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5+1 :: Paul Newman

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Poucos astros de Hollywood podem dizem que mantiveram no auge ao longo de sua vida com poucos tropeços. Paul Newman, definitivamente, é um destes nomes. Com dez indicações ao Oscar, ganhou um prêmio da Academia como Melhor Ator (por A Cor do Dinheiro, 1986) e outras duas estatuetas em reconhecimento pela carreira e pela luta aos direitos humanitários. Porém, o astro foi muito além de ser o queridinho do mainstream norte-americano e mundial. Newman virou referência não apenas pela capacidade magistral de atuação, mas também pelo apoio às causas liberais e, curiosidade, pela paixão ao automobilismo.

Intérprete de personagens clássicos que variam de Butch Cassidy (1969) ao complexo “Fast” de Desafio à Corrupção (1961), o ator sempre se destacou em seus trabalhos até seu falecimento em 2008. No dia 26 de janeiro de 2013, Paul Newman completaria 89 anos. Claro que, para homenagear o ator e uma carreira recheada de êxitos, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger os cinco melhores filmes do astro – e mais um que merece destaque!

 

Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958)
Por Matheus Bonez

“A verdade é tão suja quanto a mentira”. A frase, proferida por uma ensandecida Maggie (Elizabeth Taylor) ao marido, Brick (Paul Newman), provavelmente é uma das mais clássicas do cinema e também do teatro, já que a obra é baseada em uma peça de (sempre ele) Tennessee Williams. Porém, mesmo com a grande atuação de Taylor, Newman não fica atrás e, na sua primeira indicação ao Oscar, despontou na época como uma grande promessa de Hollywood – algo que, nem é preciso dizer, só se comprovou mais e mais à medida em que estrelava novos filmes. No papel do famoso ex-jogador de futebol que é alcóolatra e se ressente pela morte do melhor amigo Skipper (que, no texto original, implicava em uma aparente relação homossexual), Newman se contém o máximo que pode até estourar de vez e mostrar a dualidade de seu personagem, um poço de conflitos internos que se refletem nos olhos claros do ator. Tamanha expressividade lhe garantiu não apenas aplausos da crítica e do público, mas também um lugar privilegiado no panteão hollywoodiano. Algo que poucos conseguem manter por décadas.

 

Desafio à Corrupção (The Hustler, 1961)
Por Marcelo Müller

É na mesa de sinuca que a vida de “Fast” Eddie Nelson se resolve. Ali, onde a Bola 08 é o santo graal a ser alcançado, circunda uma realidade boêmia, de apostadores habituados ao risco, a ganhar ou perder dinheiro como quem soma ou subtrai status. A soberba de Eddie, personagem de Paul Newman em Desafio à Corrupção, é tamanha que ele não aceita a derrota para Minnesota Fats, uma autêntica lenda dos salões de jogos. A personalidade autodestrutiva de Eddie vem à tona quando ele percebe a iminente queda que sua vaidade não permitiu sequer cogitar. Dali para adiante, esse homem que vive no fio da navalha, que aposta alto por confiar demasiado em si mesmo, se confrontará com a ruína, essa senhora tão impertinente quanto indesejada. Desafio à Corrupção é um grande filme dirigido por Robert Rossen. Veio a ter sequência mais de vinte anos depois, com A Cor do Dinheiro (1986), de Martin Scorsese, onde o já senhor Eddie serve de guru a um jovem intempestivo, tal e qual ele no passado.

 

Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid, 1969)
Por Yuri Corrêa

O velho oeste, principalmente aquele habitado pelos protagonistas do subgênero do western spaghetti, nunca foi um ambiente que favoreceu o nascimento ou a perpetuação de grandes amizades, porém, em alguma das vezes em que filmes do tipo se arriscaram a colocar dois ou mais seres oriundos de uma sociedade ainda tão selvagem para conviverem juntos em uma aventura, estes se tornaram clássicos inesquecíveis, em grande parte, devido à química entre estas figuras. De James Stewart e John Wayne em O Homem que Matou o Facínora (1962), até o Billy Munny e Ned Logan de Os Imperdoáveis (1992), uma das duplas que mais se destacou por sua interação única e quase visceral foi aquela formada por Butch Cassidy (Paul Newman) e Sundance Kid (Robert Redford). Newman e Redford trazem aqui uma relação de amizade que lembra um tanto, e chega sim a ficar no nível de excelência, daquela entre Eli Wallach e Clint Eastwood na obra-prima Três Homens em Conflito (1966). Até mesmo o, relativamente, mais recente Thelma & Louise (1991) em muito tenta homenagear o longa, e os desfechos similares não são coincidência. Não fosse o bastante, o sound design do filme é fantástico.

