Esta coprodução França/Itália/Alemanha, dirigida por Patrice Chéreau, conta a história da personagem-título, católica que se casa com o nobre protestante Henri de Navarre (Daniel Auteuil). O enlace de conveniência visa unir tendências religiosas, assim promovendo a paz na França do século XVI. Visualmente muito bonito, especialmente no que tange à utilização da cor vermelha – vide a suntuosa cerimônia que sela o acordo político –, o longa é recheado de intrigas palacianas, que culminam na Noite de São Bartolomeu, evento em que milhares de protestantes são mortos. Mas, afora o aspecto da imagem, o que mais chama atenção nesta versão cinematográfica é o trabalho preciso de Isabelle Adjani. De peça de um arranjo, sem expressar sentimentos, senão a resignação, a personagem passa a exteriorizar o turbilhão de emoções que sobrevém ao caso com um protestante alvo de perseguição. Um breve, porém significativo, momento sintetiza bem a qualidade da interpretação sensível de Adjani. Ajoelhada, ao lado do futuro marido, defronte as autoridades eclesiásticas, ela hesita antes de responder se aceita aquele homem como esposo. Ali está condensada a farsa do instante e a tensão, tão bem expressas pela concepção detalhista de Isabelle Adjani. – por Marcelo Müller