Depois de duas indicações como Atriz Coadjuvante, Helen Mirren conquistou seu Oscar na categoria principal ao interpretar uma das mais importantes figuras da história recente da Inglaterra, a Rainha Elizabeth II, neste longa de Stephen Frears. Situando a ação na semana que sucedeu a morte da princesa Diana, em 1997, o diretor trata de um período no qual a realeza viu sua popularidade cair drasticamente graças à postura protocolar, considerada fria, de Elizabeth diante da tragédia – não encontrando motivos para hastear a bandeira do Palácio de Buckingham a meio-mastro ou oferecer à Diana um funeral com pompas oficiais, já que ela não mais pertencia à família Real. O contraste de tal comportamento com o acalorado discurso do recém-eleito Primeiro-ministro Tony Blair (Michael Sheen, ótimo) fez com que a Rainha se tornasse alvo de mídia e opinião pública. Conduzindo com precisão uma trama repleta de críticas sutis e observações perspicazes, Frears abre espaço, juntamente com Mirren, para a humanização da persona cercada de formalidades da monarca. Com uma impecável composição – fala, trejeitos, modo de caminhar – a atriz, gradativamente, deixa transparecer, em meio à postura por vezes intimidadora de Elizabeth, traços de fragilidade, revelando alguém que age seguindo códigos e convenções nos quais acredita e não por maldade, ainda que claramente não tivesse grande apreço por Diana. Passando pelo humor fino tipicamente britânico e pela intensidade dos embates com Sheen/Blair, Mirren também faz aflorar o lado emotivo da personagem, vide a passagem carregada de simbolismos em que observa um cervo sendo caçado. Um desempenho verdadeiramente icônico. – por Leonardo Ribeiro
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