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5+1 :: Kevin Costner

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Há poucos casos tão icônicos na história recente do cinema mundial em que uma carreira foi do céu ao inferno tão rapidamente. Kevin Costner está aí para provar como renascer das cinzas. Após surgir como promessa de astro nos anos 1980 e atingir o status quo em definitivo com seus Oscars no início dos anos 1990, não demorou para que o sucesso subisse à cabeça e muitas (mesmo) decisões equivocadas fossem tomadas. O resultado: de vencedor do maior prêmio da indústria foi eleito um dos atores mais azarados da história com fracassos retumbantes,um atrás do outro. É claro que nem tudo foi tão ruim e os anos 2000 serviram para comprovar que o ex-galã mantinha seu talento mesmo por trás do ego inflado. Aos poucos foi reconquistando sua posição como bom ator e diretor que é. Algo que seus 33 prêmios e 33 indicações (e, é claro, deixando de lado suas 16 lembranças ao Framboesa de Ouro) atestam para quem quiser comprovar. Tanto que o astro foi homenageado agora em 2015 pelo Critics Choice Awards com o prêmio Lifetime Achievement pelo conjunto da obra. Por essas e pelo aniversário de Costner no dia 18 de janeiro, a equipe do Papo de Cinema resolveu homenageá-lo lembrando seus cinco melhores e mais aquele que merece uma nova revisão. Confira!

 

Os Intocáveis (The Untouchables, 1987)
Quem não lembra de Robert De Niro como Al Capone neste longa-metragem de Brian de Palma? E de Sean Connery? Temos aqui uma obra-prima do cinema que vive a história pela história. Os bandidos despertam a raiva, os heróis, a torcida do espectador. Connery e De Niro chamam a atenção com seus momentos de brilhantismo em cena, é verdade, o primeiro – vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante pelo papel – como membro do grupo de policiais que dá título ao filme, todos na caça do último, um poderoso e perigosíssimo mafioso. Mas entre eles temos Eliot Ness, o responsável por unir esta força tarefa para acabar com o crime em Chicago. Vivido pelo nosso homenageado, Ness é o típico herói de índole inabalável, que conta com seu mentor e com um vilão que é a encarnação do mal. Assim, o filme não deixa de ser um exemplo do uso exímio dos arquétipos clássicos e que, vivido por Kevin Costner, é abraçado sem medo da tarefa de tornar interessante o mais batido dos tipos no cinema. – por Yuri Correa

 

Dança com Lobos (Dances with Wolves, 1990)
Este filme abriu a década de 1990 vencendo sete Oscars, entre eles o de Melhor Filme e o de Melhor Direção para Kevin Costner. A polêmica foi que o astro, então estreante na cadeira de diretor, derrotou Martin Scorsese com seu jovem clássico Os Bons Companheiros (1990), o que estigmatizou injustamente o faroeste revisionista. Este grande épico western não foi apenas parte de um processo de revitalização de um gênero até então tido como obsoleto, mas também agente de uma transformação sociocultural da imagem do nativo americano, em especial dos grupos étnicos sioux, que viram seu povo retratado de uma maneira que foge ao estereótipo sanguinário e ignorante que acostumaram-se a ver no cinema americano. Apesar do filme ainda dar o protagonismo ao herói branco tenente John Dunbar como o salvador da pátria indígena, o que gerou certa controvérsia na época, persiste como um dos poucos filmes a tentar tratar a cultura indígena, dos costumes ao idioma, com respeito e verossimilhança. Costner interpreta o oficial de cavalaria que, após se destacar como herói na Guerra Civil Americana, lança-se na solitária missão de estabelecer ligações político-sociais com um grupo de índios sioux. O que, originalmente, deveriam ser táticas de aproximação militar, tornam-se laços de amizade com o povo que o adota. Independente das comparações supérfluas ocasionadas por premiações, este é um filme que merece ser visto, revisto e discutido, além de um grande marco na carreira de Costner, que nunca voltou a dirigir um filme com tamanha ambição e consistência. – por Giordano Gio

 

JFK: A Pergunta que não quer Calar (JFK, 1991)
Antes de naufragar sua carreira com épicos pomposos e que pouco tinham a dizer como Waterworld (1995) e O Mensageiro (1997), Kevin Costner costumava protagonizar ótimos trabalhos. Alguns eram bons por causa dele. Outros, apesar dele. Este aqui, felizmente, está no primeiro time. Costner foi indicado ao Globo de Ouro por sua performance como o promotor público Jim Garrison, homem que tenta provar sua teoria a respeito do assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy. Curiosamente, o papel quase não ficou nas mãos do ator. Oliver Stone enviou o roteiro para Harrison Ford e Mel Gibson, assim como para Costner que, primeiramente, recusou o papel. Foi só com muita insistência do diretor e do agente do ator que ele acabou aceitando participar do longa-metragem. O resultado foi bastante positivo. Costner consegue segurar muito bem o texto quilométrico do roteiro de Stone e de Zachary Skylar, sendo uma de suas grandes performances no cinema. Com boa bilheteria, foi indicado a oito prêmios da Academia (incluindo Melhor Filme, tendo vencido Fotografia e Edição) e a quatro Globos de Ouro (vencendo na categoria Direção). – por Rodrigo de Oliveira

