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5+1 :: Jessica Chastain

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É incrível o salto que Jessica Chastain deu de alguns anos para cá. De reles desconhecida no final da primeira década de 2000, ela passou a ser presença constante em várias produções anuais de quatro anos para cá. Também pudera, talento não lhe falta. Alguns até acreditam que ela possa ser a nova Meryl Streep. Exageros ou não, neste tempo ela já ganhou 71 prêmios e foi indicada a outros 66 (inclusive dois Oscar), o que atesta ainda mais sua versatilidade e força para interpretar papeis de destaque.

Dona de uma beleza estonteante, a ruiva também tem sido presença garantida em listas das mulheres mais bonitas e mais bem vestidas do mundo. Não que Jessica Chastain dê bola para isso, afinal, seu talento maior está no dom de atuar com naturalidade, com uma presença ofuscante em tela sempre que aparece. Para celebrar o aniversário da atriz no dia 24 de março com uma carreira tão brilhante, apesar da ainda curta duração, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores trabalhos – e mais aquele que merece uma atenção especial, é claro.

 

A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011)
Por Marcelo Müller
Em A Árvore da Vida há um evidente viés religioso. Terrence Malick aborda momentos ordinários do dia a dia como pequenas epifanias, divaga sobre a criação, mostra as criaturas de Deus envoltas em dor. Como uma boa família cristã, a que protagoniza o filme é regida pelo patriarcado, ou seja, quem dá as cartas é o nem sempre compreensivo personagem de Brad Pitt, aliás, semelhante ao criador do Antigo Testamento. Nesse registro, a mãe, interpretada por Jessica Chastain, surge como um porto seguro de compaixão, sobretudo aos filhos que sofrem, mesmo depois de adultos, com o comportamento paterno muitas vezes raivoso. Mesmo com relativamente pouco tempo de tela, Chastain impõe-se por dar vida, com propriedade, justamente à misericórdia que parece escassa no mundo masculino. A mulher é responsável por equilibrar a balança, não necessariamente contradizendo as atitudes rudes do marido, mas amenizando-as com sua candura, sendo um colo confortável ao qual os filhos (e o próprio homem) podem recorrem sempre que as coisas apertarem. Chastain se destaca em meio à poética de Malick, ao entorno que alterna beleza e sofrimento, por personificar o amor em um de seus mais puros estados.

 

Histórias Cruzadas (The Help, 2011)
Por Rodrigo de Oliveira
Dirigido e escrito por Tate Taylor, baseado no romance A Resposta de Kathryn Stockett, Histórias Cruzadas é narrado por Aibeleen Clark (Viola Davis), uma empregada negra que sempre sofreu com o preconceito de suas patroas. Sua história pode mudar ao conhecer Skeeter (Emma Stone), uma jovem que sonha em ser escritora e que acabara de ser contratada pelo jornal da cidade. Frustrada com os maus tratos que as empregadas recebem de seus patrões, Skeeter resolve escrever um livro colocando as histórias daquelas mulheres de Jackson, Mississippi. Ainda que tenha alguns problemas na trama, o que Histórias Cruzadas tem de muito positivo é o trabalho de suas atrizes. Viola Davis e Octavia Spencer dão força a seus personagens e a dobradinha desta última com Jessica Chastain é um dos pontos altos do filme. Chastain vive uma espevitada dondoca excluída da sociedade, sem nem mesmo saber do fato. Ela não vê diferenças entre patrão e empregado e é curioso observar que é a personagem de Spencer quem tem que explicar isso. O papel da bela ruiva é pequeno, é verdade. Mas sua performance solar faz diferença no filme, valendo sua primeira indicação ao Oscar, como Atriz Coadjuvante.

 

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, 2012)
Por Conrado Heoli
A Hora Mais Escura remonta a conflituosa década que desestruturou a sociedade norte-americana entre os ataques de 11 de setembro e a morte de Osama bin Laden, em 2011. Em uma performance visceral e de entrega singular, Jessica Chastain se despe de qualquer vaidade para dar vida a Maya, personagem inspirada numa agente real da CIA que foi responsável por transformar a caçada ao terrorista numa operação de proporções e consequências inéditas para o governo e o exército dos EUA. O filme é dirigido por outra mulher poderosa, Kathryn Bigelow, que já havia demonstrado sua imensa capacidade e domínio de uma linguagem cinematográfica própria ainda antes em Guerra ao Terror (2008), que lhe rendeu os cobiçados Oscars de Melhor Direção e Melhor Filme. Chastain, onipresente em listas que classificam as melhores atrizes do cinema estadunidense recente, merecia o Oscar e outros prêmios pela coragem e virtuose empregadas na caracterização de uma personagem difícil e muito verossímil. A Hora Mais Escura talvez não ofereça uma sessão agradável ou fácil de ser apreciada, mas um retrato consciente e brutal de um período que deveria ser registrado pelo cinema. O que felizmente Kathryn Bigelow e Jessica Chastain fazem de maneira tão marcante quanto definitiva.

