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5+1 :: Wagner Moura

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Wagner Moura dispensa apresentações. Baiano de fortes ideiais políticos, por pouco o ator não seguiu a carreira de jornalista, profissão na qual se formou originalmente. Porém, o gosto pelo teatro veio através do inseparável amigo Lázaro Ramos, logo surgiu uma oportunidade para estrear nos cinemas e na televisão e seu rosto foi ficando cada vez mais conhecido. Hoje o astro já alcançou patamares internacionais com sua estreia “para estrangeiro ver” em Elysium (2013), que arrancou elogios mundo afora.

Logo em seguida, Moura voltou ao cenário internacional no drama Trash: A Esperança Vem do Lixo (2014), sob o comando do diretor inglês Stephen Daldry, no qual interpreta um policial em meio à história dos três adolescentes que trabalham no lixão de um país de terceiro mundo e encontram uma chave que pode mudar suas vidas. Indicado ao Globo de Ouro por sua atuação na série Narcos (2015-) e protagonista de uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro, Moura é o nosso homenageado neste dia 27 de junho, seu aniversário. Para isso, é claro, elegemos seus cinco melhores filmes e mais um que merece ser lembrado, é claro.

 

O Caminho das Nuvens (2003)
por Robledo Milani

Baseado num insólito fato verídico – uma família de retirantes saiu do Nordeste e foi até o Rio de Janeiro apenas de bicicletas – esse drama dirigido por Vicente Amorim e produzido pela família Barreto tem como seu ponto forte o elenco, que inclui nomes como a sempre talentosa Cláudia Abreu e até uma participação especial do cantor Sidney Magal (que, aliás, se sai muito bem em um tipo fora do esperado). Mas o destaque mesmo é a presença de Wagner Moura como protagonista, o pai que, contra tudo e todos, decide arrastar mulher e cinco filhos por quilômetros, apenas por acreditar que, dessa forma, conseguirá um emprego que o possibilite oferecer condições dignas de vida aos seus. O astro tem aqui um dos seus trabalhos mais introspectivos, deixando de lado o jeito descontraído que o revelou em Deus é Brasileiro (2003) e assumindo uma postura circunspecta que seria melhor aproveitada no Capitão Nascimento de Tropa de Elite (2007). O tipo que aqui compõe é muito duro, mas absurdamente real, a ponto de chegar doer por sua intolerância e verdade. Premiado no Festival de Cartagena e indicado ao Prêmio Qualidade Brasil como um dos melhores atores do ano, Moura ofereceu aqui uma das primeiras amostras do talento que depois conquistaria o mundo.

 

Cidade Baixa (2005)
Por Matheus Bonez

O ditado é claro: “dois é bom, três é demais”. No caso de Karinna (Alice Braga), Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura), a regra toma proporções drásticas durante a estreia na ficção do diretor Sérgio Machado. Ela é uma prostituta que pega carona com os dois, barqueiros, amigos inseparáveis desde a infância e realizadores de bicos ilegais. Em troca, o que a garota pode oferecer: uma noite de sexo. É claro que a paixão surge e logo o triângulo amoroso se instala, cada vez mais difícil de romper. Alice Braga recebeu praticamente todos os prêmios de atuação aos quais concorreu na época e o filme foi vencedor da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes. Mas nem por isso se pode esquecer dos dois protagonistas masculinos. No caso, o homenageado da vez mostra toda sua versatilidade ao encarnar o impulsivo Naldinho de forma energética, violenta, prestes a estourar a qualquer momento, especialmente quando começa a bater de frente com seu melhor amigo por ciúmes e rancor, sentimentos sublimados durante anos e que vem à tona quando o objeto de desejo é a mulher em comum. E o personagem explode toda vez que Moura entra em cena para mostrar seu talento. Algo que iria se repetir cada vez mais em seus próximos papeis, não importando por qual vertente.