 

Treze Dias que Abalaram o Mundo (Thirteen Days, 2000)
Kevin Costner foi de estrela de Hollywood ao ostracismo rapidamente. Poucos anos depois do sucesso com o épico Dança com Lobos (1990), o ator e diretor viveu o fracasso com Waterworld (1995) e perdeu um pouco de seu prestígio. No entanto, nos anos 2000, seus trabalhos em filmes como Pacto de Justiça (2003) e A Outra Face da Raiva (2005) reviveram um pouco dos tempos áureos com premiações, indicações, boas críticas e sucesso. Aqui o encontramos em uma outra destas produções, na qual Costner vive Kenny O’Donnell, assessor do presidente John Kennedy, no longa que retrata a crise dos mísseis de Cuba, um dos episódios mais marcantes da Guerra Fria. Com o conhecido charme de homem comum e tipicamente estadunidense, o ator encarna e executa bem o papel de um pai de família sereno que está vivendo o extremo estresse com o trabalho de tentar evitar um conflito de proporções gigantescas. Ele está abatido pela situação, chateado pelos longos dias longe da família, é humilde e, ao mesmo tempo, amigo e funcionário do presidente. Nada heroico, tampouco mártir, mas com certeza mais próximo da realidade. É bem verdade que Costner tem suas derrapadas, como na cena em que “dirige” o carro enquanto conversa com o irmão do presidente, além da voz fanha em alguns momentos, mas nada que atrapalhe sua boa atuação no longa. – por Gabriel Pazini

 

Promessas de um Cara de Pau (Swing Vote, 2008)
Este longa é quase um retorno às origens dos filmes políticos e bem humorados de Frank Capra como A Mulher Faz o Homem (1939), onde um protagonista ingênuo tem a chance de mudar os rumos da política do país. O papel da vez cabe a Bud Johnson (Kevin Costner), um beberrão que, no dia das eleições, esquece de tudo, o que faz a filha, Molly (Madeline Carroll) tomar o lugar do pai para votar na última hora. Porém, uma pane no sistema, justamente durante seu voto, faz com que ele não seja computado. E o pior: a eleição está empatada. Com isso, Bud vai precisar decidir quem assumirá o comando dos EUA e verá todo o jogo sujo utilizado pelos políticos para garantir esta posição. O longa pode até pecar em alguns momentos pela ingenuidade, especialmente no clímax, mas ainda é muito acima da média. E muito se deve a atuação de Costner, que abraça seu personagem de forma leve, descontraída, mas nem por isso com menos intensidade, seja no seu falar bêbado em boa parte do tempo ou na construção do caráter emocional, além da falta de glamour, que deixa o ator longe da sua aura de galã de tempos passados. Se alguém duvidava do talento do astro, especialmente na comédia, está aí uma das maiores provas de que seu talento permanece intacto – só precisa de uma boa chance. – por Matheus Bonez

 

+1

A Outra Face da Raiva (The Upside of Anger, 2005)
Na virada dos anos 1980 para os 1990, Kevin Costner chegou ao posto de maior astro de Hollywood. O passar dos anos, no entanto, não foram tão positivos para ele. Na chegada do novo século Costner precisou se reinventar tanto quando cineasta quanto como ator. No primeiro caso, a mudança começou com o faroeste Pacto de Justiça (2003), um longa correto, com boas atuações e respeitoso ao gênero. E enquanto intérprete um dos passos iniciais rumos a essa reestruturação pessoal veio deste drama familiar estrelado por uma excelente Joan Allen, aqui como uma mulher abandonada pelo marido que se joga no álcool como forma de lidar com suas mágoas. Acontece que ela tem uma família com quatro filhas e muitos outros problemas, e precisa encontrar um jeito de dar a volta por cima. Kevin Costner faz parte desse processo de recuperação, como o vizinho galã que se encantará por ela e a fará rever suas opções de vida. Se o show maior é dela, cabe a ele o mérito de compor um personagem discreto e eficiente, que cumpre seu papel à contento, criando a simpatia necessária para conquistar o espectador. Um tipo bem distante do megalomaníaco dos tempos de Waterworld (1995). Ponto para ele! – por Robledo Milani

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