20170726 rainha papo de cinema

Depois de duas indicações como Atriz Coadjuvante, Helen Mirren conquistou seu Oscar na categoria principal ao interpretar uma das mais importantes figuras da história recente da Inglaterra, a Rainha Elizabeth II, neste longa de Stephen Frears. Situando a ação na semana que sucedeu a morte da princesa Diana, em 1997, o diretor trata de um período no qual a realeza viu sua popularidade cair drasticamente graças à postura protocolar, considerada fria, de Elizabeth diante da tragédia – não encontrando motivos para hastear a bandeira do Palácio de Buckingham a meio-mastro ou oferecer à Diana um funeral com pompas oficiais, já que ela não mais pertencia à família Real. O contraste de tal comportamento com o acalorado discurso do recém-eleito Primeiro-ministro Tony Blair (Michael Sheen, ótimo) fez com que a Rainha se tornasse alvo de mídia e opinião pública. Conduzindo com precisão uma trama repleta de críticas sutis e observações perspicazes, Frears abre espaço, juntamente com Mirren, para a humanização da persona cercada de formalidades da monarca. Com uma impecável composição – fala, trejeitos, modo de caminhar – a atriz, gradativamente, deixa transparecer, em meio à postura por vezes intimidadora de Elizabeth, traços de fragilidade, revelando alguém que age seguindo códigos e convenções nos quais acredita e não por maldade, ainda que claramente não tivesse grande apreço por Diana. Passando pelo humor fino tipicamente britânico e pela intensidade dos embates com Sheen/Blair, Mirren também faz aflorar o lado emotivo da personagem, vide a passagem carregada de simbolismos em que observa um cervo sendo caçado. Um desempenho verdadeiramente icônico. – por Leonardo Ribeiro

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