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5+1 :: Jared Leto

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Ele começou como galã de seriado adolescente, logo levou o mesmo rostinho bonito para a tela grande e, aos poucos, tratou de desconstruir essa imagem com escolhas arriscadas e uma incrível disposição a se transformar. Jared Leto pode hoje ser mais conhecido como o vocalista da banda de rock 30 Seconds to Mars ou como a mais recente versão do vilão Coringa de Esquadrão Suicida (2016), mas o astro camaleão é muito mais do que isso. Vencedor de um Oscar, já estabeleceu parcerias com diretores consagrados como Terrence Malick, David Fincher, Darren Aronofsky e Oliver Stone, interpretou malucos, assassinos, garotos inocentes, drogados, homossexuais, travestis, soldados e astronautas, se apaixonou e foi desprezado, viveu figuras reais e outras apenas imaginadas. Em nome de todo esse incrível poder de se adaptar ao que lhe é exigido a cada novo trabalho, ele merece essa nossa homenagem ao completar mais um aniversário neste dia 26 de dezembro. Confira seus cinco desempenhos mais marcantes, além de um que merece um olhar especial!

 

Prefontaine (1997)
– por Robledo Milani
Após pequenas participações como coadjuvante, Jared Leto teve uma chance de verdade no cinema ao interpretar o atleta Steve Prefontaine, nesta que foi a primeira das duas cinebiografias dedicadas ao corredor – a segunda, Prova de Fogo (1998), foi lançada um ano depois e tinha Billy Crudup como protagonista. Com orçamento limitado e aspecto televisivo – a produção concorrente custou quatro vezes mais – o longa estrelado por Leto se vale quase que exclusivamente pela entrega e empenho do hoje astro, que, na época, era não mais do que um rostinho bonito. Bom, o garoto de porte atlético, cabelo dourado e olhos brilhantes mostrou que poderia se dar bem em voos maiores. Ao lado de nomes como R. Lee Ermey (o general de Nascido para Matar, 1987) e Ed O’Neill (atualmente em alta como o patriarca da série Modern Family, 2009-), Jared mostra veracidade ao criar um personagem comprometido com um sonho, que enfrenta de peito aberto cada novo desafio – como o ataque terrorista às Olimpíadas de Munique – até sua morte trágica, aos 24 anos, em um acidente de carro. Um herói no seu campo de atuação, que chegou às telas na pele e esforço de um jovem astro também em formação.

 

Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000)
– por Robledo Milani
Jared leto já tinha uma boa parcela de fãs, tanto pela participação no seriado jovem Minha Vida de Cão (1994-1995) ou por aparecer em filmes como o romântico Colcha de Retalhos (1995) ou o terror adolescente Lenda Urbana (1998), assumiu este que pode ser apontado como um dos maiores desafios de toda a sua filmografia. Não podemos esquecer, no entanto, que anos antes ele havia trabalhado com cineastas como Terrence Malick (Além da Linha Vermelha, 1998) e David Fincher (Clube da Luta, 1999), o que de certa forma deve tê-lo preparado para o personagem que Darren Aronofsky lhe entregou. O junkie que sofre com a mãe viciada em remédios ao mesmo tempo em que ignora a namorada entregue à prostituição revelou um intérprete comprometido com o que lhe era exigido, disposto a se desfazer da imagem de bom moço para ir além com a própria arte. Mais do que um trabalho de composição, o jovem astro mostra aqui pela primeira vez uma disposição a se transformar, inclusive fisicamente, algo que se tornaria uma marca no seu trabalho. É uma atuação forte, que deixa definitivamente para trás o novato, colocando-o lado a lado com os melhores de Hollywood.

