Apesar de hoje ser um dos nomes mais conhecidos do cinema argentino, inclusive por sua relação com a produção brasileira, Leonardo Sbaraglia não tinha esse apelo todo até os anos 2000, mesmo com uma carreira de mais de dez anos. Porém, este filme de Marcelo Pineyro chegou como um divisor de águas em sua carreira. Nessa adaptação do romance de Ricardo Piglia, nosso homenageado é Nene, sujeito que vive do crime ao lado do namorado, Angel (Eduardo Noriega). A história mostra o casal contratado para planejar o assalto a um carro forte no Uruguai, tendo como parceiro o motorista Corvo (Pablo Echarri). Só que tudo dá errado e policiais são mortos na ação. O trio precisa se esconder num apartamento até conseguir uma maneira de fugir para o Brasil. Só que o problema é ainda maior para a estabilidade do casal, pois Angel se recusa a fazer sexo por conta de vozes que ouve em sua mente. Essa questão acaba se tornando muito mais o foco do filme, que utiliza o roubo desastrado como pano de fundo e metáfora de um relacionamento desgastado. Nene acaba se envolvendo com uma mulher, como fuga psicológica, o que aprofunda ainda mais a crise com o seu amante. O longa é tido por muitos como um Bonnye & Clyde versão LGBT, em virtude da junção de crime, sensualidade e tragédia. Porém, é muito mais. O personagem de Sbaraglia até poderia ficar apagado devido à esquizofrenia do parceiro de cena, mas sua atuação realista faz com que Nene apenas cresça na tela. O talento do ator sobressai de tal forma que o público se identifica ainda mais com o protagonista, especialmente com suas dúvidas e autocrítica. Um trabalho reconhecido internacionalmente que fez o nome do intérprete começar a brilhar ainda mais mundo afora. – por Matheus Bonez
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