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5+1 :: Marilyn Monroe

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Marilyn Monroe é uma das estrelas mais controversas de Hollywood. Mesmo tendo partido há mais de meio século, a musa virou ícone da cultura pop e inspirou mulheres de sucesso e de forte personalidade que surgiram dentro e fora dos cinemas. A beleza, o charme, a sensualidade e até a ingenuidade foram traços marcantes desta atriz que teve pouco tempo de sucesso em vida, mas revelou ao mundo um outro significado para a palavra diva. Norma Jeane Mortenson (para quem não sabe, a verdadeira alcunha de Marilyn) foi casada três vezes: com James Dougherty, Joe DiMaggio e o dramaturgo Arthur Miller. Boatos sempre correram sobre supostos casos com os irmãos Robert e John Kennedy, na época presidente dos Estados Unidos, que teria sido a última pessoa a falar com ela antes de seu suposto suicídio. Até hoje, teorias de homicídio e overdose acidental circulam os boatos sobre sua morte. Porém, para celebrar a data de nascimento da diva neste 1º de junho, a equipe do Papo de Cinema resolveu homenageá-la com uma seleção comentada dos seus cinco melhores filmes, além de mais um especial, fundamental para a história do cinema e também para a carreira da estrela, mas do qual poucos lembram de sua presença nele. Confira!

 

Almas Desesperadas (Don’t Bother to Knock, 1952)
Muito se fala, e com razão, acerca da exuberância cativante de Marilyn Monroe. Talvez em medida semelhante, há quem faça questão de tentar diminuir o seu talento dramático, listando a quantidade de papeis semelhantes, nos quais ela interpreta a típica “loira burra”, sexualmente atraente, mas limitada intelectualmente. Ora, os detratores esquecem que Marilyn, a despeito de quaisquer limitações, mesmo que tivesse feito apenas um papel, o desempenhou como ninguém. Billy Wilder dizia que a câmera era evidentemente apaixonada por ela. E nós sentimos esse magnetismo incomum.  Pois bem, mas neste longa-metragem de Roy Ward Baker, a nascida Norma Jean apresenta um trabalho cala-boca aos opositores mais ferrenhos. Vivendo uma mulher mentalmente perturbada, cuja função de babá num hotel de luxo serve para reinseri-la socialmente, a diva mostra grandeza como atriz. Da inocência ela se vale novamente, mas para tornar ainda mais flagrante a ameaça de sua instabilidade psicológica. Apresentada aos hóspedes Peter e Ruth Jones (Jim Backus e Lurene Tuttle) pelo ascensorista Eddie (Elisha Cook Jr.), então preocupado com o futuro de sua sobrinha, a personagem de Marilyn entra, em meio ao trabalho, numa espiral de paranoia crescente. Que grande trabalho o da loira mais inesquecível de Hollywood. – por Marcelo Müller

 

Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, 1953)
Este talvez seja o filme mais subestimado da musa platinada, e aquele pelo qual ela ficou mais estereotipada. É daqui que surgiu a cena clássica da canção Diamonds Are a Girls Best Friends, revivida trinta anos depois por Madonna no videoclipe de Material Girl. A questão é que tanto a comédia clássica quanto sua releitura pop são extremamente irônicos, e o que querem provar é justamente o contrário do que apontam nesta tentativa de revelar o absurdo desta situação. Marilyn Monroe está perfeita como a corista que quer se dar bem casando com um milionário, mas sem guardar ilusões em relação ao príncipe do cavalo branco ou mesmo esperando por um marido perfeito. Ela sabe bem o que tem a sua disposição, e por isso mesmo joga perfeitamente com as cartas ao seu alcance. Os diálogos são deliciosos, e a condução precisa do genial Howard Hawks revela aqui um dos melhores trabalhos, tanto dele quanto dela. Combinando comédia, romance, musical, suspense, policial e até thriller de espionagem, é um filme com cenas antológicas e que funciona hoje em dia tão bem – senão melhor – quanto na época em que foi lançado. – por Robledo Milani

 