 

O Senhor das Armas (Lord of War, 2005)
– por Wallace Andrioli
Nesse ótimo filme político de Andrew Niccol – de Gattaca: Experiência Genética (1997) e A Hospedeira (2013), entre outros – que conta com uma das últimas boas atuações de Nicolas Cage (antes de se entregar por completo à auto-avacalhação), Jared Leto interpreta o irmão mais novo do protagonista, um bem-sucedido traficante internacional de armas. Vitaly Orlov (Leto) representa o último resquício de inocência e consciência dos próprios atos de Yuri (Cage), homem cínico mergulhado na lógica impiedosa de seu ofício. Não deixa de ser curioso ver Leto, ator acostumado a personagens com forte presença de cena, no papel de um homem fraco como Vitaly, que tem de ser salvo do perigo por seu irmão. Apesar dessa fraqueza de certa forma contagiar a atuação de seu intérprete, que em muitos momentos acaba ofuscado pelos colegas de elenco Cage e Ethan Hawke, trata-se de um personagem fundamental na trama desse que é um dos melhores filmes estrelados por Leto na década passada – bem como, provavelmente, o grande trabalho como diretor de Niccol, até aquele momento um nome ainda bastante promissor.

 

Capítulo 27 (Chapter 27, 2007)
– por Victor Hugo Furtado
Protagonizando uma das maiores transformações da história do cinema, o ator/cantor galã Jared Leto engordou quase 30 quilos para interpretar Mark David Chapman, homem que se tornou notório e acabou entrando para a história de modo infame como o assassino de John Lennon. Apesar de estar em um filme que apela para o incômodo, com cenas exageradamente verossímeis e planos tremidos que buscam um suspense inerte, o ator se destaca por sua atuação focada nos elementos não físicos do personagem e na mística ainda não explorada de um caso verídico e marcante para toda uma geração. Com sua presença forte e uma nítida intensificação de seu trabalho, mesmo que sem indicações à grande prêmios e somente um rápido frenesi nos festivais de Berlim e Sundance, Leto entrega aqui uma das maiores atuações de sua carreira e uma grande força artística acerca de sua filmografia.

 

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, 2013)
– por Marcelo Müller
Mudanças corporais drásticas não são novidade para Jared Leto, afinal ele engordou 27 quilos para viver Mark Chapman, o homem que assassinou John Lennon, em Capítulo 27 (2007). Já neste filme dirigido por Jean-Marc Vallée ele seguiu em sentido oposto, ou seja, emagreceu demais, cerca de 18 quilos, para viver um travesti soropositivo. Mas, aqui, não é apenas o aspecto físico que chama a atenção. Aliado à esqualidez que confere tintas de verossimilhança ao seu trabalho, há uma minuciosa interpretação, que contrabalanceia instantes histriônicos com sutilezas decorrentes do drama que se lança sobre seu personagem. Não foi à toa, então, que Leto levou para casa boa parte dos prêmios de Ator Coadjuvante da temporada de 2014, incluindo aí os prestigiados Globo de Ouro e Oscar. Embora o filme trafegue algumas vezes pelos caminhos da simplificação, ele se beneficia sobremaneira da parceria entre Jared Leto e Matthew McConaughey (tão laureado quanto seu colega de elenco). É Leto que se encarrega de contrapor a perspicácia do protagonista, ele que passa a lucrar com a importação ilegal de remédios contra o vírus HIV, com demonstrações de afetividade. Ele é o lado emocional dessa luta pela sobrevivência, que se dá em diferentes esferas.

 

+1

 

Clube da Luta (Fight Club, 1999)
– por Rodrigo de Oliveira
Embora seja notoriamente um coadjuvante, Jared Leto chama a atenção como uma das tantas figuras que aparecem à porta de Tyler Durden (Brad Pitt) querendo se juntar ao seu Project Mayhem. Antes disso, no entanto, Angel Face (como é chamado) apenas frequentava as sessões do Clube da Luta, esperando pela chance de estar no centro de tudo, desferindo seus socos e pontapés. Passou por teste de fogo ao esperar pacientemente em frente ao quartel general do grupo e acabou comendo o pão que Durden amassou durante as missões. “Eu quis destruir algo bonito”, diz o instável personagem de Pitt após esmagar a cara de Angel Face. Conhecido antes por seu papel na série Minha Vida de Cão (1994-1995) e à época iniciando sua carreira com a banda 30 Second to Mars, Leto aproveitou a chance de embarcar em um filme sério, perigoso e intenso, tendo uma atuação que lhe abriu outras oportunidades, como trabalhar com Darren Aronofsky em Réquiem para um Sonho (2000) e retomar a dobradinha com Fincher em O Quarto do Pânico (2002).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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