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5+1 :: Quentin Tarantino

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Neste 27 de março celebra-se o aniversário do nerd que conquistou Hollywood: Quentin Tarantino! Já com mais de cinco décadas de vida, pode-se dizer que as últimas duas foram inteiramente dedicadas ao cinema, mas a paixão deste cineasta, roteirista, produtor, ator, diretor de fotografia, editor e compositor vai muito além desse mero registro histórico. A paixão pela sétima arte sempre esteve presente na vida de Quentin Jerome Tarantino, nascido em Knoxville, Tennessee, EUA, desde os tempos em que trabalhava como balconista numa videolocadora até a consolidação da sua marca e estilo, que hoje é reconhecível não apenas nos longas que realizou, como também nos roteiros que escreveu e nas inúmeros outras produções que assumidamente reconhecem sua influência. Tarantino assinou até hoje apenas 8 longas-metragens, além de ter participado de outros três projetos coletivos e de alguns tantos não creditados. Dono de dois Oscars, possui mais de 80 prêmios conquistados em festivais, associações de críticos e em festas da indústria. Para essa justa homenagem, decidimos nos ater somente aos seus trabalhos pessoais, por dois motivos: é tudo muito bom, tendo sido mais difícil decidir o que ficaria de fora do que aqueles que seriam selecionados; e, por outro lado, se fôssemos abranger toda a obra que de algum modo ele participou, nunca chegaríamos a um consenso! De qualquer forma, estes são os cinco melhores filmes dirigidos por Tarantino, na opinião do Papo de Cinema – com o adendo de mais um especial que merece ser (re)descoberto! Confira!

 

Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992), por Rodrigo de Oliveira
Para muitos fãs de Quentin Tarantino, Pulp Fiction é e sempre será seu melhor trabalho. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e com um elenco estelar, o longa-metragem lançado em 1994 enche os olhos e é, realmente, um dos melhores filmes da década de 1990. No entanto, é certo que Vincent Vega e Mia Wallace não teriam dado um passo de dança sequer não fosse o resultado inigualável de Cães de Aluguel (1992). Filmado de forma independente e com orçamento bastante limitado, o primeiro trabalho de Tarantino como diretor é exemplar pela forma como a trama se desenrola, de forma não-linear, pela ótima qualidade dos diálogos e pelo excepcional elenco, encabeçado por Harvey Keitel. Já nos primeiros minutos é possível notar a inventividade do roteiro. Em uma mesa de bar, oito sujeitos conversam animadamente sobre os assuntos mais irrelevantes. Desde o real significado da música “Like a Virgin”, da musa pop Madonna, até a validade de se dar gorjetas a garçonetes e afins. Esse é o pontapé inicial de uma história que envolve um assalto mal fadado a uma joalheria, com cinco ladrões tendo que descobrir o que deu errado em seus planos – será que existe um rato em meio aos cães? A não-linearidade da trama é interessante por não ser meramente estilística. Desta forma, somos surpreendidos pelas revelações desta ótima trama de autoria de Quentin Tarantino.

 

Pulp Fiction: Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1994), por Dimas Tadeu
Grande responsável por colocar Tarantino nos holofotes de Hollywood, este filme se afirmou também como uma espécie de “grife” para a carreira do diretor. É difícil achar quem não tenha uma opinião clara sobre o filme, que polariza adoradores e detratores. Com um roteiro alinear e que faz uma impressionante volta sobre si mesmo, Tarantino ganharia aqui seu primeiro Oscar. Merecido, já que este trabalho elevou o estilo do diretor ao extremo. Contando uma história típica da literatura “pulp”, que mistura quadrinhos, violência e tramas do submundo, o longa ainda “ressuscitou” John Travolta e fez de Samuel L. Jackson um dos queridinhos de Tarantino. Pra completar, tem referências que vão de filmes B aos Embalos de Sábado à Noite (1977), sequências memoráveis (a lanchonete, a overdose, a dancinha de Uma Thurman e Travolta e o diálogo sobre os lanches do McDonald’s, pra citar alguns) e aquele humor que só Tarantino sabe fazer. Filme antológico.

