The boy (or man) next door. Assim Mark Ruffalo pode ser definido por conta de sua beleza discreta, o carisma de seus personagens e a intensidade com que leva suas atuações desde que foi descoberto em Hollywood no início dos anos 2000. Muito antes disso, o ator já fazia pontas em filmes menores, chamando a atenção dos grandes produtores aos poucos, sempre sendo lembrado pela figura humilde no trato com os colegas. Não à toa é sempre uma escolha acertada em projetos mais independentes, como Minha Vida Sem Mim (2003), como também um belo reforço em blockbusters que gostam de dar voz aos personagens, como seu gigante esverdeado de Os Vingadores (2012). Indicado a 84 prêmios (sendo dois Oscar) e vencedor de outros 17, Mark Ruffalo ganhou o respeito e a admiração de fãs entre público e crítica para assumir seu papel entre os grandes atores de sua geração nos dias de hoje, além de ser considerado um galã ao estilo lumberjack, devido à sua barba em constante por fazer e os pelos do corpo que atraem o público cansado de sarados lisos que tomam conta das telas. Completando mais um aniversário no dia 22 de novembro, o sagitariano é nosso homenageado da vez. Por isso escolhemos cinco de seus melhores trabalhos e mais um que merece uma atenção especial. Quer saber quais? Confira!
Conte Comigo (You Can Count On Me, 2000)
Por Renato Cabral
Na época de lançamento deste filme, Mark Ruffalo ascendeu como um tipo de Marlon Brando. O atual Hulk, com suas expressões brutas e, ao mesmo tempo, com um olhar sensível, se destacou nesta produção independente dirigida pelo criativo Kenneth Lonergan. Interpretando Terry Prescott, o irmão instável e problemático da protagonista, Sammyn (em performance também magistral de Laura Linney), Ruffalo encanta com um trabalho intenso sobre um personagem imaturo que se vê na necessidade de recuperar os laços familiares com a irmã, que acabou se tornando a responsável pela pequena família. Órfãos desde a infância, quando perderam os pais em um trágico acidente de carro, Terry e Sammy precisam aprender a equalizar as relações e responsabilidades. Longe de ser um novo Brando, Mark Ruffalo criou a partir deste filme uma suficiência em sua carreira, a elevando a novos patamares e a capacidade de já, desde cedo, dividir e carregar muito bem um filme de grande profundidade dramática.
Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010)
Por Matheus Bonez
Um casal de mulheres precisa lidar com a curiosidade dos dois filhos adolescentes, que querem conhecer seu pai biológico. O fiapo de sinopse revela não apenas a habilidade da diretora e roteirista Lisa Cholodenko em tocar num assunto pesado sem perder a leveza, mas conta também com um grande elenco de peso para desenvolver a narrativa de forma eficiente e, especialmente, realista. O nosso homenageado da vez é a ponta do iceberg que mostra uma possível fragilidade da relação das protagonistas (brilhantemente interpretadas por Julianne Moore e Annette Bening) ao assumir não apenas a posição do tal pai, porém também um possível interesse amoroso de uma das partes. Assim, Mark Ruffalo injeta em seu Paul um carisma quase inabalável de um jovem preso no corpo de adulto, ainda que responsável na maior parte das ações, porém inadequado no trato emocional com pessoas mais próximas, sem a noção do quanto sua presença pode causar ruptura devido a suas ações. O ator dá um show à parte roubando boa parte das cenas, não à toa sendo indicado a vários prêmios pela performance, especialmente a de Melhor Ator Coadjuvante no Oscar. Cerimônia que lhe devia uma lembrança já por outros papeis há um bom tempo.
Foxcatcher: Uma História de Chocou o Mundo (Foxcatcher, 2014)
Por Marcelo Müller
Este não é um filme sobre luta, embora o embate físico seja o catalisador dos encontros. O que está em jogo é a formatação de um modo de pensar estritamente norte-americano, com aquele discurso patriótico que beira o fanatismo, a relação com armas de fogo, a necessidade de ganhar e superar limites sempre. O personagem do irreconhecível Steve Carell condensa tudo isso, é um cara que precisou a vida toda comprar as coisas, as pessoas, o status e até mesmo as relações. Reclama da mãe que pagou um menino para ser seu amigo no passado, mas não hesita em adquirir por meio do dinheiro a posição de treinador e mentor, sobretudo do campeão olímpico que procura desvencilhar-se da sombra do irmão interpretado por Mark Ruffalo. Num filme em que os protagonistas têm desempenhos tão acima da média, Ruffalo poderia muito bem se recolher à coadjuvância pura e simples. Contudo, mesmo com menos tempo de tela que seus colegas Carell e Channing Tatum, o ator consegue carregar seu personagem com boa parte da tragédia que se anuncia, apresentando assim um grande trabalho. Bennett Miller fez um filme assustador no que tange aos comportamentos limítrofes daqueles que buscam a vitória ou incutir no outro suas próprias convicções.
