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5+1 :: Leandra Leal

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Neta do produtor cultural Américo Leal e filha da atriz Ângela Leal, Leandra Leal foi influenciada desde cedo pelos holofotes. Começou no teatro aos sete anos de idade e na televisão com oito anos, quando participou do último capítulo da novela Pantanal, em que sua mãe também trabalhava. A atriz já fez 22 filmes, 29 projetos televisivos e dezenas de espetáculos teatrais. Além de tudo, já foi premiada 28 vezes, a maior parte no cinema. Tanto currículo para pouca idade rendeu, em 2015, a condição de homenageada no 25º Cine Ceará. No dia 8 de setembro, a intérprete comemora mais um aniversário. E para comemorar seu talento, a equipe do Papo de Cinema escolheu cinco de seus melhores trabalhos – e mais um em que ela pode ser coadjuvante, mas fez um grande sucesso. Confira!

 

A Ostra e o Vento (1998)
Ainda muito jovem, a atriz Leandra Leal, deu indícios de seu talento neste filme lírico de Walter Lima Jr, vencendo, entre outros prêmios, o de Melhor Atriz no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. Ela interpreta uma menina que vive com o pai numa ilha distante, alheia ao mundo exterior, às suas agruras, mas também às suas benesses. Responsável pela manutenção do farol local, o homem sufoca a filha com um amor autoritário e extremamente possessivo. Impossibilitada de outros contatos, a não ser esporádicos e, ainda assim, mediados pela presença do pai, ela se apaixona pelo vento. Leandra Leal não se acanha frente os tarimbados Lima Duarte e Fernando Torres, por exemplo, trocando gradativamente os gestos e o semblante de menina inocente pela malícia inerente ao crescimento. Apartada do resto, encerrada numa casulo tão protetor quanto claustrofóbico, ela anseia por descobrir novos horizontes que não os iluminados pelo zelo do pai faroleiro. Poético, o filme se beneficia do choque entre a interpretação áspera de Lima Duarte e a singeleza repleta de nuances do trabalho de Leandra Leal. Dali para diante, ela provou não ser um talento ocasional. – por Marcelo Müller

 

Nome Próprio (2007)
Prova inegável de que Murilo Salles é um cineasta que não se permite ficar acomodado nos louros do passado, este filme significou um novo começo para sua carreira, que reencontrou uma fatia inédita de público interessada no que tinha a dizer. Para tanto, é importante reconhecer que ele não estava sozinho: ao seu lado havia a voz de Clarah Averbuck, a jovem autora do livro no qual este longa se baseia, e o talento de Leandra Leal, que se entregou de corpo e alma para dar vida à protagonista, um tipo que emula nos seus dramas e atitudes o perfil e as características da escritora, fazendo de uma o reflexo da outra. Como uma garota trancada no seu próprio mundo – tanto físico, em um apartamento que parece se fechar diante suas constantes indagações, quanto psicológico, entre indecisões sobre qual rumo seguir tanto emocional quanto profissionalmente – Leal revela uma maturidade assustadora, numa habilidade de lidar com o interno e com o externo da personagem como poucas outras intérpretes seriam capazes de fazer. O kikito de Melhor Atriz que recebeu no Festival de Gramado – o primeiro dos dois que acumula até o momento – foi um reconhecimento tão óbvio quanto merecido. – por 

 

Estamos Juntos (2011)
Leandra Leal, após desempenhos elogiados em filmes como Nome Próprio (2007), A Ostra e o Vento (1998), O Homem que Copiava (2003) e Cazuza: O Tempo Não Para (2004), tem aqui uma de suas melhores performances na tela grande, refazendo com Cauã Reymond a mesma dupla já vista no ótimo Se Nada Mais Der Certo (2008). Ela é uma médica residente, solitária e introspectiva, que está prestes a enfrentar o maior desafio de sua vida: um câncer que evoluiu em tumor e poderá obstruir todos os seus planos futuros. A situação pela qual passa ganha um outro contorno ao nos depararmos com a figura de um misterioso rapaz que vive com ela. A atuação de Lee Taylor, séria e compenetrada, eleva o que vemos a uma esfera ainda mais crítica: seria sonho, alucinação, nostalgia, lembrança, memória ou fantasia? Estamos, de fato, todos juntos, independente do plano astral, ou tudo não passa de mera utopia? O longa foi o grande vencedor do Cine PE – Festival do Audiovisual, levando 7 calungas, entre eles os de Melhor Filme, Prêmio da Crítica, Direção e, é claro, Atriz (Leal), prêmio mais que merecido para a nossa homenageada.  – por 

