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5+1 :: Tim Robbins

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Ator, diretor, roteirista e produtor. Tim Robbins é um daqueles profissionais em Hollywood que se mostra competente em qualquer função que desempenha. Nascido em 16 de outubro de 1958, no estado norte-americano da Califórnia, Robbins estudou artes dramáticas na UCLA, se formando em 1981. Um ano depois, já estreava na televisão na série de TV St. Elsewhere. No cinema, começou no drama de ação Soldados de Brinquedo (1984), passando a fazer coadjuvantes em produções maiores como Top Gun: Ases Indomáveis (1986) e Howard, o Super-Heroi (1986). Na década de 1990, começaram a aparecer protagonistas memoráveis em filmes como O Jogador (1992), Na Roda da Fortuna (1994) e, claro, Um Sonho de Liberdade (1995), um dos seus trabalhos mais lembrados pelo grande público. Foi no começo da década de 1990 que o ator apostou suas fichas na direção, estreando com o falso documentário Bob Roberts (1992). Foi indicado ao Oscar por sua direção em Os Últimos Passos de um Homem (1995). Versátil, passeia bem pela comédia e pelo drama, tendo ganho seu Oscar como ator por Sobre Meninos e Lobos (2003), dirigido por Clint Eastwood. Dentre seus diversos prêmios, destaca-se a honraria em 2016 recebida no Festival de Berlim – a Berlinale Camera – dada a personalidades do cinema por seu conjunto da obra. Em Cannes, venceu como Melhor Ator por O Jogador, filme que lhe rendeu também o Globo de Ouro. Na semana do aniversário deste grande artista à serviço do cinema, a equipe do Papo de Cinema se juntou para prestar uma justa homenagem, lembrando seus cinco melhores filmes – e mais um, que merece toda a nossa atenção. Confira!

 

O Jogador (The Player, 1992)
Iniciando com um incrível plano-sequência de oito minutos e com uma irresistível metalinguagem sobre o fazer cinema, o filme faz um mergulho na implacável e ególatra Hollywood. O diretor Robert Altman faz uma relevante – e ainda atual – crítica ao modelo mental dos profissionais da Meca do cinema. Na figura do produtor egocêntrico Griffin Mill, interpretado brilhantemente por Tim Robbins, Altman mostra as armadilhas e os pequenos segredos sujos que existem nos bastidores da grande indústria. Isso, claro, com muito humor negro. Robbins vive um produtor que está sendo ameaçado de morte e fica completamente paranoico. O ator consegue transmitir a arrogância e, posteriormente, o pavor daquele sujeito acostumado com os luxos de Hollywood. Tirando sarro dos finais felizes do cinema norte-americano – e, até por isso, incluindo um em seu filme – Altman chegou a ser indicado ao Oscar por seu roteiro e direção, mas ficou de mãos abanando. A parceria entre cineasta e ator deu tão certo que Robbins voltou a trabalhar com Altman em outros filmes, com destaque para Short Cuts: Cenas da Vida (1995), vivendo o policial sem escrúpulos que trai a mulher e abandona o cãozinho da família – para depois resgatá-lo e virar o herói da casa. – por Rodrigo de Oliveira

 

Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994)
Frequentemente incluído em listas dos melhores filmes da história, a aprovação do longa do diretor Frank Darabont é praticamente unânime: costuma ganhar a simpatia de espectadores casuais e também de cinéfilos exigentes. A história, baseada num conto de Stephen King, é centrada em Andy Dufresne (Tim Robbins), um bancário condenado a passar o resto de seus dias na prisão pela acusação de ter assassinado a esposa e seu amante. Na penitenciária de Shawshank, Andy usa sua inteligência e habilidades contábeis para se adaptar à realidade do cárcere e, no processo, aproxima-se de vários detentos, entre eles o contrabandista Red (Morgan Freeman). Começa, então, a amizade que faz deste um filme tão especial. Apesar da direção precisa, da ótima fotografia – trabalho do veterano Roger Deakins – e do roteiro extremamente envolvente, os grandes destaques da obra são certamente as atuações, particularmente de Robbins e Freeman. A ótima dinâmica entre os dois é precisamente o que pavimenta essa história inteligente, que equilibra drama e comédia com facilidade. Emocionante e agradável na mesma medida, este jovem clássico é um belo exemplo de um subgênero quase esquecido (o “filme de prisão”) e que fala com honestidade sobre amizade, esperança e, principalmente, liberdade. – por Marina Paulista

 

