Com Licença, Eu Vou à Luta (1986)

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Robledo Milani

No longa de Lui Farias – estreia do filho de Roberto Farias como diretor – a protagonista pode ser uma jovem Fernanda Torres (com apenas 20 anos na época), mas quem, de fato, rouba todas as cenas é Marieta Severo, como uma mãe amarga e dominadora que controla essa filha desesperada para mostrar o seu valor e ir de encontro a uma vida que, aparentemente, não lhe estava reservada. Nos subúrbios do Rio de Janeiro encontramos essa família disfuncional cujo centro é a relação problemática entre essas duas mulheres, cada uma no melhor do seu jogo. Torres ganharia o prêmio de Melhor Atriz no prestigiado Festival de Cannes no mesmo ano, por Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), mas a verdade é que no longa de Arnaldo Jabor ela não tinha de enfrentar esse verdadeiro duelo com Severo. Tanto que no Festival de Gramado quem acabou sendo consagrada como Melhor Atriz foi Marieta, além do filme ter recebido ainda os kikitos de Som e Roteiro. Um desempenho impressionante, seja por sua dedicada composição de uma mulher de interior seco e sofrido, como também pela verdadeira aula de atuação que termina por oferecer à sua colega de elenco. Um trabalho sem igual, que até hoje ressoa como um dos pontos altos de uma carreira não menos do que brilhante.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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