ator, diretor e escritor viria a ser conhecido por um nome mais selvagem: Gene Wilder. Ele começou a fazer rir desde tenra idade, para entreter sua mãe adoentada. E, desde então, sempre perseguiu as risadas como um bálsamo para sua vida. Iniciou sua carreira nas telas em uma série de TV em 1962, Armstrong Circle Theatre, até estrear no cinemas em 1967, como coadjuvante do paradigmático Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Balas. Sua primeira chance de estrelar viria logo depois, com a estreia do diretor Mel Brooks: Primavera para Hitler – filme que lhe valeu sua primeira e única indicação ao Oscar por atuação, como Melhor Ator Coadjuvante. Com o cineasta, ainda faria os inesquecíveis Banzé no Oeste (1974) e O Jovem Frankenstein (1974), duas das melhores comédias daquela década – por esta última, também foi lembrado pela Academia, indicado pelo roteiro. Por falar em parcerias, com o ator Richard Pryor trabalhou em quatro longas-metragens, dois deles dirigidos por Arthur Hiller: O Expresso de Chicago (1976) e Cegos, Surdos e Loucos (1989). Mas o papel pelo qual ele será eternamente lembrado é do amalucado Willy Wonka em A Fantástica Fábrica de Chocolate, musical clássico lançado em 1971. Além de ator e roteirista, Wilder se mostrou um bom diretor e assinou sucessos como O Maior Amante do Mundo (1977) e A Dama de Vermelho (1981). Longe das telas desde 2003, Wilder se aposentou do cinema e da TV, mas tem lançado livros que podem aplacar de alguma forma a saudade dos fãs. Em seu aniversário, o Papo de Cinema reuniu seus críticos e escolheu cinco filmes inesquecíveis estrelados pelo astro – e mais um que, além de contar com sua atuação, também leva sua assinatura como diretor. Confira!
Primavera para Hitler (The Producers, 1968)
Pouco depois de debutar nos cinemas como coadjuvante em Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (1967), Gene Wilder estrelava seu segundo longa, o primeiro dirigido por Mel Brooks. Um trabalho que além de transformá-lo em um dos maiores nomes do humor norte-americano também iniciou uma parceria bem-sucedida com o cineasta, que renderia outros dois clássicos: Banzé no Oeste (1974) e O Jovem Frankenstein (1974). A trama apresenta o produtor teatral fracassado Max Bialystock (Zero Mostel), que ao lado do contador Leo Bloom (Wilder) coloca em prática o plano de produzir uma peça que seja um fracasso logo na estreia para embolsar todo o dinheiro investido. Para isso escolhem a adaptação do musical sobre o nazismo “Primavera Para Hitler”, mas as coisas não saem como planejadas. Brooks estreia com uma verdadeira obra-prima, que pavimentou o caminho para as comédias escrachadas e subversivas. Boa parte do sucesso do longa se deve à atuação de Wilder como Leo, que vai da timidez inicial ao completo descontrole, apresentando uma química perfeita com Mostel, também excelente. Esta dinâmica proporciona cenas antológicas, como a que Max joga um copo de água em Leo (“I’m hysterical!”) ou quando Wilder corre loucamente em volta de uma fonte. Impagável! – por Leonardo Ribeiro
A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka and the Chocolate Factory, 1971)
Johnny Depp pode ter feito um trabalho interessante como Willy Wonka no remake de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) dirigido por Tim Burton, mas a imagem de Gene Wilder interpretando o personagem no primeiro filme, lançado em 1971 e comandado por Mel Stuart, é difícil de ser ofuscada. A história todos conhecem: Willy Wonka é o dono de uma grande fábrica de chocolate e anuncia que distribuirá cinco bilhetes dourados entre seus produtos. Aqueles que os acharem terão a chance de fazer um tour pela fábrica. Entre os ganhadores está o jovem Charlie, que, pobre e humilde, se mostra diferente das outras crianças sortudas. Mas o que deveria ser uma visita tranquila a um lugar impressionante acaba surpreendendo quando pequenos desastres passam a ocorrer. Seja pelos números musicais ou pela forma como a trama tenta passar algumas lições, A Fantástica Fábrica de Chocolate entretém eficientemente. Mas boa parte disso se deve a performance irreverente e carismática de Gene Wilder, que mesmo criando em Willy Wonka um sujeito com um parafuso a menos, não esquece de dar a ele humanidade, em um trabalho que veio a ser um dos mais icônicos do ator. – por Thomás Boeira
Tudo O Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, Mas Tinha Medo de Perguntar (Everything You Always Wanted to Know About Sex, but were Afraid to Ask, 1972)
