A segunda indicação ao Oscar de Natalie Wood veio através desta obra-prima do diretor Elia Kazan, que se tornou um símbolo da revolução sociocultural, e sexual, dos anos 60. O enredo se passa no Kansas, em 1928, às vésperas da Grande Depressão Americana, e acompanha o jovem casal Deanie Loomis (Wood) e Bud Stamper (Warren Beatty), impedido pelas convenções pudicas da época, incluindo a pressão familiar, de consumar carnalmente o seu amor. Enquanto a mãe da garota a obriga a manter sua aura virginal, o pai dominador de Bud vê o relacionamento como um empecilho para futuro, por ele planejado. Essa repressão do desejo acaba por desencadear uma série de conflitos e desilusões, com consequências quase trágicas. Enveredando pelas vias do melodrama, Kazan constrói uma obra carregada de sensualidade, levando a temática ao limite, dentro das restrições impostas pelo Código Hays, dominante em Hollywood, enquanto investiga a própria faceta moralista da sociedade norte-americana. Além da realização impecável, com seu registro elegante e visualmente arrebatador, Kazan extrai o máximo do elenco. Warren Beatty, estreando, já deixa claro que se tornaria um astro, mas é mesmo Natalie Wood, deslumbrante, quem carrega o longa. A atriz exala toda a angústia e a libido reprimida de Deanie, chegando a um ponto de ebulição, que ocorre na magnífica sequência da sala de aula, quando sofre um colapso emocional após ler um trecho do poema de William Wordsworth, do qual o longa extrai seu título original. Navegando habilmente entre a intensidade – o confronto na banheira com a mãe – e a sutileza – o acachapante e melancólico reencontro final com Bud – Wood talvez atinja aqui o ápice de seu talento e beleza. – por Leonardo Ribeiro
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