Lázaro Ramos ganhou o Kikito de Melhor Ator do Festival de Gramado 2005 pelo protagonismo deste longa-metragem dirigido por Clóvis Bueno e Paulo Betti. Interpretando João de Camargo, ex-escravo que desde os tempos da senzala era considerado diferente, o baiano levou para casa, portanto, um dos prêmios mais importantes do circuito brasileiro, consolidando de vez seu nome entre os artistas do cenário nacional. Aqui, Lázaro dá vida a um personagem real, bastante celebrado no interior do Brasil, especialmente em Sorocaba, São Paulo, alçado à categoria de santo popular por conta dos milagres a ele atribuídos. Alforriado, João se tornou trabalhador rural, foi soldado na Revolução Federalista e sucumbiu ao alcoolismo ao mesmo tempo em que recebeu o chamado à sua missão religiosa. Um dos aspectos mais relevantes do filme, afora o registro dessa personalidade histórica fascinante, é a deflagração do sincretismo religioso, muito caro à cultura do país, afinal de contas João de Camargo fundiu cristianismo, candomblé e cardecismo para falar das coisas além da compreensão humana. Lázaro o vive da adolescência à velhice, dando conta do recado, inclusive no que diz respeito às transformações sofridas pelo homem ao longo dos anos. Embora a realização não tenha sido tão elogiada pela crítica, e pouco vista pelo público, é importante para, entre outras coisas, entendermos a justa ovação à carreira de Lázaro Ramos.
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