Ao começar sua carreira como pupilo de Steven Spielberg, com quem trabalhou como roteirista (1941: Uma Guerra Muito Louca, 1979), além de tê-lo ao seu lado como produtor em mais de uma ocasião, Robert Zemeckis rapidamente cresceu, se destacou, fez seu nome por conta próprio e hoje é um cineasta com brilho próprio. Ainda que não possa ser considerado um ‘autor’ com um estilo único, se sai bem nos mais diversos gêneros, tendo como principal característica a constante investigação por novas tecnologias e inovações digitais. Ele já dirigiu mais de duas dezenas de longas-metragens como realizador ou produtor, atividades estas que lhe renderam até o momento um Oscar, um Globo de Ouro, uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, honrarias no Festival de Veneza e diversas indicações a prêmios nos Estados Unidos e no exterior. E como no dia 14 de maio é o seu aniversário, nada mais justo do que homenageá-lo escolhendo seus cinco trabalhos fundamentais, mais um razoavelmente desconhecido, mas que merece ser descoberto. Confira nossas indicações a seguir!
Você já reparou que o mendigo no banco da praça em 1985 era o prefeito em 1955? E na clássica piadinha com o nome do shopping cujo estacionamento é palco da fuga do protagonista para o passado? Este é um desses filmes sobre o qual toda a atenção depositada é um investimento. Além de um clássico icônico e divertido, é mais uma prova do talento de Robert Zemeckis como contador de histórias! O roteiro é tão bem estruturado através de seus personagens que por mais que já se saiba o desfecho é impossível não ficar tenso, não torcer e não vibrar. A história, pra quem não conhece, conta como Marty McFly (Michael J. Fox) vai parar no passado usando um carro DeLorean projetado pelo cientista Doutor Emmett Brown (Christopher Lloyd), quando então ele se vê tendo que fazer com que seus pais se apaixonem um pelo outro para que ele possa existir no futuro. Ao subirem os créditos, a vontade é, inevitavelmente, sempre a de voltar no tempo para assisti-lo como se fosse inédito. – por Yuri Correa
Depois do sucesso do primeiro De Volta Para o Futuro (1985), Robert Zemeckis embarcou em um projeto no qual diversão e criatividade eram palavras que caminhavam felizes de mãos dadas. Ambientado em 1947, esta aventura trazia um universo no qual humanos e personagens de desenhos animados convivem normalmente. Nesse contexto, o detetive particular Eddie Valiant (o brilhante Bob Hoskins), que passou a detestar as animações depois que uma delas matou seu irmão, se vê tendo que ajudar o coelho Roger Rabbit, que passa a ser perseguido pelo monstruoso juiz Doom (Christopher Lloyd) ao se tornar o principal suspeito do assassinato de Marvin Acme (Stubby Kaye), criador da cidade onde vivem. A partir disso, Zemeckis comanda um curioso filme neo-noir que, ao mesmo tempo em que traz uma trama policial envolvente e bem estruturada, diverte com a natureza dos personagens animados, sendo que a interação entre live-action e animação não poderia ser mais convincente, com o diretor dando atenção aos mínimos detalhes (como as marcas dos dedos de Roger depois que este toca em uma cadeira empoeirada). Assim, cria um entretenimento inesquecível em todos os feitos que alcança ao longo de sua narrativa. – por Thomas Boeira
Robert Zemmeckis fez história com a franquia De Volta para o Futuro, mas foi seu contador de histórias Forrest Gump que lhe rendeu seu único e valoroso Oscar de Melhor Direção. E não foi à toa. Ganhador de 40 prêmios, entre eles seis Oscar, o filme está entre as cem maiores bilheterias de todos os tempos e entre as cinquenta, somente nos Estados Unidos. Para quem teve a oportunidade de assistir (se não viu, veja agora), sabe que “por alguma razão” o público se encantou com essa fábula interessante. Ela cruza momentos históricos e/ou populares da humanidade, através de seu protagonista (Tom Hanks), que os narra para estranhos que se sentam ao seu lado, à espera do ônibus, ou na poltrona, como você. Fazendo uso do humor para tratar de temas pesados como o racismo, a guerra do Vietnã e as drogas, entre outros, o roteiro faz também o público viajar pelo tempo e travar encontros inacreditáveis com figuras icônicas do universo pop graças aos efeitos especiais, uma das paixões do cineasta. Entre os destaques, um elenco afiado, trilha sonora rica (Hendrix, Doors, Fleetwood Mac etc) e um herói abobalhado, adorável, que só queria amar e ser amado. Imperdível. – por Roberto Cunha