Os Últimos Passos de um Homem (Dead Man Walking, 1995)
Conhecido pela sua versatilidade e talento à frente das câmeras, era de se esperar que o nosso homenageado conseguisse o mesmo sucesso como cineasta. O que talvez ninguém imaginasse era tanto poder e agilidade na decupagem em seu segundo longa. Ao dirigir a então esposa Susan Sarandon como a religiosa que vira conselheira espiritual de um preso (Sean Penn) condenado à morte, Tim Robbins traz à tona não apenas a discussão sobre temas sociais que sempre lhe rondou na vida pública e privada como também mostra que a paixão por cinema está impressa em cada quadro. A crítica à pena de morte é sutil, provocando muito mais o espectador do que querendo convence-lo do que é correto ou não. Vencedor do Festival de Berlim, onde Penn também recebeu a merecida estatueta de atuação, o filme vai muito além de seu tempo, cutucando o sistema judiciário e penitenciário dos EUA – e, porque não dizer, do mundo. – por Matheus Bonez

 

Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, 2003)
Dave Boyle, personagem interpretado por Tim Robbins nessa obra-prima de Clint Eastwood, é quem cimenta as relações entre as demais figuras que povoam a história criada por Dennis Lehane (autor do livro em que o filme é baseado) e recontada pelo roteirista Brian Helgeland. Marcado por uma tragédia da infância, Boyle é um homem perturbado, cuja fragilidade emocional e psicológica convive de maneira tensa com sua força física. E Robbins é espetacular nessa composição. O porte corpulento do ator é contrastado ao seu olhar sempre assustado ou desconfiado, já que Boyle é massacrado não só pelo trauma que carrega do passado, mas também pelo peso de representar uma incômoda lembrança do horror do mundo aos seus dois ex-amigos, vividos com igual brilhantismo por Sean Penn e Kevin Bacon. Dono de alguns momentos dramaticamente poderosíssimos (principalmente a conversa com a esposa sobre vampiros e o embate final com o personagem de Penn) e, também por isso, merecidamente premiado com um Oscar de ator coadjuvante, Tim Robbins tem aqui uma de suas grandes atuações num de seus melhores filmes. – por Wallace Andrioli

 

A Vida Secreta das Palavras (The Secret Life of Words, 2005)
Incomunicabilidade, repressão, traumas do passado e a descoberta do amor no mais improvável dos lugares são alguns dos temas tratados neste sensível e comovente longa-metragem, segundo trabalho internacional dirigido pela impressionante cineasta espanhola Isabel Coixet, desta vez com o astro Tim Robbins encabeçando o elenco. Na trama, uma mulher obrigada a tirar suas férias decide reavivar uma antiga ocupação, a enfermagem, e passa a ajudar um homem que perdeu a visão devido a severas queimaduras sofridas durante um acidente numa plataforma petrolífera. Muito do bom resultado atingido pelo filme está na sua dupla central de atores, a fenomenal Sarah Polley e o oscarizado Tim Robbins. Os dois fogem do registro óbvio e estereotipado, atuando com o olhar, com pequenos cuidados e tendo completo domínio dos personagens e das emoções que carregam consigo. Você esquece que por trás estão pessoas com outras vidas e histórias: fica-se diante apenas dos protagonistas da trama, como se estivéssemos literalmente dentro do enredo, naquela realidade. Sem incorrer no exagero, Coixet consegue falar muito dizendo pouco. As expressões, as atitudes, cada ação em todo momento são de relevâncias singulares, fazendo a maior diferença possível. – por Robledo Milani

 

+1

Bob Roberts (Bob Roberts, 1992)
Tim Robbins ainda não era o ator super respeitado, vencedor de Oscar e dono de uma filmografia invejável quando apostou na direção deste longa-metragem, seu debut como cineasta. Ele havia recém feito com Robert Altman O Jogador (1992), o primeiro filme realmente memorável de sua carreira e, talvez, inspirado por ter trabalhado com um mestre, resolveu testar as águas neste belo filme, uma estreia potente de um diretor que ainda faria o inesquecível Os Últimos Passos de um Homem (1995). Na trama, estrelada e também assinada por Robbins, o ator vive Bob Roberts, um músico/político bastante conservador que concorre ao senado norte-americano pelo partido Republicano. O personagem foi criado em uma pequena participação do ator no programa humorístico Saturday Night Live e o longa-metragem satiriza a corrida eleitoral norte-americana. Com estilo de documentário falso, Bob Roberts diverte ao mesmo tempo que critica a política dos Estados Unidos, fazendo referências também à música, com o protagonista lembrando bastante o grande Bob Dylan. Pela sua atuação, Tim Robbins concorreu ao Globo de Ouro e, curiosamente, perdeu para ele mesmo, que concorria por O Jogador na categoria Melhor Ator em Comédia ou Musical. – por Rodrigo de Oliveira

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