Quando Hugh Jackman foi anunciado como o intérprete de Wolverine para o primeiro X-Men: O Filme (2000), poucos lhe davam crédito. Afinal, o que um australiano mais conhecido por musicais do teatro poderia fazer numa superprodução hollywoodiana deste porte? O filme estreou e todos fecharam a boca para falar um ai do ator devido à sua energia em cena. Ainda que este seja seu papel icônico (repetido em praticamente todos os filmes da série), o bonitão provou que não era dono de uma interpretação só e se lançou em todos os gêneros, sempre com sucesso – mesmo que alguns filmes em si não tenham lhe acompanhado na exaltação.
Indicado a um Oscar (cerimônia que, por sinal, foi apresentada pelo ator em 2009), vencedor do Globo de Ouro e lembrado mais de 70 vezes entre premiações e indicações, hoje Jackman é figura carimbada tanto para sucessos de público como de crítica. Algo que sua aura de galã musculoso também contribui, especialmente entre os diferentes tipos de público atraídos por sua masculinidade aliada à simpatia constante. Esta “criança grande” comemora seu aniversário no dia 12 de outubro e, para comemorar, é claro que a equipe do Papo de Cinema resolveu relembrar seus cinco melhores trabalhos – e mais um que merece uma segunda chance. Quer saber quais são? Confira!
X-Men 2 (X2, 2003)
Por Rodrigo de Oliveira
Quando Hugh Jackman apareceu pela primeira vez em X-Men: O Filme (2000), dentro daquela jaula, raivoso e tenso, tentando sobreviver naquele mundo contra mutantes, não foi muito difícil aceitá-lo como Wolverine. Ok, sua altura pode ser um empecilho, mas sua caracterização e boa performance sobrepujavam este detalhe – e foram destaque em um bom filme, mas que tinha espaço para crescer. Esta evolução aconteceu em X-Men 2, com o investimento da trama a respeito do passado do carcaju. Neste filme, Jackman não era mais um iniciante, comandando de forma potente a melhor aventura mutante no cinema. O mais interessante neste casamento Hugh Jackman/Wolverine é o fato do ator não esconder em momento algum que adora viver o personagem. Não à toa, viveu o mutante de garras de adamantium em SETE oportunidades. Este amor pelo herói quase perdoa o péssimo X-Men Origens: Wolverine (2009). Quase.
Fonte da Vida (The Fountain, 2006)
Por Marcelo Müller
Darren Aronofsky era apenas um cineasta oriundo da cena independente, seguido de perto pelos grandes estúdios depois de filmes como Pi (1998) e Réquiem para um Sonho (2000), quando levou Fonte da Vida às telas. Até então, seu projeto mais grandioso, uma história de amor que atravessa séculos mostrando um homem que busca a cura para a doença fatal que acomete sua mulher. Hugh Jackman interpreta este pesquisador que não mede esforços para barrar a enfermidade da esposa. Voltamos no tempo e o mesmo Jackman é visto como um explorador do século 19 em busca da lendária árvore da vida. Um salto ao futuro e ele agora é um astronauta que consegue as respostas para as questões da existência. Desta maneira, temos três tempos, passado, presente e futuro, ligados pelo personagem do australiano. Em meio aos efeitos especiais, à imagem e o falatório profundo (ou pseudo profundo, você escolhe), elementos que chamam atenção mais que qualquer outro atributo do filme, Jackman faz o que pode para se destacar na missão de interpretar três personagens que, conceitualmente, formam apenas um.
O Grande Truque (The Prestige, 2006)
Por Yuri Correa
Antes de um ótimo suspense e um drama tocante, O Grande Truque é também uma homenagem ao cinema de seu próprio tipo. Os dois mágicos que protagonizam seu espetáculo – e o filme é um – são como dois diretores que disputam entre si quem lança o melhor filme, quem cativa mais o público. Recebem as palmas pelas obras que criaram debaixo do palco, como faz então o personagem de Hugh Jackman. Determinado em superar seu rival, interpretado por Christian Bale, Jackman encena mais pro fim do longa-metragem provavelmente o seu momento mais profundo, quando discursa sobre o motivo de sua obsessão: o público. A reação deste público. “Você não está realmente procurando. Você não quer mesmo saber. Você quer ser enganado” são as falas emblemáticas do personagem de Michael Caine, escritas eximiamente pelos irmãos Nolan. É esta noção de conduzir o público através de emoções e reviravoltas que traz o brilho aos olhos de Jackman, que se mostra tanto um homem amargurado e inconsequente, como também um deslumbrado. Uma pena que, assim como Os Suspeitos (2013), que também possui um subtexto bastante complexo, O Grande Truque seja outro grande filme estrelado pelo ator que não é suficientemente lembrado.