 

Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (2010)
Por Yuri Correa

Idolatrado como herói de ação, poucos perceberam que o Capitão Nascimento, protagonista de Tropa de Elite (2007), se tratava na verdade de uma figura reprovável, do tipo que repudiamos normalmente. Não por acaso a continuação daquele grande sucesso de público e crítica, Tropa de Elite 2, se empenhou em conduzir o personagem interpretado por Wagner Moura do valentão abusivo para um ser mais politicamente lúcido e, portanto, menos brutal – na esperança de que, magnetizados por Nascimento, o público o acompanhasse em sua mudança de perspectiva. A sequência, porém, embora ambientada anos após o primeiro longa, jamais trai a personalidade do ex-capitão, e Moura mantém seu falar autoritário e modos broncos mesmo quando em pleno exercício de debate, levando com naturalidade aos eventuais estouros emocionais daquela figura sem que José Padilha – excelente na direção de ambos os projetos – precise parar a trama para destacar esses momentos. O que seria um pecado, uma vez que, além de inteligentes estudos políticos e de personagem no roteiro, são filmes que possuem ritmos crescentes irrepreensíveis, fruto da parceria de Padilha com o montador Daniel Rezende, o fotógrafo Lula Carvalho e o compositor Pedro Bromfman, com os quais voltaria a trabalhar em RoboCop (2014).

 

Elysium (2013)
Por Thomás Boeira

O diretor Neill Blomkamp impressionou crítica e público com seu primeiro longa-metragem, Distrito 9 (2009), uma ficção científica em formato de mockumentary que usava seus alienígenas como uma bela alegoria sobre intolerância racial. Sendo assim, foi difícil não ficar curioso com o que o jovem realizador viria a fazer em seu filme seguinte, e nós brasileiros ganhamos um motivo a mais para ficarmos interessados, já que Wagner Moura estaria no elenco, fazendo sua estreia em Hollywood. Trazendo um comentário social envolvendo divisão de classes, sistema de saúde e o fato de os pobres não terem os mesmos direitos que os ricos, Elysium se revelou interessante tanto como ficção científica quanto como uma produção de ação, ainda que não tão eficiente quanto Distrito 9. Moura ficou com o papel de Spider, contrabandista que ajuda o protagonista Max (Matt Damon) a ir até a estação espacial que dá nome ao filme ao mesmo tempo em que planeja colocar fogo no modo como o sistema funciona. O astro brasileiro tem uma ótima presença em cena, encarnando Spider com carisma e um belo senso de humor, fazendo do personagem um dos pontos altos da produção. Certamente foi uma estreia de respeito para o ator em solo americano.

 

Praia do Futuro (2014)
Por Conrado Heoli

Wagner Moura não precisava provar nada a ninguém quando aceitou dar vida ao salva-vidas Donato, protagonista de Praia do Futuro. Depois de incontáveis acertos em uma carreira tão sólida quanto coesa, o baiano ousou ao aceitar o convite de Karim Aïnouz e apagou quaisquer sombras de sua memorável caracterização como o Capitão Nascimento, um de seus maiores e mais marcantes personagens até então. Acima de qualquer preconceito que tenha afastado espectadores das salas de cinema, este Donato é igualmente inesquecível, multifacetado e complexo, dotado de fragilidades e culpas ocultas entre suas muitas camadas. Em Praia do Futuro, Moura interpreta dois personagens distintos que são apenas facetas de uma mesma pessoa: aquela com poucas motivações além da família e do trabalho e uma outra muito diferente, que se transforma a partir de um amor arrebatador e de uma escolha cruel. Ao lado de Clemens Schick e Jesuíta Barbosa, o ator expressa todo seu talento camaleônico numa composição inspirada e singular – e reescreve em um personagem a interpretação que pode resumir muito bem sua carreira.

 

+1

Romance (2008)
Por Rodrigo de Oliveira

Romance conta a história de Tristão e Isolda. Ou melhor, de dois atores de teatro, Pedro (Wagner Moura) e Ana (Letícia Sabatella), que interpretam o texto e acabam se apaixonando no decorrer da temporada. Quando Ana desperta a atenção de um diretor de tevê, a relação dos dois começa a ruir. Basta ela fazer sucesso em uma novela para Pedro ter uma crise de ciúme e terminar tudo. Três anos depois, Ana é ainda mais popular e resolve convidar seu ex para dirigir um especial na televisão. E a partir daí é que a história se desenrola. Dirigido por Guel Arraes e com roteiro de Jorge Furtado, Romance brinca de forma inteligente com os bastidores da vida no teatro e na tevê, fazendo sempre paralelo com a história de Tristão e Isolda. Neste cenário, Wagner Moura surge como a alma do filme. A cada novo papel o ator prova que é um dos melhores profissionais de sua geração. Basta listar os personagens que ele interpretou no cinema e compará-los. Cada tipo é diferente. Tem uma particularidade. No caso de Romance, Moura interpreta um ator/diretor idealista. Um artista que acredita que sua arte está acima do sucesso, do dinheiro e até do seu grande amor. Um filme que, certamente, deveria ser mais conhecido.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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