Justin Timberlake não é, exatamente, um “bicho cinematográfico”. Ele primeiro surgiu na televisão, ainda criança, ao lado de nomes como Christina Aguilera, Britney Spears e Ryan Gosling (!) no programa Clube do Mickey, para depois conquistar adolescentes ao redor do mundo como cantor e ídolo pop. Vencedor de nove Grammys por seu trabalho como músico, ele está, no entanto, na melhor fase do seu relacionamento com a sétima arte: acabou de receber sua primeira indicação ao Oscar (pela canção “Can’t Stop The Feeling”, da animação Trolls, 2016, da qual participa também dublando o protagonista), além de ter recém concluído as filmagens como parte do elenco principal da nova comédia do diretor Woody Allen! Timberlake já ganhou também quatro Emmys (todos por colaborações com o humorístico Saturday Night Live), tem duas indicações ao Globo de Ouro e já atuou sob o comando de cineastas consagrados, como David Fincher e Joel e Ethan Coen, além de ter aparecido junto à astros como Clint Eastwood, Amy Adams, Ben Affleck, Cameron Diaz, Jeff Bridges, Mike Myers, Samuel L. Jackson, Morgan Freeman e Kevin Spacey. Por essas e outras, merece o nosso reconhecimento no dia do seu aniversário, com uma seleção especial dos seus cinco trabalhos fundamentais como ator, além de mais um que merece ser (re)descoberto. Confira!
Alpha Dog (2006)
O filme de Nick Cassavetes é baseado na história real de Jesse James Hollywood, que segurou por anos o título de mais jovem procurado da América pelo FBI. Aqui, o personagem ficou conhecido como Johnny Truelove (Emile Hirsch), um playboy norte americano que resolve sequestrar o meio-irmão mais novo de um neonazista como garantia do pagamento de um dívida. Em meio a festas, drogas e muita ostentação, ele conta com seus parceiros para garantir que o negócio engrene e não vire uma lambança total – algo praticamente impossível. Além de uma crítica à futilidade do crime em si e da alta sociedade, o elenco é o principal atrativo do longa. E em seu primeiro papel de destaque no cinema, nosso homenageado mostra que tem força pra segurar uma atuação séria e contida na pele de Frankie, um dos amigos/guarda-costas do protagonista. Justin Timberlake rouba a cena em alguns momentos por ser um dos únicos a ser dar conta realmente do quão séria aquela situação pode ficar, mostrando a preocupação de seu alter ego com os desfechos trágicos possíveis para os fatos. Uma demonstração do talento latente do músico e ator, que a partir daí provaria ser capaz de papéis cada vez mais densos e escolhidos a dedo. – por Matheus Bonez
O Preço do Amanhã (In Time, 2011)
Nesta distopia de Andrew Niccol, diretor de Gattaca (1997) e roteirista de O Show de Truman (1998), a população é geneticamente programada para envelhecer apenas até os 25 anos. A partir daí, só continua vivendo quem dispõe de tempo extra, algo que pode ser trocado, roubado, vendido e comprado. A sociedade divide-se, então, em uma elite que acumula séculos de vida e uma massa trabalhadora que batalha diariamente por mais alguns dias, horas e minutos. Apesar de não protagonizar muitos projetos, Timberlake faz, aqui, um trabalho competente como o herói Will Salas, um operário que recebe uma enorme quantia de tempo de um milionário cansado de viver. Acusado injustamente de ter roubado a fortuna, ele eventualmente se envolve com a herdeira de uma enorme rede de bancos (Amanda Seyfried); o casal de foras-da-lei tem um quê de Bonnie e Clyde e a jornada dos personagens por uma distribuição de tempo mais justa lembra a lenda de Robin Hood. Embora carregue alguns conceitos genuinamente interessantes, é difícil enxergar esta obra repleta de clichês como uma contribuição significativa para o gênero de ficção científica. Ela funciona, entretanto, como um thriller policial razoável, suficientemente divertido e agitado para segurar a audiência. – por Marina Paulista
Amizade Colorida (Friends with Benefits, 2011)
