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5+1 :: Scarlett Johansson

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Scarlett Ingrid Johansson não é apenas linda. A revista Esquire a elegeu uma vez como a celebridade mais sexy do ano e esta alcunha não foi à toa. Porém, a intérprete mostra muito mais quando está nas telonas do cinema. Seja interpretando diferentes versões de femme fatale no irregular Dália Negra (2006) ou no ótimo Match Point: Ponto Final (2005), uma espiã russa boa de briga em Os Vingadores (2012) ou uma introspectiva jovem sem rumo em Encontros e Desencontros (2003), a atriz já provou diversas vezes que seu talento vai além do corpo curvilíneo. A musa já recebeu indicação dupla – duas no mesmo ano – no Oscar, concorreu ao Globo de Ouro, ganhou o Bafta e outros 60 prêmios, além de ter concorrido a mais 200 outros. Inclusive levou para casa o troféu de melhor atriz no Festival de Cinema de Roma por sua performance no filme Ela (2013). Detalhe: apenas sua voz aparece no longa. Um currículo mais que interessante para alguém tão jovem. No dia 22 de novembro, Scarlett completa mais um aniversário. E, é claro, a equipe do Papo de Cinema celebra essa data com os seus cinco melhores filmes – e aquele que merece um destaque especial.

 

Moça com Brinco de Pérola (Girl with a Pearl Earring, 2003)
Por Renato Cabral
O retrato e a captura do processo de criação e inspiração de artistas visuais nas telas já foi apresentada em diversas produções, algumas com abordagens fora do usual e outras focadas em reconstituir época, como é o caso desta aqui. Trazendo uma belíssima direção de arte e fotografia, o longa traz Scarlett Johansson, embalada por Encontros e Desencontros (2003), como Griet, a camareira e musa do pintor Johannes Vermeer (Colin Firth). Em atuação delicada, Scarlett nos apresenta a sua introspectiva e alva personagem e um de seus mais sérios trabalhos. Vale lembrar que a atriz nem era a primeira opção para Griet. Os produtores já haviam cogitado atrizes como Kate Hudson e Kirsten Dunst. Felizmente, Scarlet ficou com o papel e, como saldo final, ainda ganhou indicações ao BAFTA e Globo de Ouro pela sua performance.

 

Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003)
Por Conrado Heoli
A sequência de abertura do filme é tão simbólica na trama quanto na filmografia de Scarlett Johansson. O close que revela parte privilegiada da anatomia da moça numa demorada sequência serviu para introduzir a atriz a um papel verdadeiramente adulto e a revelar como uma das mulheres mais sensuais de sua geração. Perdida na tradução, a distribuidora brasileira deste primoroso filme o apresentou com este título genérico no mercado nacional, suprimindo a incomunicabilidade do batismo original que pontua o segundo longa-metragem dirigido por Sofia Coppola. O retrato sobre o vazio e o tédio ambientado numa megalópole quase nonsense – quase, afinal trata-se de Tóquio – rendeu à cineasta um Oscar por seu inventivo roteiro, além de outras láureas para Bill Murray, soberbo na comovente personificação de um ator melancólico no final da carreira. Além dos méritos supracitados, o drama é composto por momentos inesquecíveis, como aquele diálogo nunca ouvido trocado por Bob e Charlotte, que antecede os créditos finais. Scarlett Johansson, como demonstrou nesta e em outras ocasiões, pode ir muito além do que sua incontestável e evidente beleza.

 

Match Point: Ponto Final (Match Point, 2005)
Por Rodrigo de Oliveira
Primeira incursão de Woody Allen em terreno europeu, filmando em Londres, este é um suspense primoroso comandado pelo cineasta. Tomando emprestadas algumas idéias do livro Crime e Castigo, de Dostoiévski, e retrabalhando algumas temáticas de seus próprios filmes, como Crimes e Pecados (1989), Allen lapida um roteiro interessante e cheio de luxúria – indicado ao Oscar em 2006. Chamou atenção a interpretação sedutora de Scarlett Johansson no papel de Nola, a mulher fatal que coloca o protagonista interpretado por Jonathan Rhys Meyers em maus lençóis. Woody Allen dirige as cenas mais sensuais de sua carreira ao apontar a câmera para Scarlett. Além dessa questão mais visível, o que impressiona na performance da atriz são os momentos distintos de Nola. Primeiramente muito segura de si e com sensualidade à flor da pele, a personagem vai se desvelando para nós e para seu amante no decorrer da trama, mostrando-se uma pessoa cheia de incertezas e carente de atenção. Esta mudança da personagem é muito bem trabalhada pela atriz, que acabou conquistando o espaço de musa de Allen, antes ocupado por mulheres do calibre de Diane Keaton e Mia Farrow.


