Se no início dos anos 1990, com Fernando Collor assumindo a presidência do Brasil, o cinema nacional foi declarado morto, este foi o longa que, cinco anos depois, mostrou que havia esperança de um recomeço. Os primeiros sinais de recuperação vieram na forma de uma tragicomédia histórica que tinha como foco os mandos e desmandos da esposa de Dom João VI, a princesa espanhola de temperamento explosivo que se viu obrigada a se refugiar na colônia mediante a invasão de Napoleão. Marieta levou até às últimas consequências a construção de uma personagem detestável, mas, ainda assim, hipnotizante, abusando da sátira e do politicamente incorreto. Foi uma das primeiras vezes em que os brasileiros tiveram a oportunidade de olhar para a própria história sem o ranço dos livros didáticos empoeirados. Ao lado de nomes como Marco Nanini – que se tornaria um dos seus grandes parceiros – e Marcos Palmeira, ela foi fundamental para que a diretora Carla Camurati (novamente, uma cineasta estreante) realizasse não apenas um longa competente, mas, também, de grande ressonância junto ao público: foram mais de 1 milhão e duzentos mil espectadores, numa época em que praticamente não se faziam filmes por aqui. Um raro sucesso de público e de crítica mais do que merecido.
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