Robert Altman sempre foi um autor de cordéis. Vários personagens extremamente diferentes se encontram, tramas se entrelaçam e há diversas conclusões para as histórias. Ele resolveu utilizar esse estilo num filme que fala sobre a divisão de classes nos anos 30. O cenário: uma grande mansão. O fio condutor: um morto no meio de todos. Entre burgueses metidos a finos e uma gama gigante de empregados, o roteiro segue uma linha à la Agatha Christie. Na verdade, o assassinato do título em português é o que menos importa, e sim, esses personagens sem moral que tentam, de todo modo, jogar a culpa em alguém. O elenco está acima da média, seja a Lady Silvia (Kristin Scott Thomas), a arrumadeira (Emily Watson), o acompanhante sexual (Ryan Phillippe), ou a condessa esnobe (Maggie Smith). Porém, é a governanta interpretada por Helen Mirren quem chama mais atenção. Como fio condutor da plebe e da alta classe, ela sabe os segredos de ambos os lados. Seria também quem reconhece o homicida? Pouco importa. Sua fachada, para esconder tudo e poder jogar as informações como bem entende, cai como uma luva no semblante austero da nossa homenageada. Por trás da paciência de seus gestos e palavras, ela tenta conter uma explosão de sentimentos resguardados por tantos anos. Um trabalho fenomenal que levou a uma indicação de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar, entre outros grandes prêmios. – por Matheus Bonez