O Rio das Almas Perdidas (River of No Return, 1954)
Marilyn Monroe, captada pela primeira experiência de Otto Preminger com o CinemaScope, já é um material e tanto para a curiosidade cinéfila. Aqui, mesmo diante de todos seus problemas narrativos, Marilyn dá ao filme alguma força. Destacada em primeiros planos sedutores e com a paisagem montanhosa que a “câmera larga” do Scope ajudou a captar, ela ilumina a narrativa da obra de Preminger: lhe empresta um espírito que transcende a tela, abarca todo um imaginário estético e poético do qual o cinema tão bem se serve. Mais interessante é perceber o quanto ela se constrói em cima da iconografia de sua própria persona, fazendo do plano de fundo exatamente isso, segundo plano, base do contexto e da estrutura, mas nunca local de permanência do olhar do espectador, que precisa observar ao redor, ver o que o rodeia, estabelecer pontos de contato. Em relação a sua personagem, o que importa é sua presença, sua dança, suas lágrimas e seu ódio, ainda que o que mais coloque nosso olhar em transe seja a beleza de sua ingenuidade. – por Pedro Henrique Gomes

 

O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955)
Marilyn Monroe já estava eternizada no imaginário coletivo masculino quando Billy Wilder a elegeu para protagonizar essa comédia. Na pele de uma garota que inconscientemente seduz seu vizinho casado, a atriz emana um magnetismo impressionante e justifica em cada frame seu status como uma das mais belas estrelas que Hollywood já produziu – e colaborou para destruir. Tom Ewell, premiado com o Globo de Ouro pelo papel, faz o tipo clássico do homem de família dos anos 1950, Richard, que deixa a esposa e filho no litoral para trabalhar durante o intenso verão novaiorquino. A coceira dos sete anos de seu casamento (mencionada no título original do filme) começa quando ele conhece sua nova vizinha, uma jovem modelo inocente imortalizada nas curvas de Marilyn. O texto rápido e inteligente de Wilder dá conta de deliciosos 100 minutos de um filme que se ambienta quase que exclusivamente num único cenário. Ainda que a parceria da atriz e do cineasta seja mais lembrada por Quanto Mais Quente Melhor (1959), a imagem de Marilyn Monroe nunca foi dissociada da sequência na qual desfila com seu icônico vestido branco sobre a grade de um metrô neste filme. – por Conrado Heoli

 

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959)
Considerada a comédia mais engraçada de todos os tempos pelo American Film Institute, este é, depois da cena do vestido esvoaçante em O Pecado Mora ao Lado (1955), o filme mais lembrado de Marilyn Monroe. Na história dirigida pelo grande Billy Wilder, Jack Lemmon e Tony Curtis interpretam dois músicos de jazz em fuga depois de se afundarem em dívidas de apostas e presenciarem um assassinato. É quando decidem se vestir de mulher e aceitar um emprego em uma banda feminina de Miami, onde conhecem Sugar Kane, vocalista interpretada por Monroe. Apesar de ser considerada uma das melhores, se não a melhor, performance da atriz, nos sets de filmagens o reflexo não era esse. Marilyn passava por um momento perturbador em sua vida e carreira. De acordo com a lenda, para a cena em que diz “Sou eu, Sugar!” foram necessários 47 takes. E ainda, se comenta que em muitas das cenas a atriz precisava ler seus diálogos em cartões, pois não conseguia memorizá-los. Apesar dessas dificuldades, tudo foi contornado e Marilyn levou sua performance sexy novamente às telas de uma forma que nenhuma outra atriz conseguiria e ajudou a elevar ainda mais Wilder ao panteão dos grandes realizadores do cinema americano. – por Renato Cabral

 

+1

 

A Malvada (All About Eve, 1950)
Marilyn Monroe não era uma grande estrela quando foi chamada para uma participação no sucesso vencedor de seis prêmios Oscar, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos e com um elenco encabeçado pela grandiosa Bette Davis e por Anne Baxter. Mas afinal, com a luta da atriz experiente (Davis) com uma novata (Baxter) que quer roubar sua posição do modo mais mesquinho possível, qual espaço sobraria para Marilyn se destacar? Sua graça aparece pouco, mas chama a atenção no papel de uma aspirante a atriz. Uma presença discreta, mas que serviu para o mundo começar a ficar de olho na loira simpática e, ao mesmo tempo, estoeante, que ganharia cada vez mais destaque em seus futuros trabalhos. – por Matheus Bonez

 

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