Nascida em 24 de maio de 1960, em Cornwall, Kristin Scott Thomas é uma talentosa atriz britânica de coração francês. Desde os 19 anos reside em Paris, dividindo sua carreira entre sua terra natal, os Estados Unidos e sua tão amada França. Estreou no cinema em uma produção capitaneada pelo músico/ator/cineasta Prince, Sob o Luar da Primavera (1986), mas teve seu estouro no Reino Unido com sua atuação em Um Punhado de Pó (1988), pelo qual venceu pela primeira vez o Evening Standard British Film Awards. Desde então tem conquistado os espectadores com suas performances cheias de carisma e segurança. Curiosamente, em 1992, estrelou ao lado de Hugh Grant o longa-metragem Lua de Fel, de Roman Polanski, em uma interpretação que lhe deu sua única indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Atriz. Algo exagerado, como vocês podem conferir em nossa lista. Com Grant, ela viria a trabalhar novamente no megassucesso Quatro Casamentos e um Funeral (1994), longa que solidificou sua carreira fora da Europa. Em 1996, veio a primeira participação em um blockbuster americano, Missão: Impossível, e a indicação ao Oscar por sua interpretação em O Paciente Inglês – o filme vencedor da estatueta principal daquele ano. Por falar em prêmio da Academia, Kristin atuou em outro longa-metragem indicado ao grande louro da festa: Assassinato em Gosford Park (2001), em mais uma elogiada performance – algo corriqueiro em uma carreira de pouco mais de 30 anos. Neste especial compilado pelo Papo de Cinema, comemoramos o aniversário desta talentosa atriz escolhendo seus cinco melhores filmes – e mais um, que foi mal visto na época, mas merece uma segunda chance. Confira!
Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral, 1994)
Nesta produção lançada em 1994 e dirigida por Mike Newell, acompanhamos o jovem e charmoso britânico Charles (Hugh Grant) durante os quatro casamentos e o funeral do título, em sua jornada para conquistar a bela americana Carrie (Andie MacDowell). Grande sucesso do cinema inglês, a comédia romântica é lembrada pela química do casal principal e pelo seu ótimo texto. No Oscar, foi indicado ao principal prêmio da noite e na categoria de Melhor Roteiro. Mas o BAFTA, o principal louro cinematográfico da terra da Rainha, viu além. Enxergou em uma personagem coadjuvante uma intérprete muito acima da média, em um papel que traz muita verdade e intensidade para aquele romance cômico. Esse alguém é Kristin Scott Thomas que, nesta produção, vive a cínica e fiel amiga de Charles, Fiona. Guardando para si sentimentos muito mais fortes que amizade, a bela mulher acaba sempre sobrando nestes tantos casamentos. Embora tenha um amor grande guardado, ela nunca perde sua elegância – uma máscara de autodefesa que surge nos momentos mais emotivos. Por sua atuação, Kristin levou o BAFTA como Melhor Atriz Coadjuvante, bem como a honraria de Melhor Atriz no Evening Standard British Award. – por Rodrigo de Oliveira
O Paciente Inglês (The English Patient, 1996)
Nesta realização do diretor Anthony Minghella, Kristin Scott Thomas interpreta Katharine, o interesse amoroso de Almasy, personagem de Ralph Fiennes, homem que se recupera de graves ferimentos ocasionados pela guerra. Ele narra à enfermeira vivida por Juliette Binoche esse envolvimento tão proibido quanto intenso. Em meio às feiuras do conflito, cujos efeitos são simbolizados pelas queimaduras do protagonista, surge uma paixão avassaladora, que trata de juntar Almasy e Katharine, ela então esposa do melhor amigo dele. A qualidade das interpretações é um dos pontos altos deste filme, por isso mesmo, tanto Fiennes quanto Scott Thomas foram indicados ao Oscar, enquanto Juliette Binoche levou para casa sua única estatueta dourada, a de coadjuvante. Dentro do conjunto dos grandes trabalhos de Kristin Scott Thomas, esse se destaca pelo classicismo, justamente por estar inserido num filme mais alinhado com os dramas românticos da Hollywood de outrora, de quem é tributário, nos quais os mocinhos eram figuras virtuosas. Pena os votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não terem levado em consideração a qualidade dessa composição repleta de nuances, que, sem dúvidas, merecia a láurea maior do cinema norte-americano. – por Marcelo Müller
Há Tanto Tempo Que Te Amo (Il y a longtemps que je t’aime, 2008)
