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5+1 :: Geoffrey Rush

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Este australiano é um daqueles atores que demorou para ser reconhecido por seu talento. Começou a carreira na década de 1980, mas nunca teve grandes papeis de destaque. Foram mais de 15 anos entre seu primeiro filme e Shine: Brilhante (1996), que lhe lançou para o Oscar e o mundo. Desde então tem sido escalado para os mais diversos papeis, seja em dramas históricos, interpretando nomes reais icônicos da literatura e do cinema, intercalando seu trabalho na sétima arte com o teatro. Só no cinema já foram 47 prêmios, além de outras 63 indicações, o que só atesta seu talento. No dia 6 de julho, Geoffrey Rush completa mais um aniversário e a equipe do Papo de Cinema comemora com seus cinco melhores filmes – e mais um que merece destaque. Confira!

 

Shine: Brilhante (Shine, 1996)
Primeiro e único Oscar do nosso homenageado, o filme de Scott Hicks recebeu outras seis indicações ao grande prêmio da Academia, entre elas a merecida de Melhor Ator Coadjuvante para Armin Mueller-Stahl – fantástico -, e a de Melhor Filme também. Aqui conhecemos a história do pianista David Helfgott (Geoffrey Rush, em sua versão adulta), que fica com sequelas comportamentais depois de uma vida sob a pressão de executar perfeitamente uma difícil composição que o seu pai, rigoroso, lhe impunha. Tendo a primeira metade ocupada pelas lembranças da juventude de David (Alex Rafalowicz), Shine demora até nos levar à performance de Rush, que quando chega, torna-se o atrativo principal do longa-metragem. Dono de uma eloquência efusiva, o personagem segundo o ator é um homem que mantém seu talento insuspeito com seus modos carismáticos, porém não muito sociáveis. Encurvado, com a mãos penduradas e o olhar sempre baixo, é como se David tivesse ficado paralisado para sempre no banco de um piano. No entanto, Rush jamais deixa que o personagem se torne uma caricatura e insere traços de humanidade e grande inteligência em sua composição. – por Yuri Correa

 

Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love, 1998)
Logo após sair da condição de mero desconhecido para ganhar o Oscar de Melhor Ator por Shine: Brilhante (1996), Geoffrey Rush voltou a chamar a atenção em dois filmes ambientados quase que na mesma época, porém em registros completamente opostos: se em Elizabeth (1998) ele aparecia como um ardiloso conselheiro da Rainha da Inglaterra, nesta comédia dirigida por John Madden sua participação se resume mais ao de alívio cômico, como o agente teatral do icônico escritor que dá título ao longa. Muitos apostaram que seria sua atuação mais séria e intensa que despertaria maiores interesses, ao passo em que a outra serviria apenas como um passatempo bem-humorado. Ledo engano! No papel do atrapalhado e angustiado produtor, Rush recebeu suas segundas indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao Bafta (desta vez, porém, como Coadjuvante), revelando, com isso, uma nova faceta do seu múltiplo talento. Muito da empatia que esse sucesso conquistou junto ao público se deve à sua participação, servindo como contraponto à altura ao romance entre Shakespeare (Joseph Fiennes) e Viola (Gwyneth Paltrow). Será através dos seus olhos que acompanharemos os altos e baixos de um gênio em criação. Função, aliás, que o ator conhece como poucos. – por

 

Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills, 2000)
Geoffrey Rush abocanhou sua terceira indicação ao Oscar, a segunda como Melhor Ator, na pele do escritor que deu origem ao termo sadismo. Seu Marquês de Sade está preso no hospício Chareton e suas obras já eram proibidas na época em que o longa de Philip Kaufman se passa. De louco ele tem muito pouco, talvez apenas o fato de enfrentar as autoridades com uma cara de pau que dá gosto de ver. Leviano, sarcástico e, claro, sem nenhum pudor para palavras e sexo, o Sade de Rush é um personagem divertido e carismático, mas nem por isso menos intenso. Muito pelo contrário, ainda mais com a ajuda dos talentos de Kate Winslet e Joaquin Phoenix ao seu lado com personagens que colocam à prova muito do que é escrito por ele em seu estado de reclusão. Rush não é um homem fisicamente atraente, assim como acredito que o próprio Sade original não era, mas a sensualidade exala por ele através das palavras, algo que o ator capta muito bem e consegue passar para o público. E por ser quem é o interpretado, merece todos os aplausos possíveis. – por Matheus Bonez

