Martin Marcantonio Luciano Scorsese nasceu no dia 17 de novembro de 1942, no bairro do Queens, cidade de Nova Iorque, Estados Unidos. Filho de imigrantes italianos, por muito pouco não acabou indo parar num seminário para padres. No entanto, preferiu canalizar sua paixão na sétima arte, fazendo dessa expressão sua verdadeira casa. Hoje, setenta anos após seu nascimento, está consagrado como um dos maiores gênios do cinema mundial! Já conquistou mais de uma centena de prêmios com os seus filmes, entre eles o Oscar, o Bafta (Inglaterra), a Palma de Ouro em Cannes, o César (França), o David di Donatello (Itália), o Globo de Ouro, o Independent Spirit, o National Board of Review, o prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA, o Emmy, o Grammy e o Leão de Ouro em Veneza, dentre tantos outros.
Scorsese pode ser apontado como um dos responsáveis pelo novo cinema americano surgido no início dos anos 1970, ao lado de nomes como Francis Ford Coppola, Brian de Palma, Steven Spielberg e George Lucas. Seu filme Caminhos Perigosos (1973) deu início também a uma importante parceria com o ator Robert De Niro, que se repetiria por quase uma dezena de títulos. E desde então vem trilhando, enquanto realizador, pelos mais ousados, arriscados e diversos estilos, mostrando que não é dono de uma visão única de cinema, mas, sim, de uma habilidade tamanha que consegue, como um camaleão, se adaptar aos mais diferentes modelos. Hoje, seus mais de 50 longas já arrecadaram nas bilheterias de todo o mundo US$ 1,5 bilhão, um feito poucas vezes igualado! E, com tudo isso em mente, a equipe de críticos do Papo de Cinema elegeu seus filmes favoritos dentre a filmografia de Martin Scorsese. Tarefa árdua, pois escolher apenas um no meio de um conjunto de tanto respeito é uma responsabilidade imensa. Confira, abaixo, os cinco melhores filmes do diretor, além de mais um que merece um carinho especial!
Taxi Driver (1976)
Por Marcelo Müller
Travis Bickle não consegue dormir, motivo pelo qual vaga à noite em seu indefectível táxi amarelo. Ele testemunha a violência da Nova York incessante, peregrina de rua em rua buscando algo que absorva sua dor de existir. Dispensado do corpo de fuzileiros navais, o personagem interpretado de maneira sublime por Robert De Niro, assiste a filmes pornográficos, flerta com uma linda assistente de político, mas tudo acaba inútil contra sua letargia. Travis continua enojado frente ao declínio moral da sociedade, errante sem propósito até que assume como missão salvar uma adolescente prostituída. O resgate é naturalmente próximo do que rege o também clássico Rastros de Ódio (1956), de John Ford. O diretor Martin Scorsese constrói Taxi Driver sobre a brutalidade de seu protagonista acuado, aquele que chega à catarse apenas banhado pelo sangue de outrem.
Touro Indomável (Raging Bull, 1980)
Por Robledo Milani
Quarta parceria do diretor com o astro Robert De Niro, Touro Indomável é baseado no livro autobiográfico de Jake LaMotta, um boxeador que foi do inferno aos céus – e depois ao inferno novamente. Mergulhando numa fotografia em preto e branco deslumbrante e contando com um trabalho abençoado por uma dupla de atores em estado de graça – De Niro, como LaMotta, e Joe Pesci, como Joey, o irmão e melhor amigo, voltaram a atuar juntos sob o comando do cineasta em Os Bons Companheiros (1990), Cassino (1995) e em O Irlandês (2019) – Scorsese realizou um verdadeiro épico, indicado a nada menos do que 8 Oscars – inclusive a Melhor Filme e Direção – e premiado como Melhor Ator e Montagem. Entre as outras dezenas de prêmios e indicações conquistados, teve o Globo de Ouro, o Bafta, o National Board of Review, a Sociedade Nacional dos Críticos e apontado como um dos dez melhores filmes do ano pela prestigiada revista Cahiers du Cinéma. Ao assumir a voz do seu protagonista, o realizador deixa a angústia, a fúria e o pesar de um homem que teve tudo aos seus pés, e conseguiu colocar esse mesmo tudo a perder, como exemplo que muito poderia ter espelhado a própria jornada do realizador, que passava por um dos períodos mais conturbados de sua vida pessoal – mas, ao contrário do personagem, conseguiu dar a volta por cima!
