Categorias: 5+1Artigos

5+1 :: Penélope Cruz

Publicado por

Ela é linda, talentosa, vencedora do Oscar e garota propaganda do cinema espanhol para o mundo. Penélope Cruz tem várias facetas das quais se orgulhar, ainda que seu caminho para o estrelato não tivesse sido tão fácil – ao menos, além da Espanha. Se em sua terra natal a musa já trabalhava com nomes como Bigas Luna, Alejandro Amenábar e Pedro Almodóvar, sua incursão em Hollywood não foi das mais bem recebidas. Só em 2002 a atriz concorreu às Framboesas de Ouro por nada menos que três filmes: Profissão de Risco, Vanilla Sky e O Capitão Corelli, todos realizados um ano antes. Realmente, escolhas equivocadas de papéis que mais prezavam seus dotes físicos do que suas performances dramáticas.

Ainda demoraria alguns anos para Penélope se livrar do estereótipo de “latina sexy” para os norte-americanos, com papéis interessantes apenas fora do mainstream. Graças a Volver (2006), em mais uma parceria com seu diretor e amigo Almodóvar, é que a atriz foi indicada ao Oscar pela primeira vez, conquistou o público, a crítica e, o melhor de tudo: papéis de relevância no circuito hollywoodiano. E, para comemorar o aniversário da diva latina, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores filmes – e aquele que merece ser redescoberto, é claro.

 

A Garota dos Seus Sonhos (La Niña de tus Ojos, 1998)
Por Matheus Bonez

Penélope Cruz já era musa de Bigas Luna graças à sua participação em Jamón, Jamón (1992) e recém havia trabalhado com Pedro Almodóvar em Carne Trêmula (1997). Porém, o reconhecimento do público e da crítica espanhola viria de vez com sua doce e charmosa Macarena Granada de A Garota dos Seus Sonhos. A trama leva a trupe do musical homônimo da Espanha para a Alemanha, que está dando seus primeiros passos na Segunda Guerra Mundial. Ela se apaixona por um figurante do espetáculo, mas o conflito vem de imediato, pois Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, fica fissurado pela estrela do espetáculo. Apesar do filme não ter uma direção segura e cair em alguns clichês do gênero, ou talvez justamente por isso, Penélope se destaca entre todos e ilumina o longa cada vez que aparece. Por este trabalho, a atriz receberia sua segunda indicação ao Goya (o Oscar da Espanha), saindo com a estatueta da premiação. Reconhecimento que levou a diva a se tornar mais conhecida por seu talento dramático, que não é pouco.

 

Tudo Sobre Minha Mãe (Todo Sobre Mi Madre, 1999)
Por Thomás Boeira

Em uma de suas obras mais prestigiadas, e que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2000, Pedro Almodóvar explora a força das mulheres, realizando um drama tocante e muito bem desenvolvido com marcas muito claras da filmografia do diretor. Tudo Sobre Minha Mãe gira em torno de Manuela (Cecilia Roth), que após perder seu filho em um acidente, decide ir até Barcelona encontrar seu ex-marido e pai do rapaz. No entanto, ela se depara com várias figuras em seu caminho que se veem em momentos difíceis, passando a ajuda-las com uma espécie de conforto materno. Uma delas é a Irmã Rosa, que não só descobre que está grávida do ex-marido de Manuela como também é soropositiva. Cecilia Roth é, sem dúvida, a grande estrela do filme no papel da protagonista, mas Penélope Cruz se destaca com Rosa em uma atuação sensível e um carisma que faz da personagem alguém com quem simpatizamos imediatamente, o que acaba sendo essencial no decorrer da história.

 

Não se Mova (Non Ti Muovere, 2004)
Por Robledo Milani

Lançado em 2004, o filme dirigido pelo italiano Sergio Castellitto representou o retorno da espanhola Penélope Cruz à Europa após um período conturbado em Hollywood, que mais lhe trouxe notoriedade – o namoro com Tom Cruise – do que bons trabalhos. Aqui, no entanto, ela está novamente em casa, interpretando um personagem que viraria símbolo em sua carreira: a latina fogosa, que promove o descontrole dos homens, levando-os ao êxtase ao mesmo tempo em que os condena à danação. Castellito interpreta o protagonista, um médico que, enquanto aguarda o resultado de uma difícil cirurgia na própria filha, relembra os atos do passado que o levaram até aquele momento, trajetória que começou justamente através de um gesto selvagem que, aos poucos, foi se transformando em amor. Uma paixão perigosa, proibida e condenável. Premiada como Melhor Atriz no David di Donatello (o Oscar da Itália) e com o prêmio da audiência no European Film Awards, Cruz foi ainda indicada ao Goya e mostrou de vez que, independente do idioma praticado, seu talento é, de fato, universal.