Vicky Cristina Barcelona
(idem, 2008)
Por Danilo Fantinel
Scarlett Johansson nunca esteve tão linda e deliciosamente à vontade vivendo uma personagem quanto aqui. Na excelente comédia romântica de Woody Allen, a atriz interpreta a vívida Cristina, que parte com sua melhor amiga Vicky (Rebecca Hall) para a Espanha, onde viverá uma caliente e caótica relação amorosa a três. Disposta a libertadoras experiências na afrodisíaca cidade catalã, Cristina se joga de cabeça no triângulo sexy e problemático composto pelo irresistível artista visual Juan Antonio (Javier Bardem) e pela sua vulcânica, instável e atraente ex-mulher Maria Elena (Penélope Cruz). Em uma busca por equilíbrio constante, mas sempre pendendo entre o ciúme explosivo e a paixão compartilhada, o trio vive altos e baixos invejáveis com data marcada para acabar. Em uma bela orquestração fílmica, o cineasta nos conduz igualmente pelas aventuras secretas de Vicky, que também descobre os prazeres barcelonetas ao lado de Juan Antonio enquanto amarga uma grande incerteza sobre seu futuro casamento. Rebecca e Penélope defendem bem seus papéis, mas é Scarlett quem brilha do início ao fim nesta apaixonante obra da fase europeia de Woody Allen.

 

História de um Casamento (Marriage Story, 2019)
Por Robledo Milani
Scarlett Johansson costumava ser apontada como uma das estrelas de Hollywood mais subestimadas pela Academia, que se recusava a reconhecer seu talento com indicações por diversos dos seus trabalhos anteriores, que lhe renderam prêmios e lembranças no Globo de Ouro, Bafta, Critics Choice e Festival de Veneza, entre outros. Mas tudo mudou em 2020, quando ela recebeu não apenas uma, mas duas indicações na maior premiação do cinema mundial de uma só vez. E se a presença como coadjuvante por Jojo Rabbit (2019) soa um tanto exagerada, a performance que a atriz entrega como protagonista de História de um Casamento é digna de levar qualquer troféu para casa. Premiada pelos críticos de Denver, Dallas-Fort Worth, Detroit, Nevada, St. Louis, Utah, Vancouver e Florida, além do Satellite, a estrela que se tornou popular no mundo inteiro como a heroína Viúva Negra do Universo Cinematográfico Marvel é hábil em construir uma mulher comum, tanto apaixonada como sofrida por uma relação que, a despeito de todos os melhores momentos já vividos, chegou a um fim – e agora é o momento do casal aprender a como lidar com esse término. Ao lado de um magnífico Adam Driver – e de uma ladra de cenas Laura Dern – ela forma um conjunto precioso, que merece todos os aplausos conquistados – e muitos mais!

 

+1

 

Ghost World: Aprendendo a Viver (Ghost World, 2001)
Por Marcelo Müller
Em 2001, o diretor Terry Zwigoff levou às telas essa adaptação da HQ homônima de Daniel Clowes, filme sem muito alarde, de desempenho discreto nas bilheterias, mas certamente um dos bons exemplares estadunidenses daquele ano. A trama gira em torno de duas meninas, Enid (Thora Birch) e Rebecca (Scarlett Johansson), recém saídas do ensino médio com uma série de dúvidas a respeito do futuro. O que fazer? O que ser agora que cresceram? A iminência da vida adulta, ponto de definições particularmente difíceis aos jovens da contemporaneidade que crescem muito mais dependentes dos pais, é tratada num misto de graça e melancolia pelo filme. No decorrer da história, as inconstâncias emocionais ameaçam a amizade das duas, enquanto Enid conhece, por meio de um anúncio, o casmurro Seymour (Steve Buscemi), colecionador de discos com quem descobre ter muito em comum. Scarlett Johansson aqui não se destaca (tanto) por seus dotes físicos, e sim pela capacidade de atuar, esta que às vezes o próprio decote lhe ofusca.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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