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5+1 :: Johnny Depp

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Excêntrico, sexy, extravagante. Estas são apenas algumas características pelas quais Johnny Depp, um dos mais multifacetados atores, músicos, produtores e diretores do showbusiness, é conhecido e reconhecido dentro e fora das telas. Concorreu a três Oscar, entre tantos outros 49 prêmios que ganhou e 64 indicações pelas quais foi lembrado durante seus quase 30 anos de carreira no cinema. Parceiro habitual do cultuado Tim Burton, Depp é lembrado por interpretar os tipos mais estranhos do cinema contemporâneo, paradoxalmente tornando-o um dos queridinhos do público e da crítica.

Talentoso, o intérprete de Jack Sparrow é um dos atores mais bem pagos de Hollywood, já que seus filmes são praticamente garantia de público. Por pouco Hollywood não teve a chance de ter um de seus maiores astros atualmente em suas produções já que Depp queria, antes de mais nada, virar um músico. Porém, ele caiu nas graças dos espectadores ao estrelar A Hora do Pesadelo, em 1984, graças à indicação do amigo e colega Nicolas Cage. Desde então, sua popularidade só aumentou. O ator fez 50 anos no dia nove de junho de 2013. Por isso a equipe do Papo de Cinema resolveu escolher seus cinco melhores filmes – e mais um que deve ser redescoberto.

 

Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, 1990), por Pedro Henrique Gomes
Johnny Depp não é um ator de fôlego apenas por interpretar personagens tão distintos ética e esteticamente. Ele é grande porque consegue tirar deles suas diferenças lá onde parecem tão iguais. Neste filme de Tim Burton, no início de uma parceria ativa até hoje, sua atuação se encaminha através de gestos e olhares dos mais simples. Drama corriqueiro do humano, pois gira em torno do pertencimento a uma comunidade, a relação do estranho e deslocado que não consegue fazer parte do social, ter amigos ou mesmo falar com os populares. Interpretando o personagem do título, ele revela muito com poucas palavras, poucos sorrisos e poucas lágrimas, pois conta apenas com suas mãos de ferro – com elas, lhe resta criar formas a partir do gelo e da vegetação, essa é sua expressão vital. Nenhum dos extremos, nem o riso nem o choro, corresponde a fria inocência de Edward, que por isso consegue o carinho de alguns e a maldade de outros. Na pele dessa “aberração”, Depp mostra que realmente pode fazer qualquer coisa.

 

Ed Wood (Ed Wood, 1994), por Conrado Heoli
Ouvi menos de 10 minutos sobre o projeto e já estava comprometido”, disse Johnny Depp sobre Ed Wood (1994), produção que marcou o reencontro do ator com Tim Burton após a excelente parceria em Edward Mãos de Tesoura (1990). Depp foi desafiado a incorporar o excêntrico diretor Ed Wood, para muitos o pior cineasta de todos os tempos – e cultuado justamente pelo desonroso título. Fotografado lindamente no preto e branco de Stefan Czapsky, Ed Wood recebeu dois Oscar, um para a soberba interpretação de Martin Landau como Bela Lugosi e outro para a equipe de maquiagem, que deixou o ator muito semelhante ao eterno Drácula (1931) de Tod Browning. Johnny Depp não se deixou constranger pelas particularidades de Wood – que incluíam o travestismo – e colaborou com a criação de um imaginário fantástico para o diretor, numa composição mais vivaz e explícita do que ele jamais havia apresentado. Ainda considerada uma das maiores obras de Tim Burton, Ed Wood revela com humor crítico um pequeno e pouco conhecido trecho da história do cinema hollywoodiano, que continua a revelar indiscriminadamente o melhor e o pior de sua produção.

