Francesa nascida na capital do amor, Marion Cotillard tem um currículo invejável para uma atriz que, mesmo com seus 20 anos de carreira cinematográfica, só foi descoberta por Hollywood e pelo mundo após a estatueta do Oscar conferida por sua performance em Piaf: Um Hino ao Amor (2007). Ao trabalhar com nomes como Woody Allen, Christopher Nolan e Michael Mann, além de muitos outros, a intérprete é um dos nomes mais bem-sucedidos fora dos EUA ao conseguir conciliar uma carreira de respeito não só na França como também com bons papéis no mercado norte-americano.
Garota-propaganda da grife francesa Dior, Cotillard também é uma grande apoiadora das causas sociais e ambientas. Inclusive é porta-voz do Greenpeace e já recusou campanha da L’Oréal por conta de testes com animais feitos pela empresa. Com tanta beleza, talento, sensibilidade e, ainda, fazer aniversário no dia 30 de setembro, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores filmes – e mais aquele que merece um destaque. Confira!
Por Marcelo Müller
Quem era Marion Cotillard antes de Piaf: Um Hino ao Amor, cinebiografia da grande cantora francesa Edith Piaf? Digo isso do ponto de vista da percepção do grande público, pois antes do filme de Oliver Dahan ela já havia trabalhando com diretores de renome, tais como Tim Burton, Ridley Scott e Abel Ferrara, por exemplo. Mas, verdade seja dita, foi apenas depois de interpretar Piaf que ela conseguiu chamar a atenção do mundo, inclusive ganhando o Oscar de Melhor Atriz, láurea que grandes atrizes perseguem até hoje. Pois bem, Marion desempenha mesmo um trabalho impressionante ao reler a vida conturbada deste que é um dos grandes ícones culturais da França. Ela vive com a mesma visceralidade a fase áurea da carreira de La môme e sua decadência físico-emocional. Ainda que não cante – numa decisão acertada que mantém a potência da voz de Piaf em cena – sua interpretação das canções confere genuinidade aos momentos musicais, Cotillard encarna a artista em sua essência, pavimentando o caminho do reconhecimento que a levou, hoje em dia, a ser uma das atrizes mais requisitadas, das produções menores aos blockbusters.
Por Rodrigo de Oliveira
Uma ficção científica de ação que ocorre na arquitetura da mente. Era apenas esta enigmática ideia que o cineasta Christopher Nolan revelava sobre seu enigmático filme, A Origem. Muitos poderiam pensar que o diretor estava sendo zeloso ao extremo sobre o conteúdo da história. Mas não é o caso. Nolan tinha em mente, e de forma muito correta, que quanto menos o espectador souber sobre a trama, melhor será a experiência. Em uma realidade onde é possível entrar em sonhos alheios, Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um exímio ladrão de informações. Sua nova tarefa é a mais complicada de todas: entrar na mente de um herdeiro magnata e plantar uma ideia – algo muito mais difícil do que extrair informações. Sua missão será arriscada e quem pode atrapalhar tudo é Mal (Marion Cotillard), a esposa que vive em seu subconsciente depois de uma grande tragédia. A atriz, em sua primeira colaboração com o diretor (antes de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de 2012), aparece pouco, mas sua presença é sempre notada. Funcionando como uma consciência para Cobb, Mal é a lembrança de uma época boa da vida do ladrão, ainda que tenha virado um simulacro do que já foi. Interpretação intensa de uma das mais talentosas atrizes francesas do momento.
Por Thomás Boeira
Em um dos grandes sucessos da recente filmografia de Woody Allen, Owen Wilson interpreta Gil, um roteirista que está passando por um sério bloqueio criativo ao tentar escrever seu primeiro livro. Durante férias em Paris com a noiva, Inez (Rachel McAdams), Gil se apaixona pela cidade e seu ar um tanto clássico e romântico. É quando ele descobre que à meia-noite pode viajar até sua época preferida, a década de 1920, e ter contato com figuras que admira, como Ernest Hemingway (Corey Stoll), o que pode ajudá-lo com o bloqueio. Em suas andanças mágicas, Gil se encanta com Adriana (Marion Cotillard), que também é fascinada por uma época passada, no caso, 1890. É um detalhe que se revela importante para relação entre os dois personagens, causando um belo impacto no arco dramático do protagonista. E a impressão que Adriana deixa no filme é forte graças à atuação de nossa homenageada, que mais uma vez prova seu talento ao fazer dela uma figura adorável e sonhadora, de forma que no processo ela não conquista apenas Gil, mas o espectador também.