 

Golpe de Mestre (The Sting, 1973)
Por Rodrigo de Oliveira

Vencedor de sete Oscars (incluindo Melhor Filme), Golpe de Mestre é um dos trabalhos mais divertidos protagonizados por Paul Newman. Novamente formando uma dobradinha formidável com Robert Redford – com quem já havia dividido a tela no não menos excepcional Butch Cassidy (1969) – Newman vive o golpista Henry Gondorff, que ajuda o jovem vigarista Johnny Hooker (Redford) a se vingar do perigoso ricaço Doyle Lonnegan (Robert Shaw). Se existem filmes de trapaça e de roubos intrincados hoje em dia, muito se deve a Golpe de Mestre, um exemplo de roteiro bem elaborado, com cada personagem fazendo seu papel para chegar a um resultado final surpreendente. Se o roteiro é um petardo, o mesmo pode se dizer da química entre os amigos Paul Newman e Robert Redford. Se em Butch Cassidy, Newman fazia o personagem solar em oposição ao sisudo Sundance Kid de Redford, aqui os papéis se invertem. Tudo o que Johnny Hooker tem de inconsequente, Gondorff balança com sua esperteza alcançada nas ruas da Chicago dos anos 30. Golpe de Mestre chegou a ganhar uma continuação em 1983, sem os mesmos atores, tampouco o mesmo brilho do filme original.

 

O Veredicto (The Verdict, 1982)
Por Thomás Boeira

Em O Veredicto, Paul Newman interpreta Frank Galvin, advogado que já teve dias de glória, mas que agora é alcóolatra e está totalmente desacreditado. É quando ele passa a cuidar de um caso no qual pode ter ocorrido negligência médica, com uma jovem tendo ficado sem respirar durante vários minutos durante o parto de seu bebê, sendo que ele acabou morrendo e ela entrou em coma, coisas que podem ter acontecido devido a um anestésico mal aplicado pelos médicos. O hospital quer fazer um acordo, mas Frank decide levar o caso para julgamento, mesmo que suas chances de vitória sejam mínimas. O filme é uma das grandes obras comandadas pelo mestre Sidney Lumet e traz uma das melhores atuações de Newman, que faz de Frank uma figura determinada mesmo com sua clara aparência de derrotado. O monólogo de Frank no tribunal no terceiro ato do filme talvez seja um dos melhores momentos da carreira do ator, que por seu trabalho aqui recebeu merecidamente sua sexta indicação ao Oscar.

 

+1

Estrada Para Perdição (Road to Perdition, 2002)
Por Danilo Fantinel

Em seu último filme live action, Paul Newman dá a John Rooney o exato verniz que o personagem exige em uma trama obscura sobre confiança, traição e vingança. Rooney é um velho chefão da máfia nos arredores de Chicago na década de 1930, aos fins da Lei Seca, que adota um garoto sem família. Já adulto e pai de um menino, Michael Sullivan (Tom Hanks) passa de protégé a adido de Rooney para todos os fins, incluindo os mais escusos. Em uma de suas missões a mando do patrão, Michael é seguido pelo garoto Mike (Tyler Hoechlin), que acaba flagrado testemunhando um crime cometido por Connor (Daniel Craig), o perigoso filho biológico do velho. O caso põe uns contra os outros, arruinando o frágil equilíbrio familiar. Com domínio do personagem, Newman mostra-se altivo e controlador, mas não arrogante e confiante ao extremo, trabalhando adequadamente com o fiapo de humanidade que resta em Rooney, um homem onipotente, mas dilacerado pela tragédia que se abate sobre seu clã. Em Estrada Para Perdição, Sam Mendes lembra que, nos negócios entre família, deslealdade corre o risco de ser paga com sangue.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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