Aos 30 anos, Isabelle Adjani já havia se consolidado entre as mais requisitadas e premiadas atrizes europeias de sua geração, recebendo a quinta indicação ao César por este trabalho de Luc Besson. Em seu segundo longa, o cineasta apresenta uma energética aventura regada a mistério, romance e música, situada quase inteiramente no cenário labiríntico do metrô parisiense. É nesse microcosmo subterrâneo que se refugia o gatuno Fred (Christopher Lambert), após explodir o cofre do anfitrião de uma festa da alta sociedade. Em posse de valiosos documentos, o ladrão oxigenado chantageia a esposa do milionário roubado, a bela Helena (Adjani), por quem se apaixona instantaneamente, e que também acaba sendo tragada para um submundo repleto de figuras peculiares, como um assaltante patinador e um ardiloso florista. Neste exemplar simbólico da vertente cinematográfica francesa oitentista conhecida como Cinéma du Look, Adjani surge deslumbrante, vivendo uma mulher de origem humilde que se rebela contra o universo artificial da burguesia ao qual foi levada pelo marido, refugiando-se junto aos personagens marginalizados que habitam o metrô, com quem se identifica. Formando com Lambert um par envolto pela aura cool criada por Besson, a atriz apresenta uma de suas atuações mais charmosas e encantadoras. – por Leonardo Ribeiro