Um dos sucessos mais recentes do cinema argentino, este thriller dirigido por Martin Hodara carrega como grande trunfo não a interpretação ameaçadora de Ricardo Darín, parceiro habitual do realizador e nome de maior destaque em toda a divulgação do filme. Antes, quem realmente chama atenção é, de fato, Leonardo Sbaraglia, verdadeiro protagonista dessa história sobre irmãos que guardam como segredo de sangue um terrível acidente no passado em comum. É ele que decide retornar à casa onde nasceram, que volta a entrar em contato com o irmão mais velho que há muito havia deixado para trás e é também quem insiste em negar a verdade sobre o que viveram tanto tempo antes, sob o jugo de um pai severo e autoritário e uma mãe ausente. Sbaraglia aperfeiçoa seu tipo galanteador, porém frágil, assim como em Relatos Selvagens, No Fim do Túnel (2016) ou O Silêncio do Céu, figuras essas que encarou mais ou menos na mesma época e que, apesar das adversidades que lhe apresentavam e de uma evidente vontade de fugir do conflito, precisava encará-lo e mostrar sua força e valor. É um personagem dúbio, do qual se pode esperar qualquer coisa. E é justamente essa imprevisibilidade que o torna a presença mais interessante de toda a trama. – por Robledo Milani