Por Robledo Milani
Após conquistar seu merecido Oscar por Piaf: Um Hino ao Amor (2007) – um feito histórico para uma atriz estrangeira nos Estados Unidos, ainda mais por se tratar de uma produção não falada em inglês – a francesa Marion Cotillard deu início a uma carreira de muito sucesso e respeito em Hollywood. No entanto, após trabalhar com diretores como Michael Mann e Woody Allen, mostrar sua versatilidade em musicais, ficções científicas, histórias de super-heróis e thrillers médicos, ela precisou retornar a sua terra natal para, enfim, voltar a despertar a atenção da crítica e da indústria. Foi o que lhe aconteceu ao assumir o papel da protagonista deste drama baseado em fatos reais sobre uma treinadora de orcas em um parque aquático que, após um acidente de trabalho, acaba perdendo suas duas pernas. Uma história de superação, redescoberta do amor e confronto pessoal, que caiu no gosto do público e também dos admiradores da atriz. Como resultado, o esforço incrível e sua entrega a uma personagem repleta de nuances lhe valeu indicações ao César, Globo de Ouro, Bafta, Critics Choice Award e SAG Award, além de uma aplaudida passagem pelo Festival de Cannes. Um reconhecimento à altura do seu desempenho.
Por Matheus Bonez
Em 2008, o diretor James Gray entregava uma das obras contemporâneas mais bonitas, apaixonantes e realistas sobre o amor pós-moderno em Amantes. Foram cinco anos sem filmar nada para apresentar Era Uma Vez em Nova York, talvez seu filme mais ambicioso e com ares de épico. A imigrante Ewa Cybulska (Marion Cotillard) busca uma nova oportunidade nos EUA, mas com a irmã sofrendo de tuberculose, só resta aceitar a proposta do cafetão Bruno Weiss (Joaquin Phoenix) para permanecer no país. É claro que ela vai ficar dividida quando o mágico Orlando (Jeremy Renner) cruzar seu caminho. A sinopse parece simples, mas as tintas que o diretor utiliza contam a história de um modo quase seco, realista demais, o que contrasta com a atuação da nossa homenageada, perfeita do início ao fim, especialmente quando utiliza apenas seus belos e grandes olhos para expressar esperança e dor, paradoxalmente. Uma interpretação que ainda pode se tornar muito premiada, já que o filme é 2013, mas foi lançado nos cinemas em circuito comercial apenas este ano. Torcida é o que não falta, especialmente para uma atriz do calibre de Cottilard.
+1
Por Yuri Correa
Depois de ter arrecadado seis Oscars em 2002 com Chicago e mais três com Memórias de uma Gueixa em 2005, foi somente em 2009 que o diretor Rob Marshall voltou à cadeira de direção. Desta vez com Nine, filme que, decididamente, não agradou de forma unânime, principalmente por trazer um elenco de primeira e recheado de atores premiados com a estatueta mais cobiçada de Hollywood. Ok, também porque é a adaptação para o cinema de uma peça, que por sua vez, é uma versão musical do clássico de Federico Fellini, 8 ½ (1963). Entre Nicole Kidman, Penélope Cruz, Judi Dench, Sophia Loren e o sempre incrível Daniel Day-Lewis, está também a nossa homenageada, Marion Cotillard. Vivendo a esposa do frustrado cineasta que protagoniza o longa-metragem, a atriz compõe a mágoa de Luisa Contini de forma comovente, e sua eventual canção sobre isso é uma das melhores cenas do filme. Sim, há outras e Nine funciona apesar das duras críticas, contando inclusive com uma participação da cantora Fergie como a prostituta Saraghina, que arremata um excitante número musical.