Só mesmo Woody Allen para começar ao som de Cole Porter um filme cômico sobre questões sexuais. A coletânea de episódios inspirados livremente no best-seller de David Reuben tem um pouco de tudo, de conversas existenciais (ou seriam pré-existenciais?) entre espermatozoides às dificuldades impostas por um cinto de castidade. Mas, provavelmente, o mais insólito de todos os fragmentos é mesmo o protagonizado brilhantemente por Gene Wilder. Ele vive um respeitado médico que tem a vida virada de cabeça para baixo pelo amor. Seu novo objeto de admiração é a ovelha de um paciente armênio. O texto afiado, que provoca constantemente a graça oriunda do absurdo, encontra um intérprete à altura em Wilder. É impagável a forma como ele passa do ceticismo inicial, comum aos homens da ciência, ao desejo incontrolável pelo animal. Uma das passagens mais hilárias, sem dúvida, é aquela que inicia com a chegada dos estranhos pombinhos no hotel e termina num “colóquio” pós-coito, como qualquer outro “normal” e corriqueiro. Esse personagem é um forte indício do talento de Wilder, comediante cujo trabalho vai muito além do marcante e excêntrico dono de certa fábrica de chocolates que o tornou mundialmente famoso. – por Marcelo Müller
O Jovem Frankenstein (Young Frankenstein, 1974)
Mel Brooks foi um diretor (hoje aposentado) que comandava com talento suas comédias, muita delas releituras de histórias famosas: como Robin Hood, Drácula, faroestes, musicais e a própria História do Mundo. Porém, de longe, o seu momento mais inspirado e, portanto, a sua obra-prima cinematográfica, permanece sendo este trabalho. E com Gene Wilder garantindo boa parte do sucesso dessa empreitada. Como um descendente do famoso médico que tentou reanimar um cadáver, o protagonista está decidido a dar continuidade ao trabalho de seu ancestral. Adequadamente caricato em sua performance corporal e facial, Wilder, ator versátil e que se confirmou como um talento para fazer rir, se aproveita da fotografia em preto e branco – que remete direto ao filme original do monstrengo – e incorpora os histrionismos de uma época em que era preciso demarcar as reações dos personagens, protagonizando momentos hilários como o jogo de mímica improvisado, e mais tarde, um show musical durante o clímax. Gene Wilder é muito beneficiado, claro, pela participação de Marty Feldman, que com seus olhos estrábicos e arregalados forma uma ótima dupla com o ator. – por Yuri Correa
Cegos, Surdos e Loucos (See no Evil, Hear no Evil, 1989)
Pouco provável que um filme como este fosse produzido atualmente. Por fazer graça com pessoas cegas e surdas, o longa-metragem seria visto como impróprio e, possivelmente, nunca visse a luz do dia. Ao assisti-lo nos dias de hoje, conseguimos notar algumas piadas fora de lugar, mas é inegável o talento da dupla Gene Wilder e Richard Pryor na construção daqueles personagens adoravelmente amalucados, que dão um jeito de fazer sua amizade dar certo mesmo com algumas adversidades. Na trama, um mal entendido coloca o surdo Dave (Wilder) e o cego Wally (Pryor) como testemunhas de um crime e só eles poderão ajudar na solução do caso. Essa foi a terceira dobradinha entre os atores, que desenvolveram incrivelmente bem sua química através dos tempos em filmes como O Expresso de Chicago (1976) e Loucos de Dar Nó (1980) – e a repetiriam uma última vez em Um Sem Juízo, Outro Sem Razão (1991). Com piadas certeiras, hilárias, e um charme todo especial, Wilder e Pryor conseguem transformar uma comédia que, em um primeiro momento, teria tudo para ser de mau gosto, em uma deliciosa obra cômica. De rolar de rir do começo ao fim. – por Rodrigo de Oliveira
+1
A Dama de Vermelho (The Woman in Red, 1984)
Gene Wilder é sinônimo de comédia de qualidade. Afastado das câmeras há tantos anos, é difícil alguém com menos de 30 anos lembrar ou até saber a genialidade do ator e diretor. Pois na sua mais bem sucedida produção em que desempenhou os papéis em frente e atrás das câmeras, o nosso homenageado mostra porque seu nome é tão lembrado quando se usa bons exemplos de comédias no cinema. Nesta refilmagem do francês O Doce Perfume do Adultério (1976), ele é Teddy, um homem casado que nunca traiu a mulher. Mas o desejo por uma misteriosa mulher de vermelho na já emblemática cena que reprisa Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado (1955) faz com que ele comece a mudar de opinião. Wilder é mestre em aproveitar seu já famigerado timing cômico sabendo dosar caretas e discussões levemente mais sérias. Ainda tem o suporte da bela Kelly Le Brock, em sua estreia no cinema, garantindo a sensualidade necessária sem cair na vulgaridade, e também a trilha de Stevie Wonder com clássicos como “I Just Called To Say I Love You”. Muito exibido nos bons tempos da sessão da tarde, mas que serve para qualquer hora do dia ou da noite. – por Matheus Bonez
Últimos artigos de (Ver Tudo)
- Top 10 :: Dia das Mães - 12 de maio de 2024
- Top 10 :: Ano Novo - 30 de dezembro de 2022
- Tendências de Design de E-mail Para 2022 - 25 de março de 2022
Deixe um comentário