O sucesso alcançado com Plata Quemada levou Leonardo Sbaraglia a ser convidado para a sua primeira incursão numa produção totalmente europeia, que, de imediato, lhe valeu a conquista na categoria de Ator Revelação dos Prêmios Goya, a mais tradicional láurea cinematográfica espanhola. Neste intrigante suspense, estreia do diretor Juan Carlos Fresnadillo, o argentino vive Tomás, único passageiro a sair ileso de um desastre aéreo de grandes proporções. Encontrado em posse de dinheiro obtido num assalto, Tomás fica sob a custódia da policial Sara (Mónica López), que também guarda uma tragédia em seu passado, vendo na proposta do misterioso Federico (Eusebio Poncela) o meio para escapar da prisão. A partir daí, o protagonista é levado a um submundo onde a sorte é tratada como um dom, e pessoas afortunadas, como Samuel “O Judeu” (Max von Sydow), sobrevivente dos campos de concentração, apostam essa habilidade em jogos cada vez mais perigosos. Com grande senso visual, Fresnadillo conduz habilmente seu thriller, sobrepondo algumas inconsistências do roteiro com uma criação de atmosfera eficiente e um ótimo trabalho de atores. Nesse quesito, Sbaraglia se impõe entre seus companheiros de cena, compondo um personagem que trafega por diversos picos emocionais: da incredulidade e resistência inicial, passando pelo prazer da adrenalina da vitória e por uma crescente ambição advinda da noção de poder, até uma virada no ato final que lhe oferece novas motivações. Transmitindo credibilidade em todas as fases dessa jornada, Sbaraglia entrega uma atuação digna dos elogios recebidos. – por Leonardo Ribeiro