Os Miseráveis (Les Miserables, 2012)
Por Robledo Milani
A mais grandiosa, a mais suntuosa, a mais bem produzida, a mais impressionante. A versão do clássico de Victor Hugo levada às telas em 2012 retratou com fidelidade a adaptação musical que estreou nos palcos pela primeira vez em 1980, em Paris, tendo chegado ao West End londrino cinco anos depois e, em 1987, conquistado a consagração absoluta na Broadway. Foram necessárias mais de três décadas para que chegasse às telonas esta versão da história de revolucionários, famintos, injustiçados e, acima de tudo, apaixonados em pleno ambiente revolucionário da França no início do século XIX. E como protagonista, no papel de Jean Valjean, o homem que é preso por roubar um pedaço de pão, foge, dá a volta por cima, se consolida como empresário e, apesar de tudo isso, é perseguido a vida inteira pelo inspetor Javert, o escolhido foi ninguém menos do que Hugh Jackman, o australiano conhecido pelos músculos à flor da pele e visual de conquistador. Pois o astro não só se entregou completamente ao desafio como entregou um personagem multifacetado e repleto de nuances, exatamente como o esperado. E tanto público quanto crítica responderam à altura: tal desempenho lhe valeu uma indicação ao Oscar como Melhor Ator e um retorno de mais de US$ 440 milhões nas bilheterias de todo o mundo. Resultado pra Wolverine nenhum colocar defeito.
Os Suspeitos (Prisoners, 2013)
Por Thomás Boeira
Em Os Suspeitos, Hugh Jackman ficou com o papel de Keller Dover, cuja filha desaparece no Dia de Ação de Graças. Com o pensamento de que o detetive Loki (Jake Gyllenhaal), responsável pelo caso, e o resto da polícia não estão chegando a lugar algum, Keller decide fazer justiça com as próprias mãos. Ele aposta todas suas fichas em Alex Jones (Paul Dano), que esteve perto de sua casa de maneira suspeita pouco antes do desaparecimento, e não mede esforços para fazê-lo dizer onde está sua filha. Os Suspeitos é um thriller exemplar, cujo roteiro planta sutilmente elementos importantes para o desenvolvimento da trama, de forma que, quando eles fazem sentido, é difícil não querer aplaudir a genial estrutura do filme. E se o diretor franco-canadense Denis Villeneuve prova seu talento para a condução de tramas complexas, Hugh Jackman brilha ao fazer de Keller Dover um homem determinado e frio, mostrando bem todo seu desespero diante da situação em que se encontra, tendo ainda um belo duelo com Jake Gyllenhaal, que retrata nos mínimos detalhes o constante estresse sofrido por Loki. Assim, Os Suspeitos, sem dúvida alguma, se revelou um dos melhores filmes lançados em 2013.
+1
Austrália (2008)
Por Matheus Bonez
Passo em falso na carreira do megalomaníaco Baz Luhrmann, Austrália é melhor do que pintado pela crítica da época e seu consequente fracasso comercial nos EUA (menos de 50 milhões de dólares arrecadados para um orçamento de 130 milhões). É claro, tente descartar as (desnecessárias) quase três horas de duração, o melodrama ao extremo e uma história de amor que se desenvolve de forma truncada. Assim, se tem um panorama interessante do país-título pouco antes da Segunda Guerra Mundial estourar. Nicole Kidman se esforça demais para chamar a atenção do espectador, mas quando Hugh Jackman entra em cena, percebe-se que o filme é dele. Na pele do rude vaqueiro/tropeiro/capataz sem nome, o ator é o ícone do herói dos filmes clássicos com uma leve pontada de sua experiência como Wolverine. É o legítimo personagem-fetiche que Luhrmann não tinha trazido até este filme: sexy, másculo e com uma sensibilidade comprovada mais por suas atitudes do que por galanteios. O verdadeiro herói romântico do cinemão clássico. Algo que Jackman tira de letra com seu carisma imbatível.
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