Helen Mirren não era uma novata quando aceitou o convite do diretor Nicholas Hytner para interpretar a Rainha Charlotte neste épico tragicômico sobre o que de fato teria acontecido ao soberano George III da Inglaterra, que entrou para a história como ‘o Rei Louco’. E se os holofotes pareciam estar todos voltados ao protagonista, interpretado com total entrega pelo veterano Nigel Hawthorne – que por este trabalho recebeu a única indicação ao Oscar de toda a sua carreira – foi Mirren, em um papel coadjuvante, que sob vários aspectos acabou roubando a cena. Quase como uma sombra, a mulher que insistia em esconder os óbvios problemas do marido à medida que eles iam se tornando cada vez mais evidentes, não somente é a força moral do filme, como também é aquela que em meio a tanto caos consegue impor uma voz de razão, mostrando que nem a loucura é tão insana, e muito menos a realidade deve estar sempre correta. Por esse detalhado trabalho de composição, a atriz que já havia enfrentado Calígula (1979) e Excalibur (1981) recebeu, enfim, sua primeira indicação ao Oscar, além de ter ganhado pela segunda vez o prêmio de Melhor Atriz no prestigioso Festival de Cannes – a primeira honraria veio anos antes, pelo drama romântico Cal: Memórias de um Terrorista (1984). – por Robledo Milani