 

Dois Lados do Amor (The Disappearance of Eleanor Rigby: Them, 2014)
Por Robledo Milani
A protagonista de Dois Lados do Amor, papel de Jessica Chastain, é uma mulher em busca da solidão. A história é o processo de recuperação após o fim do amor entre duas pessoas. A decisão da separação coube à Rigby, interpretada com sofreguidão e entrega pela nossa homenageada, em mais um ótimo trabalho da atriz. A tragédia tomou conta do casal vivido por ela e o marido, defendido com vontade pelo competente James McAvoy. Sem saber como lidar com a questão, ela simplesmente desaparece. Sai da vida dele e decide partir do zero, como se aquilo que fora vivido até então simplesmente não tivesse ocorrido. Ignorar talvez seja a forma mais imediata de evitar a dor. As reações dos protagonistas de Dois Lados do Amor são facilmente identificáveis, e talvez por isso mesmo que assistir a esse filme possa ser tão doloroso. Afinal, quem nunca passou pela situação em que é simplesmente impossível seguir em frente, mesmo quando os sentimentos de querer e de afeto seguem presentes, ainda que não suficientes para superar as dificuldades impostas pelo caminho? Com um conjunto de atores em perfeita sintonia e a mão segura do diretor, que consegue se manter imparcial sem advogar em prol nem de um, nem de outro, tem-se aqui uma trama madura, feita sem concessões e necessária enquanto exemplo de que, em alguns casos, apenas querer não é suficiente para conseguir.

 

O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014)
Por Matheus Bonez
É possível ser incorruptível mesmo que o meio tente fazer o contrário? Esta é a pergunta principal do filme de J. C. Chandor, que se passa na Nova Iorque de 1981, onde o empresário de combustíveis Abel Morales (Oscar Isaac) está sendo perseguido por rivais do ramo e pela promotoria da própria cidade pela rápida ascensão nos negócios. Não bastasse a pressão de fora para manter sua família segura, internamente ele precisa lidar com a cobrança da esposa, Anna (Jessica Chastain), uma mulher aparentemente dócil que aos poucos vai se revelando a leoa que faz de tudo para proteger os seus. A atriz revela um lado agressivo nunca visto antes e ela, uma das melhores de sua geração, mostra porque é chamada para tantas produções por conta de seu talento. Sua performance assombrosa rouba o filme para si, o que lhe valeu indicações ao Globo de Ouro, Independent Spirit Awards e outros prêmios da crítica norte-americana. Merecia ainda mais.

 

+1

 

Interestelar (2014)
Por Robledo Milani
A primeira vez que ouvi falar de Jessica Chastain foi ao assistir ao emocionante A Árvore da Vida (2011), de Terrence Malick. Quem é essa aí que aparece como esposa do Brad Pitt?, me perguntei. Pois era a própria, que como percebe-se, nunca teve medo de desafios. Sua carreira seguiu colecionando surpresas e reconhecimentos. Faltava, no entanto, aquele sucesso que a tornaria uma figura conhecida para além dos cinéfilos e entendedores do assunto. E este, enfim, veio com o épico espacial comandado pelo cultuado diretor Christopher Nolan. E apesar de ter faturado quase US$ 700 milhões em todo o mundo, não estamos falando de um filme fácil que entrega tudo mastigado para o espectador – felizmente! E muito disso se deve ao personagem de Chastain, a filha do protagonista interpretado com vigor por Matthew McConaughey. Ela aparece depois de uma hora de filme, e quão gratificante é descobrir que tudo que acontece na trama, em resumo, se deve à ela e a esse amor de um pai por sua filha e, como consequência, por toda a humanidade. Ela é o pilar dessa grande aventura, e somente uma grande atriz poderia carregar nas costas uma responsabilidade como essa e ainda obter um resultado tão gratificante.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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