 

Kill Bill: Vol. 2 (Kill Bill: Vol. 2, 2004), por Matheus Bonez
Tarantino já havia se aventurado com uma protagonista feminina no excelente Jackie Brown (1997), mas ao realizar a história dividida em duas partes da Noiva em busca de vingança é que suas protagonistas mulheres começaram a ganhar maior destaque além do mundo cinematográfico, caindo no imaginário do público no mundo pop. Se no primeiro volume a fábula tarantinesca estava mais preocupada com o sangue jorrando nas cenas de luta, nesta sequência o roteiro repleto de diálogos marcantes (algo que sempre se espera do cineasta) toma conta e apresenta não apenas a trajetória vingativa da personagem defendida com unhas e dentes por Uma Thurman (provavelmente no melhor papel de sua carreira), como também seu passado revelado e sua personalidade repleta de dualidade: doce e rancorosa, amorosa e odiável, mãe cuidadosa e amante rejeitada. Quando a Noiva finalmente encontra seu destino, Bill (um excepcional David Carradine) explana em uma conversa toda a complexidade de Beatrix Kiddo em uma metáfora com o Superman. Afinal, assim como o herói alienígena nasceu sendo o Homem de Aço e se traveste de Clark Kent, a Noiva nasceu assassina e tenta se transformar na mulher que quer ter uma vida simples. Genial, no mínimo. Sem contar que o filme ainda tem participações primorosas de Michael Madsen e Daryl Hannah e cenas marcantes como a chacina na igreja e da noiva enterrada viva, além, é claro, da cena final: a vingança com doce amargo. Um dos melhores de Tarantino, com certeza.

 

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009), por Marcelo Müller
Projeto antigo, volta e meia mencionado nas entrevistas de Quentin Tarantino como possível próximo filme, Bastardos Inglórios finalmente viu a luz em 2009. O entrecho segue o princípio da vingança, não apenas por que a judia Shosanna terá a desforra contra os nazistas que trucidaram sua família, ou ainda por conta da trajetória sangrenta comandada pelo tenente Aldo Raine no encalço dos malfeitores germânicos, mas porque absolutamente tudo no filme, até mesmo suas incorreções históricas, aponta para desbragada vendeta contra o Terceiro Reich e seu chefe maior, Adolf Hitler. Tarantino consegue um fino equilíbrio no desenvolvimento de tramas que realmente se comunicam para completarem-se em sentido, tudo, claro, emoldurado por uma estilizada violência (peculiar a seu criador) bem como pela paixão cinéfila do mesmo, transbordante para personagens e situações. Em Bastardos Inglórios destacam-se, ainda, uma das melhores interpretações de Brad Pitt, como o canastrão e violento líder militarista e, sobretudo, o trabalho do alemão Christoph Waltz, inexcedível na pele do coronel Hans Landa. Deleite não apenas para cinéfilos, certamente será ainda mais apaixonante àqueles familiarizados com o cinema de Sérgio Leone, Robert Aldrich, entre outros referenciados por Tarantino neste filme brilhante.

 

Django Livre (Django Unchained, 2012), por Robledo Milani
O filme mais premiado (quantitativamente) de Tarantino é Bastardos Inglórios, enquanto que o melhor premiado (qualitativamente) é Pulp Fiction. Então o que sobra para este seu mais recente petardo? O posto de mais preciso, ao mesmo tempo organizado e revolucionário. Este é o perfeito resultado de uma carreira que, desde sua estreia, tem se mantido em alta constante. Mais uma vez investindo em fatos históricos e recontando-os à sua maneira, o cineasta realiza aqui um épico libertário com toques operísticos – na trama, na estrutura – muito bem definido em três atos, mais um prólogo e um epílogo. Alguns reclamaram do exagero de sangue no final, do desenrolar um pouco lento no início, da extensa duração (é seu filme mais longo) ou do excesso de personagens. Meras desculpas para quem se prendeu nos detalhes e não conseguiu observar o todo: aqui está Tarantino no seu melhor! O segundo Oscar conquistado foi somente uma das tantas provas deste fato incontestável!

 

+1

 

À Prova de Morte (Death Proof, 2007), por Renato Cabral
Durante a temporada de divulgação de Django Livre (2012), Tarantino decidiu se abrir a respeito de suas produções e soltou que considerava À Prova de Morte seu pior filme. Como o diretor nunca é muito humilde em suas colocações, concluiu que, se essa é sua pior realização, ainda assim continua sendo muito bom. Resultado de sua parceria com Robert Rodriguez para o projeto Grindhouse (2007), o longa é uma história pitoresca de duas mulheres que são perseguidas em diferentes momentos por um dublê (Kurt Russell) que usa seu carro para executar assassinatos. Até que o jogo de gato e rato vira contra o perseguidor. Sendo um ótimo filme, com cenas bem realizadas envoltas de uma estética característica de produções de B dos anos 80, À Prova de Morte é certamente uma história que entretém e ainda possibilita discutir diversos assuntos como a questão das mulheres nas produções do diretor, sempre tão presentes e vingativas. Atenção durante a cena final, uma das melhores já realizadas por Tarantino.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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