Natalie Wood tinha apenas 17 anos e alguns papéis coadjuvantes no cinema quando estrelou esta obra de Nicholas Ray. Foi seu primeiro grande destaque, também sua primeira indicação ao Oscar. E não é para menos. Na pele de Judy, nossa homenageada vive um drama juvenil, numa época de atenções voltadas totalmente a essa geração. Nos anos 50, os jovens engrandeceram perante os olhares adultos, justamente por sua força em todos os aspectos da sociedade pós-Segunda Guerra Mundial. E se há um filme que condensa tal poder é o de Ray. Com James Dean em franca ascensão, morto um mês antes do lançamento do longa, suas referências acabaram ficando à história do cinema. Aqui o acompanhamos como Jim Stark, detido por embriaguez, que encontra outro dois “delinquentes” numa delegacia de menores. São eles Plato (Sal Mineo), que atirou em cachorros, e Judy (Wood), que brigou com o país. Eles se relacionam a partir de um ponto crucial: a falta de diálogo com seus respectivos progenitores. Todos são emocionalmente solitários, e assim continuam mesmo com os lampejos de pertencimento. Wood apresenta uma composição difícil, que poderia ser caricata. Ela é a filha mais velha, crescida e deixada de lado pelo pai que só dá atenção ao irmão mais novo. Carinho também. Judy percebe isso. Ainda mais após levar um tapa seguido do insulto de “vagabunda”, o que a faz fugir de casa. Ela só quer ser compreendida, saber que ainda tem a quem recorrer. O modo como a atriz expressa suas palavras e afeições pelos outros nos faz perceber esse papel aparentemente simples, mas tão complexo. Por isso mesmo foram tantos aplausos. Merecidos. – por Matheus Bonez