 

A Vida e Morte de Peter Sellers (The Life and Death of Peter Sellers, 2004)
A vida do britânico Peter Sellers, um dos maiores gênios da comédia, foi levada às telas nesta produção da HBO, dirigida por Stephen Hopkins. Narrando sua trajetória artística, do início no rádio até seu último grande papel no cinema, em Muito Além do Jardim (1979), o filme também se dedica a retratar a personalidade complexa do ator longe dos sets. Conhecido pelo temperamento difícil, Sellers é mostrado como uma figura melancólica e depressiva, com sérios problemas de relacionamento com todos à sua volta. Da mãe dominadora, aos filhos, esposas e colegas de trabalho, ninguém parecia conhecer a verdadeira identidade de Sellers. Tudo isso é mostrado de forma competente pelo longa, que conta com um excelente elenco coadjuvante, como Charlize Theron (a atriz sueca Britt Ekland, segunda esposa de Sellers), John Lithgow (o cineasta Blake Edwards) e Emily Watson (Anne Sellers). Mas o maior acerto é a escalação de Geoffrey Rush no papel principal. O australiano consegue captar a essência de Sellers (humor, trejeitos, mudanças de temperamento), além de encarnar também seus papéis mais marcantes, como o Inspetor Clouseau de A Pantera Cor-de-Rosa (1963) e seus personagens em Dr. Fantástico (1964). Um trabalho desafiador que lhe valeu um Globo de Ouro, entre outros prêmios. – por Leonardo Ribeiro

 

O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2010)
O filme dirigido por Tom Hooper tem como protagonista um rei que não consegue expressar-se direito por conta da gagueira nervosa. Aos governantes não é permitido isentar-se de falar em público, sendo a eloquência um atributo necessário para transmitir confiança. Geoffrey Rush interpreta o fonoaudiólogo que ajudará o monarca Jorge VI, aqui vivido por Colin Firth, a superar o problema de fala. Embora a crítica não tenha recebido o filme com tanto entusiasmo, ele foi o grande vencedor do Oscar de 2011, levando para casa os principais prêmios. A injustiça não ocorreu apenas pela vitória não merecida em algumas categorias (como a de Melhor Filme), mas no fato de Rush não ter ganhado como Melhor Ator Coadjuvante. A estatueta daquele ano foi parar na prateleira de Christian Bale, pelo trabalho visceral em O Vencedor (2010). Mesmo que o prêmio tenha ficado em boas mãos, a Academia perdeu a oportunidade de laurear a precisa composição de personagens de Geoffrey Rush, bem como de prestar homenagem à carreira desse australiano que geralmente rouba a cena com seus coadjuvantes carismáticos e de forte presença cênica. – por Marcelo Müller

 

+1

 

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, 2003)
Lógico que ao falarmos sobre este filme dirigido por Gore Verbinki, o primeiro nome que vem à mente é o de Johnny Depp como o amalucado pirata Jack Sparrow. Indicado ao Oscar por sua interpretação, o ator surpreendeu com sua performance pouco ortodoxa – mais ainda por ter conseguido fazer isso em uma produção Disney. Da mesma forma que o herói desta aventura tem atitudes pouco condizentes com seu papel na história (em determinado momento, nem sabemos de que lado Sparrow está), o grande vilão da história tem características que o aproximam bastante do público. Este é o Capitão Barbossa, interpretado com muito entusiasmo por Geoffrey Rush. Na trama, o pirata é vítima de uma maldição que, embora o deixe imortal, o previne de viver os prazeres da vida, o transformando em uma aberração com a luz do luar. Com senso de humor peculiar e sotaque carregado, Barbossa é mesquinho, ambicioso e sem moral. Mas Jack Sparrow também pode ser tudo isso e um pouco mais. Eles são inimigos, mas são praticamente feitos do mesmo material. E isso mantém o embate entre eles tão interessante.  – por Rodrigo de Oliveira

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