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5+1 :: Mel Brooks

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Mel Brooks nasceu para fazer rir em 28 de junho de 1926, em Brooklyn, Nova York. Sua carreira foi iniciada em clubes de comédia, onde afiou sua verve cômica para depois escrever roteiros para especiais de televisão e teatro. Muito atrelado à sátira, desde muito cedo na carreira subvertia o esperado com resultados muito positivos. Um bom exemplo disso é o sarro que tira com os agentes secretos em Agente 86, série televisiva criada por ele ao lado de Buck Henry em 1966. Um ano depois, era a chegada hora do sucesso no cinema, com sua estreia em Primavera para Hitler, filme que lhe valeu o Oscar de Melhor Roteiro Original.

Foram, ao todo, apenas 11 longas-metragens dirigidos por Brooks – o mais recente, lançado em 1995, Drácula: Morto, mas Feliz, estrelado por Leslie Nielsen. O cineasta sempre se mostrou mais confortável como roteirista, tendo em seu crédito mais de 40 títulos, seja para televisão ou para o cinema. Também provou ser um ator talentoso, geralmente pegando algum papel pequeno em um de seus filmes, ou emprestando sua persona para diretores amigos. Como produtor, fez mais do que apenas tirar do papel filmes cômicos assinados por ele. É de Brooks, por exemplo, a produção de O Homem Elefante (1980), clássico dirigido por David Lynch. Curiosamente, por vontade do próprio Brooks, seu nome ficou de fora dos créditos, visto que ele sabia que as pessoas esperariam por outro tipo de filme caso soubessem de seu envolvimento.

Um homem multitalentoso como Mel Brooks merece todas as honrarias e o Papo de Cinema resolveu escolher os cinco melhores trabalhos da carreira do diretor – e mais um, que leva seu nome no elenco e na produção – na semana de seu aniversário de 90 anos! Confira.

 

Primavera para Hitler (The Producers, 1967)
Max Bialystock (Zero Mostel) é um produtor teatral em crise com vários fracassos e, para conseguir financiamento para suas novas peças, namora idosas ricaças. Graças à ideia do contador Leo Bloom (Gene Wilder), a dupla bola um plano: produzir um espetáculo teatral que seja um fracasso. Assim, todo o dinheiro investido vai apenas para os produtores e os gastos com a temporada não ultrapassam mais que a noite de estreia. A solução é trabalhar em cima de um roteiro escrito por um soldado nazista que ainda ama Hitler após anos. É claro que o tema espinhoso deveria gerar um espetáculo que afundasse, mas não é que ele se torna um sucesso? A ironia das ideias inseridas nos diálogos expositivos e debochados do roteiro de Mel Brooks se tornou marca para muito filme pastelão que é feito até hoje. Com um elenco primoroso, Gene Wilder se destaca no papel do contador. Sua performance hilária rendeu não apenas uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante como também consagrou o ator no gênero. Esta obra-prima de Brooks foi eleita pelo American Film Institute como o 11º filme da lista das 100 melhores comédias de todos os tempos. Levou ainda o prêmio da Academia de Melhor Roteiro Original. – por Matheus Bonez

 

Banzé no Oeste (Blazing Sadles, 1974)
Os besteiróis que vemos hoje satirizando todo tipo de gênero, melhorariam um bocado caso seguissem a cartilha de Mel Brooks, cineasta que não parece muito preocupado em fazer comédia sofisticada, mas que, em contrapartida, evita chafurdar no mau gosto. Em Banzé no Oeste, ao invés de pegar pesado na sacanagem com os elementos caros ao western, ele prefere usar o gênero enquanto plano de fundo. A história começa com uma ferrovia que precisa avançar para conduzir o progresso. Por causa da areia movediça – constatada pelos negros, pois os encarregados não podiam se dar ao luxo de arriscar os animais na tarefa – será necessário passar pela cidade de Rock Ridge. Mas como fazer isso se o local está cheio de gente? Banzé no Oeste se desenvolve do início ao fim enfileirando piadas que deflagram o racismo, visto como um fenômeno distante, coisa do século 19, mas que, certamente, representava a conduta de muitos em 1974, quando o filme foi lançado. Na verdade, o preconceito racial ainda está aí, só que mais acobertado por uma fina camada de falsa civilidade. Nesse sentido, fazer chacota para mostrar o quão patética é a discriminação, infelizmente, ainda torna essa realização atual. – por Marcelo Müller

 