A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ, 1988)
Por Robledo Milani
Martin Scorsese tem linhas muito próprias em seu trabalho. A filmografia assinada pelo diretor possui uma série de títulos sobre violência, máfia e contraventores, outra focada em resgatar à história do cinema, outra pensando em enaltecer as suas origens, por exemplo. E entre elas, uma das que mais se destaca é que agrupa longas dedicados a debater a importância da fé para o ser humano. E se obras como Silêncio (2016) e Kundun (1997) seguem esse pensamento, tudo começou com A Última Tentação de Cristo, um dos seus trabalhos mais polêmicos. Baseado no livro homônimo de Nikos Kazantzakis e roteirizado pelo velho parceiro Paul Schrader – o mesmo de Taxi Driver – Scorsese decidiu se debruçar sobre a vida de ninguém menos do que Jesus Cristo, mas não aquela versão domesticada da catequese dos finais de semana, mas a partir de um estudo muito mais complexo e intenso, valorizando a reflexão e a crítica ao invés da exposição gratuita e os mesmos dogmas religiosos há muito já vencidos. Willem Dafoe tem mais um dos seus grandes momentos na tela grande como o personagem principal, e os velhos parceiros Harvey Keitel (como Judas) e Barbara Hershey (como Maria Madalena) por pouco não roubam a cena, em participações fundamentais. Uma obra adulta e bastante audaciosa, e como tal merece ser vista e respeitada.
Os Bons Companheiros (1990)
Por Pedro Henrique Gomes
Não é tanto pela estetização da violência, tampouco pela roupagem clássica (há um flerte com Otto Preminger aqui, com Fritz Lang ali, com Elia Kazan acolá, e, claro, com A Marca da Maldade, 1958, de Orson Welles) que faz com que a câmera esquadrinhe o submundo do crime em planos-sequência dos mais sofisticados de sua filmografia. Não é só isso. Os Bons Companheiros é um filme de fôlego pois reconhece nos seus personagens a selvageria de todos os outros, isto é, da espécie. A máfia, então, é por acaso a desculpa para colocar em discussão toda uma ideia de sonhos e de potências reprimidas, de desejo e de conquista de poder. Deixando de lado sua força estética, muito óbvia para uma breve análise, estamos falando aqui de um filme que não pretende mostrar o quanto o mafioso é mau ou como o crime pode arruinar uma vida – ele pode e sabemos disso. Lição de moral barata é coisa de cineastas assustados com o peso dos aparelhos. Não é o caso de Scorsese.
Os Infiltrados (The Departed, 2006)
Por Robledo Milani
Foram nada menos do que sete indicações anteriores ao maior prêmio do cinema mundial até que a estatueta dourada mais cobiçada de Hollywood fosse parar nas mãos do que nosso velho Scorsese! E que ninguém venha dizer que não foi merecida: depois de Os Infiltrados, ele já somou outras 6 indicações! Ao total, são 14 lembranças só no Oscar, 11 ao Globo de Ouro, 11 ao Emmy, 18 ao Bafta, passagens – e troféus – conquistados nos festivais de Berlim, Cannes e Veneza, e muito mais. Tudo isso faz desse notório ítalo-americano um dos realizadores mais celebrados do nosso tempo. A consagração, no entanto, só veio com essa história de dois rapazes, ambos compartilhando das mesmas origens, porém em lados distintos da lei: Billy (Leonardo DiCaprio) é o policial que se disfarça de marginal para desbaratar a gangue liderada pelo poderoso Costello (Jack Nicholson), enquanto que Colin (Matt Damon) é o bom moço que posa de oficial da justiça ao mesmo tempo em que se vende por um bom preço para os mesmos bandidos que deveria estar caçando. Refilmagem do oriental Conflitos Internos (2002), de Hong Kong, Os Infiltrados conta ainda com grandes atuações de Mark Wahlberg (indicado ao Oscar), Martin Sheen, Alec Baldwin e Vera Farmiga, entre outros. É, também, o terceiro dos cinco filmes estrelados por DiCaprio sob o comando de Scorsese – e vem mais por aí com a dupla. Um filme, portanto, que por esses e tantos outros motivos, não pode ser ignorado.
+1
A Época da Inocência (1993)
Por Robledo Milani
Sempre que se fala em Martin Scorsese os filmes que primeiro surgem à mente são seus clássicos do final dos anos 1970, início dos anos 1980 (Taxi Driver, 1976; Touro Indomável, 1980), seus trabalhos mais polêmicos (A Última Tentação de Cristo, 1988; Os Bons Companheiros, 1990) ou aqueles “feitos para o Oscar” (Gangues de Nova York, 2002; O Aviador, 2004). Mas há mais, tanto que diria que essas são as “escolhas óbvias”. É por isso que é sempre bom lembrar também de A Época da Inocência, filme que conta com o trio de protagonistas Daniel Day Lewis, Michelle Pfeiffer e Winona Ryder. Os três conseguiram, sob o comando do cineasta, recriar uma Nova York de aparências, de muita pompa e inúmeros segredos. Um mundo em que um toque de mãos poderia significar mais do que páginas de discursos. Outros trabalhos vieram depois deste, muitos já existiam antes. Mas, a cada longa visitado, novo ou antigo, a percepção se confirma: está tudo em A Época da Inocência. Uma excelente porta de entrada para a obra de um dos maiores realizadores do cinema mundial.
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Um filme pouco falado dele, mas que eu acho muito bom é Vivendo no Limite, de 1999. Lembra um pouco Taxi Driver.
Muito legal todos os textos acerca da filmografia de Scorsese!!! Taxi Driver e Depois de Horas sao especiais pra mim!