Ele é um dos atores mais respeitados do Brasil, tendo vivido inúmeros papéis na televisão, no teatro e no cinema. Nascido Antônio de Carvalho Barbosa Ramos em 25 de agosto de 1948, iríamos conhecê-lo apenas como Tony Ramos. Sua carreira iniciou na metade da década de 1960, com papéis na televisão que o transformaram no galã preferido dos folhetins da TV Tupi e, depois, da Rede Globo. Na mesma época, estreou no cinema com seu primeiro longa-metragem, O Pequeno Mundo de Marcos (1968). Na década seguinte, alguns trabalhos na telona aconteceram, mas nunca com igual sucesso quanto seus papéis na televisão.
O jogo no cinema mudou em 2001, quando abocanhou o papel coadjuvante (mas roubador de cena) na adaptação para o cinema do livro de Rubem Fonseca Bufo & Spallanzani. Vencendo o Kikito de Melhor Ator no Festival de Cinema de Gramado, Ramos passou a ser presença mais frequente na telona, tendo estrelado sucessos de bilheteria como Se Eu Fosse Você (2006) e sua continuação (2009), Chico Xavier (2010) e Getúlio (2014). Em 2016, foi escolhido pela organização do festival da serra gaúcha para receber o prestigioso troféu Cidade de Gramado. No dia em que comemora seu aniversário, nada melhor do que relembrar os grandes trabalhos de Tony Ramos no cinema. E é isso que a nossa equipe compilou neste artigo especial, que resgata os cinco melhores filmes do ator – e mais um, em que ele rouba a cena como um coadjuvante hilário!
Bufo & Spallanzani (2001)
Um dos rostos mais conhecidos na televisão brasileira, Tony Ramos é um ator completo, com passagens de destaque no teatro e também no cinema. Pois foi como o policial Guedes que ele conquistou seu primeiro kikito no Festival de Gramado, reconhecido como Melhor Ator. O que foi uma surpresa, pois pelo mesmo papel ele foi premiado no Festival de Miami e indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – o Oscar da produção nacional – porém, como Coadjuvante! E se de fato o protagonista ‘oficial’ é o escritor vivido por José Mayer, é o detetive largadão e, ao mesmo tempo, caxias vivido por Ramos que captura toda a atenção do espectador. É ele, afinal, que tem a missão de desvendar a morte de Delfina Delamare (Maitê Proença), amante de Gustavo (Mayer). Com a ajuda da revelação Isabel Guerón (também premiada em Gramado, como Melhor Atriz), Guedes irá se embrenhar cada vez mais em um submundo de revelações e mentiras, entre sapos venenosos e traições insuspeitas. Um personagem complexo e, ao mesmo tempo, irresistível. Bem ao gosto de Tony Ramos, um astro no legítimo conceito da expressão, que vai do drama à comédia em segundos, sempre com uma habilidade ímpar. – por Robledo Milani
Se Eu Fosse Você (2006)
Como uma daquelas antigas chanchadas, o filme de Daniel Filho é muito inspirado em produções norte-americanas. O longa-metragem parte da mesma matriz de filmes que tratam da mágica da troca de corpos por indivíduos que passam por momentos de incomunicabilidade. Já foi feito com Sexta-feira Muito Louca (2003) e Garota Veneno (2002), só para dar dois exemplos recentes. O interessante e novo aqui é ver a forma como a produção é traduzida para o nosso cinema. A troca dos personagens é muito mais uma guerra dos sexos e do equilíbrio de um casal (interpretado por Glória Pires e Tony Ramos) através do entendimento das particularidades de cada um. A narrativa não traz nada de novo e realmente fica a cargo dos protagonistas darem o tom de novidade à trama. E conseguem. Tony Ramos interpretando a personagem de Glória Pires tem momentos hilários. Vale lembrar da cena musical junto de Patrícia Pillar. A delicadeza da performance e o contraste de seu personagem original e a forma como emula a personagem de Pires demonstra versatilidade e nuances nos gestos e tom de voz. O timing cômico de Ramos é outro achado. O filme, verdadeiro sucesso de bilheteria, pode ter um resultado inferior aos seus originais norte-americanos, mas vale pelas performances e por dar destaque à veia cômica do ator. – por Renato Cabral
Tempos de Paz (2009)