A claustrofobia causada por segredos do passado podem destruir uma alma. Juliette Fontaine (Kristin Scott Thomas) vive este peso todo dia, por mais de 15 anos, período em que passou presa por um crime que só será revelado aos poucos nesta trama. Isto se deve porque o motivo e o modo como foi realizado não importam, e sim o quanto os fatos a consomem. Já liberta, a personagem precisa se readaptar ao mundo. O cenário é a região francesa de Lorena, que, por conta da fronteira com Alemanha, Bélgica e Luxemburgo, é um choque de culturas. E este choque é recebido diretamente pela protagonista da história. A câmera do então estreante Philippe Claudel foca no rosto de Thomas a todo momento para mostrar a força das expressões faciais da atriz e como elas refletem os sentimentos guardados e pouco explícitos. Os diálogos são o de menos aqui. A atuação da nossa homenageada se reflete no físico, na expressão corporal, algo que os close-up constantes (e até cansativos, alguns podem dizer) demonstram em grande parte da narrativa. Tal trabalho rendeu não apenas elogios como indicações a prêmios, como o de Melhor Atriz em Drama no Globo de Ouro. O que ainda é pouco para reconhecer uma performance tão intensa num filme que poderia ser menor sem a presença da diva. – por Matheus Bonez
O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, 2009)
Quem conhece um pouco da história de John Lennon sabe que ele não teve um contato muito estreito com sua mãe. Julia o deixou aos cuidados da irmã, Mimi, que tomou conta do rebelde garoto desde tenra idade. Autoritária, Mimi fez o que pode para dar um jeito naquele rapaz que preferia passar o tempo ouvindo música, do que estudando; na rua, do que dentro dos livros. Mal ela sabia que aquele rapaz se tornaria o líder de uma das principais bandas da história da música. No filme de Sam Taylor-Johnson, o jovem Aaron Taylor-Johnson vive John Lennon e a premiada Kristin Scott Thomas interpreta a Tia Mimi. Enquanto o garoto convence sem maiores problemas como a versão juvenil do ex-beatle, conquistando o espectador tão logo a história engrena, Thomas tem uma tarefa mais complicada. Ela precisa viver uma mulher que se mostra, várias vezes, uma barreira para Lennon alçar voos artísticos. Por sua visão conservadora, é muito fácil não compactuar com suas ideias. No entanto, a atriz consegue dar coração a Mimi, nos trazendo para o seu lado. Ainda mais quando Julia (Anne-Marie Duff) entra na equação. Pelo papel, Kristin foi indicada ao BAFTA, ao British Independent Film Awards e ao Satellite Awards. – por Rodrigo de Oliveira
Apenas Deus Perdoa (Only God Forgives, 2013)
Após o sucesso de Drive (2011), muitos aguardavam o seguinte título de Nicolas Winding Refn com grande expectativa, já que o longa havia sido um grande sucesso de crítica. Quando este filme chegou, causou comoção para ambos os lados, pois a história e as imagens são muito mais fortes do que poderia se esperar. Polêmicas à parte, com Ryan Gosling sendo criticado por repetir o espectro do motorista do longa anterior ou pelo excesso de sangue, a nossa homenageada foi a unanimidade positiva. Não houve quem pudesse falar mal de Kristin Scott Thomas como Crystal, a mãe de Julian (Gosling) e Billy (Tom Burke). Pois este segundo foi morto após estuprar e assassinar uma jovem e tudo que a matriarca quer é vingança pela queda de seu filho favorito. Cruel, austera, impositiva. Muitos adjetivos fortes poderiam se enquadrar na definição da personagem e, especialmente, da performance de Thomas, que desta vez se encontrou numa posição quase inédita de sua carreira, como uma “vilã” (entre aspas porque o termo não é dos mais adequados para definir um filme sem mocinhos e bandidos). As dúvidas sobre a narrativa podem pairar ao término da sessão, mas a figura impactante da atriz não deixa questionamentos sobre seu talento nas telonas. – por Matheus Bonez
+1
Lua de Fel (Bitter Moon, 1992)
Kristin Scott Thomas aparentemente é mera coadjuvante sem muita importância neste filme de Roman Polanski. Fiona é uma inglesa apagada, oposta ao vulcão Mimi, interpretado por Emmanuelle Seigner, cujo corpo escultural e a aura de lascívia hipnotizam e desorientam seu marido, vivido por Hugh Grant. Em meio ao jogo de sedução que ameaça tirar irremediavelmente do prumo esse homem até então seguro, a esposa vai ficando para trás, como que destituída de uma função determinante, servindo apenas de contraponto recatado à francesa despudorada. Tudo muda próximo do fim, na cena emblemática em que Scott Thomas demonstra todo o seu talento e a sua sensualidade na cena da dança com Seigner ao som de Slave To Love, hit de Bryan Ferry. O olhar perplexo do homem impotente ante à força da sexualidade feminina é um indício do valor, enquanto instância simbólica, desse fragmento em que a insuspeita ousadia da personagem de Scott Thomas irrompe para reafirmar a fragilidade do macho. Polanski realiza uma obra com alta voltagem erótica, não à toa conferindo a uma atriz do calibre de Kristin Scott Thomas o papel essencial ao final inesperado, que transborda volúpia por todos os poros. – por Marcelo Müller
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