 

Volver (2006)
Por Dimas Tadeu

Normalmente, a construção da personalidade de um ator, especialmente de um astro de Hollywood, se dá pela mistura de seus traços mais locais, como país de origem e família, com características globais e comercialmente atrativas, como sensualidade, charme e estilo. Por isto mesmo, fazer o trajeto inverso exige bastante do artista no sentido de se desconstruir e retornar a origens muitas vezes esquecidas. Para Penélope Cruz, essa prova de fogo veio com Volver. Pelas mãos de Almodóvar, a já consagrada estrela e sex symbol teve de se despir da figura de superstar para se tornar uma mulher comum do interior da Espanha. E o fez muito bem, despindo não apenas muito de sua alma, mas também da alma das mulheres daquele país o que, numa certa instância, acaba falando de qualquer mulher do planeta – algumas cenas fazem lembrar inclusive Tieta e outras mulheres fortes da teledramaturgia brasileira, por exemplo. Um trabalho de fôlego que lhe rendeu a indicação ao Oscar de melhor atriz e provou, para quem ainda duvidasse, que Penélope é muito mais que um rostinho bonito, um corpão admirável, uma voz sexy…

 

Vicky Cristina Barcelona (2008)
Por Rodrigo de Oliveira

Quem via com ceticismo a mudança de ares de Woody Allen, que trocou sua adorada Nova York por paisagens europeias em seus filmes, deve ter mudado de idéia após assistir a cada uma das novas pérolas comandadas pelo cineasta. A mudança de ares parece ter feito muito bem ao diretor em Vicky Cristina Barcelona. Ao transportar sua narrativa cheia de diálogos e de personagens interessantes para a cidade espanhola, o cineasta deu uma nova vida para seu texto. E trouxe um furacão na forma de Penélope Cruz, estonteante como a sanguínea Maria Elena, ex-mulher de Juan Antonio (Javier Bardem), artista que se envolve com as amigas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson). No filme, Maria Elena surge para complicar. Para nós, espectadores, a personagem chega para dar mais brilho ao filme de Woody Allen. Sem conseguir falar inglês quando irritada e com um temperamento tão instável quanto sua libido, Maria Elena é um poço de contradições, deixando o público com vontade de ver mais a performance da atriz. Em Vicky Cristina Barcelona, Penélope Cruz prova, de uma vez por todas, que funciona muito bem sem seu mentor Pedro Almodóvar, recebendo o Oscar de Atriz Coadjuvante por sua interpretação. Um deleite.

 

+1

Fatal (Elegy, 2008)
Por Marcelo Müller

Em Fatal, adaptação cinematográfica do livro O Animal Agonizante, de Philip Roth, o protagonista é David Kepesh (Ben Kingsley), um professor carismático que leva com frequência alguma de suas alunas para a cama. O mundo de segurança no qual ele aparentemente vive é sacudido após o envolvimento com a bela Consuela (Penélope Cruz), que, de sexo, vira amor e, de amor, se transforma em obsessão. Mesmo que o filme – assim como o livro – seja centrado no personagem masculino, é esta cubana, filha de imigrantes, quem realmente atrai nossa atenção, seja pela voluptuosidade que Penélope Cruz empresta a ela visualmente, ou mesmo pela maneira como faz implodir as convicções até então inabaláveis de um homem respeitado por sua inteligência (inclusive a emocional). A atriz espanhola leva à tela toda sensualidade da Consuela literária, sua jovialidade perigosa, a maneira como encarna o desejo e suas sinuosidades, enfim, consegue a proeza de materializar a nossa, até então, imaginação de leitores. Penélope Cruz desempenha um de seus grandes papeis em Fatal, filme no qual é tão importante dentro do quadro, enquanto presença física, quanto fora dele, na condição de ausência a castigar o protagonista.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

Últimos artigos de (Ver Tudo)