Na mesma linha de Sexo sem Compromisso (2011), esta comédia romântica remonta às clássicas realizações dos anos 1950 e 1960, porém em uma abordagem bem contemporânea e sem pudores. Justin Timberlake interpreta o jovem Dylan, que é influenciado por uma recrutadora de talentos, Jamie (Mila Kunis), a deixar seu emprego em Los Angeles para desbravar o mercado nova-iorquino. Carentes na Big Apple, ambos iniciam uma amizade que logo se desenrola em um pacto no qual eles serão “amigos com benefícios”. Em tradução plena, seriam parceiros de transa sem envolvimento amoroso ou compromisso. Porém, com o passar dos dias, o casal começa a se interessar um pelo outro e podem colocar tudo a perder. Muito superior ao filme de temática similar estrelado por Natalie Portman e Ashton Kutcher, aqui Timberlake e Mila Kunis estão em perfeita sintonia, assegurados de um roteiro irônico e crítico sobre os relacionamentos do século XXI. E Justin apresenta uma de suas mais interessantes performances contando com um timing cômico afinado. O cantor não fica devendo em nenhuma cena, mesmo quando contracena com grandes nomes como Woody Harrelson e Patricia Clarkson. – por Renato Cabral
A Rede Social (The Social Network, 2010)
Embora já tivesse notoriamente se aventurado nas telonas antes disso, este projeto de David Fincher foi uma espécie de prova de fogo para o nosso homenageado. Sob a batuta de um dos mais respeitados cineastas da nova geração, Justin tinha o ingrato papel de se destacar em meio aos talentos de seu diretor, do roteirista Aaron Sorkin e do protagonista, Jesse Eisenberg. E pode se dizer que ele passou com honrarias. Incorporando os diálogos screwball de Sorkin de uma maneira completamente avessa àquela adotada por seu colega de cena, Timberlake criou em Sean Parker uma figura magnética que justifica o encanto que gera sobre Mark Zuckerberg – o que é essencial para entendermos as decisões desse último no terceiro ato. Enérgico e carismático, o ator cria um contraponto perfeito ao personagem principal, com seus modos robóticos e apáticos – e mesmo com menos tempo de tela que Andrew Garfield, por exemplo, sua persona fica gravada na tela como se entrasse desde os primeiros minutos de duração. Com certeza, ganhar o aval do público e da crítica em um filme encabeçado por Fincher fez diferença para o jovem galã e cantor, que encontrou uma vida muito mais fácil em Hollywood após o projeto. – por Yuri Correa
Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (Inside Llewyn Davis, 2013)
A despeito de ser dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, este filme não conseguiu atingir o reconhecimento merecido, se tornando, assim, um dos mais subestimados dos últimos anos. Especificamente falando de Justin Timberlake, nota-se, ainda, que ele tem de enfrentar inúmeras caras feias e narizes tortos quando incursiona pelo cinema, experiências imediatamente posteriores à sua trajetória como cantor, primeiro, da boy band ‘N Sync, e, segundo, em carreira solo. Aqui ele interpreta um músico ligeiramente antagônico ao protagonista vivido por Oscar Isaac. Aliás, como simpatizamos de cara com o artista folk que carrega um gato de lá para cá enquanto tenta ser fiel aos seus ideais, seria bem fácil antipatizar com o personagem de Timberlake, homem não só mais conformado com os ditames do mercado fonográfico, mas também marido da amada de seu “rival”. Justin Timberlake demonstra estar num terreno bastante familiar quando instado a cantar e a tocar, algo visto na apresentação no bar com a esposa (Carey Mulligan), entoando composições de viés religioso, ou na descontraída gravação de uma canção pegajosa. Mas ele, da mesma maneira, se mostra confortável atuando. Seu consistente trabalho de coadjuvante não deixa a desejar, muito pelo contrário. – por Marcelo Müller
+1
Southland Tales: O Fim do Mundo (Southland Tales, 2006)
Cinco anos depois do sucesso de Donnie Darko (2001), Richard Kelly voltou à direção com outro filme de tom e teor apocalíptico, que, protagonizado por Dwayne Johnson, Sarah Michelle Gellar e Seann William Scott, traz Justin Timberlake num papel pequeno, mas que, de certa forma, resume a proposta de Kelly: estranho, maluco e sombrio, o soldado Abilene vivido por Timberlake passa quase todo o tempo num posto de vigia, observando, como um voyeur, o mundo desmoronar ao seu redor, e, no único momento que surge em outro cenário, protagoniza um número musical surreal, mas, novamente, muito significativo do que é o filme de Kelly – não à toa o diretor elegeu essa cena como o coração da obra. Exageradamente detratado pela crítica quando de seu lançamento, esse filme consegue, em meio a toda sua loucura, sintetizar politicamente, de alguma forma, os Estados Unidos dos anos 2000, sobretudo a Era Bush. E Justin Timberlake, que pouco depois se confirmaria como um ótimo ator, é um destaque importante aqui, até por estar acompanhando de um elenco não exatamente talentoso. – por Wallace Andrioli
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