Transformar a peça teatral Novas Diretrizes em Tempos de Paz em um bom filme era a tarefa principal de Daniel Filho. Não precisou muito, visto que o material em mãos era interessante por si só e também por saber aproveitar o mesmo elenco dos palcos. Aqui, Dan Stulbach e o nosso homenageado disputam quadro a quadro quem rouba mais a cena. O chamado Tom Hanks brasileiro é Clausewitz, polonês que, após a Segunda Guerra Mundial, se refugiou no Brasil e quer apenas trabalhar na lavoura. Segismundo (Tony Ramos) é um ex oficial da polícia de Getúlio Vargas que caçava nazistas. Agora, sem ter onde realizar suas investigações, resolve pegar no pé do polonês até que ele o convença, de alguma forma, que não é nenhum infiltrado ou criminoso. Na pele do oficial, Ramos causa um baque no público ao contar com crueza como torturava os asseclas de Hitler para, mais adiante, se (e nos) emocionar com a triste história de Clausewitz. Só por esta virada humana e sem artifícios das camadas de seu personagem, o ator já merece aplausos em pé. – por Matheus Bonez
Getúlio (2013)
Os últimos dias de poder (e de vida) de Getúlio Vargas são muito cinematográficos. Nosso cinema, no entanto, parece guardar certas reservas à realização de filmes sobre momentos e personagens políticos importantes da história do Brasil que não sejam biografias extremamente tradicionais que cubram toda uma vida. Este filme de João Jardim, consegue escapar disso de maneira exemplar. Já na primeira cena o filme resolve narrativamente a trajetória do protagonista, numa bela combinação de narração em off do próprio com uma imagem de Vargas que ganha foco aos poucos, como que remetendo à falta de clareza de identidade dessa figura. A partir daí, Jardim se dedica a acompanhar a crise política de agosto de 1954, que desencadeou o suicídio do então presidente da República, e praticamente joga o filme nas costas de Tony Ramos. O ator, um dos nomes mais respeitados da teledramaturgia brasileira, confirma que tem muito a oferecer ao cinema (ele faz poucos filmes), compondo um Vargas que trafega entre a imponência de sua história como líder político e a ternura comovente no trato com a filha (Drica Moraes). Se Getúlio não é o thriller político intenso que essa história poderia gerar, ao menos é um drama muito competente. – por Wallace Andrioli
Quase Memória (2016)
Este drama existencial recupera um dos melhores livros de Carlos Heitor Cony em uma obra com a cara do diretor Ruy Guerra – anticonvencional, revolucionária e inquieta. Para se ter uma ideia, somos convidados a acompanhar o insólito encontro de Carlos consigo mesmo, interpretado por Charles Fricks na juventude e por Tony Ramos na velhice. Quando um se depara com o outro, tem início uma verdadeira ‘lavação de roupa suja’, com acusações e lamentos sobre decisões mal tomadas, escolhas equivocadas e desejos não realizados, como se a culpa fosse sempre daquele ao lado, sem se dar conta estarem falando deles próprios. Mariana Ximenes aparece ao lado do ótimo João Miguel como os pais do protagonista, e nomes como Flavio Bauraqui, Augusto Madeira e Antonio Pedro representam figuras importantes em sua trajetória, porém o show aqui é mesmo de Ramos, que tem em mãos um personagem complexo, insatisfeito e sedento por vida, ainda que já esteja próximo ao seu fim. Mesmo diante de um cenário tão caótico e até mesmo perturbador, impossível não se identificar com o tormento vivenciado pelo astro em cena, que segue pensando no futuro, mesmo tendo apenas o passado em sua frente. – por Robledo Milani
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Pequeno Dicionário Amoroso (1996)
“De todos os primatas, o homem é o único que possui esse sentimento chamado amor. Os outros, como os chimpanzés, procuram as fêmeas só para copular e para criar os filhotes. Têm uma vida bem mais simples. Eu acho que essa história de amor acaba complicando muito as relações entre macho e fêmea. É por isso que eu tenho inveja dos chimpanzés.” Essa e outras frases de sapiência contestável são proferidas por Barata, interpretado por Tony Ramos, um dos atores coadjuvantes que roubam a cena desta bela comédia romântica dirigida por Sandra Werneck. Lógico que o show é de Andrea Beltrão e Daniel Dantas, o casal principal da história. Mas o amigo vivido por Tony Ramos diverte por suas frases certeiras – ou nem tanto – que acaba soltando no decorrer da trama que, assim como um dicionário, possui verbetes que vão costurando a história. Largado e mulherengo, Barata é aquele clássico personagem coadjuvante que serve como contraponto para o mocinho da história. Neste caso, o que o separa dos demais é o fato de ser interpretado pelo grande Tony Ramos, ator que provou – seja na tevê ou no cinema – que tem ótimo timing cômico. – por Rodrigo de Oliveira
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