 

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, 2003), por Rodrigo de Oliveira
Antes de ser lançado, Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra poderia ser considerado o enterro oficial da criatividade em Hollywood. Depois de adaptar para as telonas uma atração de um parque de diversões, não existiriam por parte dos roteiristas muitos pudores em onde buscar sua inspiração. Eis que o filme entra em cartaz e surpreende a todos com uma aventura divertida, movimentada e extremamente cativante. E o responsável por isso? Ninguém menos que Johnny Depp e seu Jack Sparrow. Dono de trejeitos esquisitos, um senso de ética todo seu e uma vontade de levar a melhor em toda e qualquer ocasião, o pirata (ao lado do sempre competente Geoffrey Rush) é a razão principal para se conferir o longa-metragem dirigido por Gore Verbinski. Curiosamente, a Disney teve problemas para aceitar a forma como Johnny Depp queria encarnar o personagem. Foi depois de muitas discussões internas que o ator pôde dar alma ao Sparrow que conhecemos – atuação essa que lhe valeu indicação ao Oscar, algo raro para um blockbuster. Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, foi a principal influência de Depp ao construir o personagem e acabou vivendo o pai do pirata nos demais filmes da cinessérie.

 

Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, 2004), por Robledo Milani
Durante anos apontado como “alternativo” demais para o cinemão hollywoodiano, Johnny Depp só foi cair nas graças do grande público após aparecer como o tresloucado Jack Sparrow em Piratas do Caribe (2003), que lhe garantiu sua primeira indicação ao Oscar. Pois foi o que bastou para que todas as atenções se voltassem a ele, como se o tivessem finalmente descoberto. O que foi justificado logo no ano seguinte, quando Depp se aventurou em interpretar Sir James Barrie – para quem não sabe, o célebre criador de Peter Pan – na cinebiografia Em Busca da Terra do Nunca, talvez o longa de toda a sua filmografia mais assumidamente emocionante e, ao mesmo tempo, emocionado. Indicado a 7 Oscars – inclusive a Melhor Filme e Ator – ganhou como Trilha Sonora, além de ter faturado nas bilheterias de todo o mundo mais de quatro vezes o valor do seu orçamento. Bonito, singelo e comovente, Depp aqui mostra todo o seu potencial sem grandes esforços, provando que menos é mais, e contando apenas com a incrível parceria em cena com o pequeno Freddie Highmore – que depois se repetiria na nova versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), sem o mesmo efeito, no entanto.

 

Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco de Fleetwood Street (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007), por Dimas Tadeu
Não é segredo pra ninguém que Johnny Depp é o queridinho de Tim Burton. Alguns dos papeis do diretor parecem ser pensados sob medida para ele. Mas foi apenas com o papel título de Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco de Fleetwood Street, que Depp conseguiria sua única indicação a melhor ator trabalhando com o cineasta. Encarnando um personagem sombrio, repleto de humor negro e que ainda por cima canta (trata-se de um musical), o ator mostra toda sua versatilidade e fica à vontade num papel onde seus maneirismos e caricaturas não soam exagerados. Um dos pontos altos de sua carreira – e da de Burton.

 

+1

Medo e Delírio (Fear and Loathing in Las Vegas, 1998), por Danilo Fantinel
Poucos atores seriam mais indicados para submergir sob a pele e experimentar a mente do escritor tarja preta Hunter S. Thompson do que Johnny Depp. Não verdade, não consigo pensar em nenhum outro. E nem quero, pois não faria sentido. Depp conseguiu verter para a ficção a personalidade quase ficcional do maior nome do jornalismo gonzo. Amigo de Thompson, o ator representou no cinema o que presenciou na realidade: um homem livre em atitude e pensamentos, tresloucado, cômico e constantemente impregnado de pesadas doses de psicotrópicos dos mais variados tipos, de maconha a éter, de LSD a adrenocrome. Completamente drogado em 100% do filme, o personagem Raoul Duke, alter ego do jornalista, cruza constantemente a fronteira entre sua (pouca) razão e (muita) insanidade química – o que lhe garante o empirismo e a subjetividade necessários para cobrir de forma muitíssimo pessoal as duas pautas que o levaram até a bizarra Las Vegas de 1971. Assim como Thompson, o cineasta Terry Gilliam busca o sonho lisérgico americano por meio de uma direção dopada e histérica, tendo no livro Fear and Loathing in Las Vegas: A Savage Journey to the Heart of the American Dream seu ponto de partida.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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