 

Éden (2013)
Foram apenas duas semanas de gravações. Nem por isso, a pressa que aparentemente se deu na realização deste longa-metragem comandado por Bruno Safadi transparece na tela. Muito pelo contrário. Dando tempo ao tempo para seus personagens se desenvolverem, em trabalhos maiúsculos do trio principal formado por Leandra Leal, João Miguel e Julio Andrade,, este filme é o típico exemplar de obra que fica com espectador depois de ele ter deixado a sessão. Cada vez que se pensa no que assistiu, mais interessante ele fica. Crescendo a cada nova conferida, o longa tem uma atuação marcante de Leandra Leal, vivendo uma mulher que acabou de perder seu marido na violência da cidade grande e acaba buscando refúgio em uma igreja evangélica. Lá, ela conhecerá o hiperbólico pastor vivido por João Miguel, que a aproximará de um criminoso potencialmente arrependido, homem que tirou a vida de seu marido. Leal é especialista em papéis que pedem carga dramática acentuada e seu mergulho no papel é visível, dando-lhe seu segundo kikito de Melhor Atriz. Destaque para a cena da karaokê, na qual ela canta de forma triste e singela o sucesso oitentista “True”, do grupo Spandau Ballet. – por Rodrigo de Oliveira

 

O Lobo Atrás da Porta (2013)
O filme de Fernando Coimbra detém-se sobre pessoas fadadas à tragédia. Entre elas, a mais desgraçada é a personagem de Leandra Leal, mulher que se envolve com um homem casado, passado posteriormente o pão que o diabo amassou. Em meio aos depoimentos sobre o desaparecimento de uma garotinha, somos convidados a montar um quebra-cabeça repleto de peças sórdidas, encaixadas por força do humano e do acaso, cuja imagem resultante é a da barbárie infiltrada no cotidiano. Leandra Leal demonstra uma entrega física e emocional admiráveis, sem pudores de mostrar o corpo nos instantes de paixão, nem muito menos de investigar a fundo a escuridão de sua personagem. Amada, enganada, agredida e violentada, ela passa de vítima à agressora, num torpor próprio de quem teve sua dignidade vilipendiada. A passionalidade dá lugar à frieza, a expressividade cede espaço à introspecção dos que agem teleguiados pelo ódio. Apenas uma atriz com os recursos de Leandra Leal é capaz de dar conta desse turbilhão de momentos, dessa montanha russa de sensações que irradiam da tela e inquietam o espectador. Uma das interpretações mais fortes do cinema brasileiro nos últimos tempos, coroação de um talento lapidado desde cedo. – por Marcelo Müller

 

+1

O Homem que Copiava (2003)
Em seu segundo longa-metragem, o cineasta Jorge Furtado expande sua fórmula de encadeamento de referências, visual estilizado e humor afiado, para contar a história de André (Lázaro Ramos), rapaz simples que trabalha como operador de fotocopiadora em uma papelaria. Apaixonado por sua vizinha, Sílvia (Leandra Leal), mas sem dinheiro para comprar uma peça de roupa na loja onde a garota trabalha, André resolve utilizar a copiadora de seu trabalho para falsificar uma nota de 50 reais, ideia que desencadeia uma série de eventos que irão mudar sua vida. A trama se alterna entre diversos gêneros, indo do romance/comédia ao suspense/policial de modo envolvente, mesmo que por vezes essas mudanças não sejam tão naturais quanto poderiam. Ainda assim, o longa se sustenta pela direção segura, os diálogos inteligentes e seu ótimo elenco, que tem mesmo em Leandra Leal a peça-chave para seu sucesso. Além de musa e objeto de desejo do herói, Sílvia é também a personagem com o arco dramático mais complexo, e responsável pela derradeira reviravolta do filme, caminhando entre a fragilidade e a força. Características que a atriz defende com muito talento e carisma. – por Leonardo Ribeiro

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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