O Jovem Frankenstein (Young Frankenstein, 1974)
Realização de um desejo pessoal do ator e roteirista Gene Wilder, este trabalho representa um dos pontos altos da carreira de Mel Brooks como cineasta. Após esculhambar com a Segunda Guerra Mundial, com a Guerra Fria e até com os velhos faroestes norte-americanos, o realizador afinou seu estilo de paródias satíricas para investir num trabalho tão apurado quanto certeiro, escolhendo como ponto de partida um dos monstros mais populares do universo cinematográfico. Dr. Fronkonsteen (Gene Wilder, genial) é, na verdade, neto do original Barão Frankenstein. Quando ele descobre que lhe coube como herança o antigo castelo na Transilvânia, decide viajar até lá para verificar o que lhe espera. É quando encontra o material de pesquisa secreto do avô, e movido por uma arrebatadora curiosidade científica, decide replicar a experiência. Tem-se, aqui, uma comédia de primeira linha, esperta e surpreendente, ácida e brilhante, que sabe fazer humor com a imagem e também com o texto, abrangendo as mais diversas possibilidades que vão pontuando a trama durante o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em que serve também como uma das mais geniais homenagens ao clássico escrito por Mary Shelley. É um filme que faz rir com os artistas e os personagens, e não deles. E esse pequeno porém faz toda a diferença. – por Robledo Milani

 

A Última Loucura de Mel Brooks (Silent Movie, 1976)
Pela primeira vez Mel Brooks é protagonista em um de seus próprios filmes. Aqui, ele interpreta o cineasta Mel Funn, que, desesperado por um sucesso comercial, convence seu produtor a realizar um filme inteiramente mudo para salvar da falência o fictício estúdio Big Picture. Ele consegue o sinal verde, mas com a condição de conquistar as maiores estrelas de Hollywood para protagonizar seu filme. Uma vez apresentada a premissa, a comédia se desenrola com uma série de gags e esquetes em que o trio tenta convencer várias celebridades a embarcar na proposta – Burt Reynolds, James Caan, Paul Newman, Liza Minnelli e a então esposa de Brooks, Anne Bancroft, são algumas delas. E como o título original da produção antecipa, trata-se de um filme mudo sobre um filme mudo, sendo que a única palavra proferida ao longo de A Última Loucura de Mel Brooks é advinda da fonte mais improvável: do mímico francês Marcel Marceau. Com uma trilha sonora condutora e envolvente aliada a uma série de efeitos sonoros toscamente oportunos, Brooks constrói uma divertida aventura que, quando começa a cansar o espectador, logo atinge seu clímax e garante novas gargalhadas. – por Conrado Heoli

 

S.O.S.: Tem um Louco Solto no Espaço (Spaceballs, 1987)
Lançado em 1987 e pegando carona no sucesso da franquia Star Wars (naquela época, Guerra nas Estrelas), o filme escrito e dirigido por Mel Brooks é uma daquelas paródias divertidíssimas, que contam com ótimo elenco coadjuvante e inúmeras piadas bem elaboradas em cima da saga espacial de George Lucas. Na trama, o presidente Skroob (Brooks), mandatário do planeta Spaceball, está com um pepino em mãos, visto que o ar fresco está se esvaindo. Para remediar a situação, o perigoso Dark Helmet (Rick Moranis) tem planos de sugar a atmosfera do pequeno planeta Druidia e, para tanto, pretende sequestrar a princesa Vespa (Daphne Zuniga) e exigir como resgate este bem. Para salvá-la, entram em cena os fora-da-lei espaciais Lone Star (Bill Pullman) e Barf (John Candy). Além de boas piadas dentro do universo Star Wars, o que mais diverte no filme são as várias quebras da quarta parede, quando os personagens não só falam com a câmera como entendem que estão em um filme. O merchandising incluso dentro do próprio longa-metragem é impagável e é realmente uma lástima que não tenha existido uma continuação como citada pelo sábio Yogurt (Brooks): Spaceballs 2: The Search for more Money. Com o sucesso de O Despertar da Força (2015), não seria a hora de tirar essa continuação do papel? – por Rodrigo de Oliveira

 

+1

Sou ou Não Sou? (To Be or Not to Be, 1983)
Esta produção dirigida por Alan Johnson é a única desta lista que não é comandada por Mel Brooks, que aqui aparece como produtor e protagonista. Dividindo a tela com a sua esposa na época, Anne Bancroft, e com o talentoso Charles Durning (ambos indicados ao Globo de Ouro por suas atuações – e o último também lembrado pelo Oscar), Brooks utiliza de toda sua persona cômica para viver um de seus mais amalucados personagens. Na trama, ele vive o ator Frederick Bronski, um homem que bola um plano estapafúrdio – e envolvendo uma das obras máximas de William Shakespeare – para tentar escapar da invasão alemã na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Diferente de muitos dos filmes dirigidos por Brooks, neste o tom não é satírico. A comédia tem tons farsescos, mas não se escora em um gênero cinematográfico ou em um personagem famoso para tirar sarro. Talvez por isso, o astro tenha deixado a direção para Alan Johnson, coreógrafo de Primavera para Hitler, Banzé no Oeste e vários outros de seus trabalhos. Remake de um filme homônimo lançado em 1942, Sou ou Não Sou? era a prova de que Brooks, além de um diretor cômico talentoso, também conseguia segurar uma produção apenas com seus talentos interpretativos. – por Rodrigo de Oliveira

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