O longa-metragem de Damián Szifrón é um daqueles fenômenos que conjugam aprovação do público e de boa parte da crítica. Feito de segmentos que mostram a que ponto o ser humano pode chegar em sua selvageria, ele possui alguns momentos comicamente bizarros, especialmente a interação do personagem de Leonardo Sbaraglia com um desconhecido na estrada. Tudo começa como um desentendimento normal entre motoristas de sangue quente. Mas, o xingamento preconceituoso do endinheirado Diego (Sbaraglia) abre as portas à violência. Ele passa, então, a ser perseguido pelo oponente que chega a defecar no capô do carro e ameaçar a sua integridade física. Sbaraglia interpreta esse sujeito arrogante que logo depois demonstra medo diante do encurralamento dentro do próprio automóvel para, finalmente, deixar vir à tona a barbárie adormecida. Ao invés de simplesmente ir embora, de deixar para lá a briga de trânsito que poderia se encerrar com gritos e insultos, ele dá meia volta e resolve se tornar agressor, partindo para cima de seu antes algoz com uma voracidade praticamente assassina. Bom, o resultado é tão engraçado quanto macabro, méritos, também, da maneira como o nosso homenageado e Walter Donado, seu colega de cena, interpretam essas duas personalidades inflamadas por um desentendimento banal. Por protagonizar tão bem uma das partes mais bem resolvidas do filme, Sbaraglia, já um veterano no que tange ao cinema, chamou novamente a atenção internacional. Não é para menos, afinal sua interpretação nos conduz por essa senda tão insana quanto patética. – Por Marcelo Müller
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