Foi longo o caminho pelo qual este filme passou até virar realidade, com a produção sendo postergada diversas vezes, passando pelas mãos de George Miller e Roland Joffé, até encontrar o cineasta ideal para realizá-lo: Robert Zemeckis. Ficção Científica não é desconhecida a ele, visto que o diretor já havia brincado com o gênero antes. Mas, desta vez, o projeto teria ainda maior peso científico, tendo sido baseado no livro de Carl Sagan, conhecido astrofísico norte-americano. Na trama, a cientista Ellie Arroway (Jodie Foster), desde pequena, tinha certeza de que não estávamos sozinhos neste universo. Adulta, a doutora costuma procurar por sinais de vida alienígena através de escutas transmitidas por rádio. Ninguém acredita no sucesso da empreitada, até ela encontrar uma mensagem codificada. Ao descobrir do que se trata, torna-se possível construir um gigantesco aparato para fazer o contato com uma civilização extraterrestre. Mas será que isso é possível? Diferente de outros trabalhos seus, Zemeckis decide ir pelo caminho mais sério, fazendo um longa por vezes árido, mas não menos brilhante ao colocar questões como a fé e a ciência na mistura. Indicado ao Oscar como Melhor Som e ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Jodie Foster. – por Rodrigo de Oliveira
Chuck Noland (Tom Hanks) é um cara sempre ocupado demais, com pouco tempo disponível para lidar com os assuntos da família ou os próprios sentimentos. Funcionário do FedEX, sofre um acidente e acaba isolado numa ilha, onde durante quatro anos a sanidade mental é tão ameaçada quanto sua própria sobrevivência. Muitos só recordam deste como o filme em que Hanks faz amizade com uma bola de vôlei, dando a ela inclusive um rosto com o qual conversar em meio ao silêncio ruidoso do lugar inóspito em que se encontra completamente perdido e desamparado. Robert Zemeckis assume para si um papel inglório ao desenvolver essa trama, uma vez que precisa centrar-se em apenas um personagem, evitando que o desenrolar acabe vítima da repetição ou mesmo do tédio. Sai-se muito bem nesse quesito, evidenciando gradativamente, nas mais de duas horas e vinte de duração, uma luta persistente contra a natureza não necessariamente favorável à sua condição. Durante todo esse tempo, o homem isolado da civilização aprende em seu contato com um lugar muitas vezes hostil, longe dos seus, algo valioso sobre a fragilidade do ser humano. – por Marcelo Müller
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Mad e Hel. Loucas e infernais. Madeleine (Meryl Streep) e Helen (Goldie Hawn) são melhores amigas de infância, mas quando as encontramos pela primeira vez estão em lados opostos da fama: quer dizer, a primeira é uma estrela, enquanto que a outra é uma anônima. Mas tudo pode mudar, seja pelas mãos do conceituado cirurgião-plástico Dr. Menville (Bruce Willis) ou pelo toque mágico da sexy bruxa Lisle Von Rhuman (Isabella Rossellini), todos em busca da juventude eterna. Com uma premissa tão hilária quanto absurda, Robert Zemeckis conseguiu atrair alguns dos maiores astros de Hollywood da época em uma comédia de humor negro que surpreendeu nas bilheterias – arrecadou no mundo todo três vezes o valor do seu orçamento – e ainda conquistou a crítica, levando o Oscar e o Bafta de Melhores Efeitos Especiais, além de Meryl ter sido indicada ao Globo de Ouro. Cabeças viradas, estômagos estourados e um desfile de celebridades que deveriam estar mortas – Elvis Presley e Marilyn Monroe entre elas, é claro – servem para encher os olhos, mas é a história completamente inusitada e seus astros que a defendem com gosto que faz deste um dos melhores filmes de Zemeckis, e ainda assim um dos mais subestimados. – por Robledo Milani