Um terror baseado no ciúme e no desejo. Essa é uma das formas mais simples de se definir a produção dirigida pelo polonês Andrzej Zulawski. O fim de um relacionamento, que tem muito de sua degradação associada à traição de Anna, personagem de Isabelle Adjani, é mostrado em cenas cruas, violentas, permeadas de significados que vão além do visível. A linguagem de Zulawski não é simples. O olhar marcante da atriz colabora para o clima de destruição, tanto física como psicológica, ganhar mais força. Marco do cinema de horror dos anos 80, o filme continua atual e a cada revisão permite ao espectador encontrar novos símbolos, desde analogias à Guerra Fria até um retrato visual da dor causada pelo término de uma relação amorosa. Se o excesso de entrelinhas incomoda alguns, a produção também permite que os mais racionais encontrem diversão na estética sanguinolenta e sem medo de tortura do cineasta falecido em fevereiro de 2016. Itinerário singular e potente, que se vale sobremaneira da expressividade de Isabelle Adjani. – por Bianca Zasso