The Normal Heart (2014)
Por Thomás Boeira
O projeto para adaptar para o cinema a peça de Larry Kramer rodou por Hollywood durante anos sem que nenhum estúdio quisesse investir seu dinheiro na história. Foi por conta de uma emissora de TV a cabo (no caso, a HBO) que a produção ganhou vida, tendo Ryan Murphy como diretor e Mark Ruffalo liderando um elenco estelar. The Normal Heart acompanha o escritor Ned Weeks (Ruffalo) e outros ativistas que se veem tendo que lidar com a crise da AIDS, que assolou a comunidade gay dos Estados Unidos na década de 1980, mostrando os esforços deles para conscientizar a sociedade quanto ao problema. Ned é um protagonista cheio de humanidade como a força da história merece e Ruffalo tem uma de suas melhores atuações, mostrando uma sensibilidade e uma determinação que só um ator talentoso como ele poderia trazer para o papel. Por esse trabalho, nosso homenageado foi agraciado na temporada de premiações, recebendo indicações ao Emmy, ao Globo de Ouro e ao SAG, saindo vitorioso neste último.
Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight, 2015)
Por Robledo Milani
O grande público pode lembrar dele apenas como o incrível Hulk do Universo Cinematográfico Marvel (ainda que tenha sido o terceiro ator a interpretar o herói, após Eric Bana e Edward Norton), mas Mark Ruffalo é muito mais do que o homem por trás dos músculos – e dos efeitos visuais – do gigante esmeralda. Tanto é que já foi indicado três vezes ao Oscar, tendo sido a última delas justamente por esse thriller investigativo que concorreu em 6 categorias e levou duas das principais: Melhor Filme e Roteiro Original. Na pele de Mike Rezendes, um repórter que acreditou numa suspeita e, graças ao seu trabalho e ao da sua equipe de colegas, desvendou uma série de casos envolvendo pedofilia na Igreja Católica nos Estados Unidos. O retrato que compôs como um dos principais jornalistas do Boston Chronicle – o longa é inspirado em uma história real – lhe rendeu ainda indicações ao Bafta e ao Critics Choice, além do reconhecimento como Melhor Ator Coadjuvante do ano pelas associações de críticos de cinema de Indiana, Iowa e Carolina do Norte. O mais curioso, no entanto, é como ele conseguiu se destacar mesmo estando no meio de um elenco repleto de nomes notáveis, como Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Billy Crudup e Stanley Tucci.
+1
O Enviado (Sympathy for Delicious, 2010)
Por Robledo Milani
Pouca gente percebeu – ou sequer tomou conhecimento – mas Mark Ruffalo já se aventurou uma vez como cineasta. Com a mesma humildade que sempre marcou sua postura enquanto intérprete, como diretor ele decidiu liberar o espaço de protagonista para o desconhecido Christopher Thornton, que foi o responsável pelo roteiro filmado. Este aparece como um jovem que após um acidente ficou paralítico da cintura para baixo – mais ou menos o mesmo que aconteceu com o ator – que se vê em uma crise de fé e descrença, principalmente quando começa a realizar feitos inesperados, promovendo a cura religiosa. Um tema espinhoso que Ruffalo – marcando presença como um padre – aborda com respeito e segurança, sem levantar bandeiras nem defender posturas arraigadas, deixando espaço para o debate e a troca de ideias. Chama atenção no projeto também os vários colegas que ele conseguiu reunir – Orlando Bloom, Juliette Lewis e Laura Linney são apenas alguns – em uma produção pequena, muito pouco vista, mas que conquistou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance e revela indícios muito fortes que talvez tenhamos aqui um artista completo, tanto à frente quanto atrás das câmeras.
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