Ator, produtor, diretor, cantor… Will Smith é daqueles astros multifacetados que não parecem se contentar com um papel só. Seja em frente ou atrás das câmeras. Quando sua carreira começou, no início dos anos 1990, ele era Um Maluco no Pedaço, série televisiva que durou seis temporadas de sucesso e o colocou como uma das grandes esperanças de Hollywood. E deu certo. Filmes como Os Bad Boys (1995), Independence Day (1996) e MIB: Homens de Preto (1997) foram aumentando o status quo de Smith, que ganhou fãs no mundo inteiro. E os sucessos foram só aumentando desde então.
Após uma pausa de quase quatro anos sem filmar, Will Smith retornou à franquia que lhe valeu uma de suas maiores bilheterias com o relativo sucesso de MIB: Homens de Preto III (2012). Mesmo que atualmente o astro tenha encarado um fracasso de bilheteria como Depois da Terra (2013), seu nome ainda é de força perante o público. Para comemorar seu aniversário no dia 25 de setembro, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores trabalhos – e aquele que merece uma nova chance. Confira!
Por Marcelo Müller
Tá certo, Independence Day é uma realização de Roland Emmerich, portanto mais lembrado pelas sequências de explosão, pelas proporções inerentes aos filmes-catástrofe tão caros ao seu diretor, do que propriamente por qualquer dilema humano que surja em meio à destruição. Ok, tem um lance patriota escrachado, forçado, que o maniqueísmo corre solto, enfim, tá certo que Independence Day não é lá essas coisas, ao menos se estivermos procurando algo mais que um escapismo bem ligeiro. Mas, no meio dessa grandiloquência meio vazia, Will Smith se sobressai, não apenas por ser o protagonista de fato, mas pelo carisma que atribui ao personagem do capitão Steve Hiller, um cara casca-grossa que lidera a resistência militar contra os alienígenas que chegam para tocar o terror nos EUA bem no Dia da Independência. Hiller é o único capaz de derrubar uma nave extraterrestre na primeira leva do contra-ataque humano. Smith faz aqui um de seus melhores papeis no cinema, aproveitando um talento natural para criar tipos debochados, colocando o humor a serviço da catarse que surge a cada nave inimiga que tomba aos pés da cavalaria do Tio Sam.
Por Rodrigo de Oliveira
Protegendo a Terra da escória do Universo. Esta é a missão dos Homens de Preto, uma organização supersecreta que trabalha arduamente para que os terráqueos não tenham ideia da presença alienígena no nosso planeta. Quem se surpreende com esta informação é o policial de Nova York James Edwards (Will Smith), que é convocado pelo agente K (Tommy Lee Jones) para engrossar a lista de funcionários da MIB. Depois de ter enfrentado alienígenas em Independence Day (1996), Will Smith usou sua expertise para caçá-los em Homens de Preto, uma produção divertidíssima dirigida por Barry Sonnenfeld. Fazendo uma dobradinha inspirada com Tommy Lee Jones (nunca tão engraçado quanto aqui), Smith usa sua simpatia e seu talento para a comédia e para o cinema de ação para viver um herói cativante. Novato no seu trabalho, as surpresas pelas quais J (sua nova alcunha quando vira Homem de Preto) passa são as mesmas que os espectadores vivenciam, fazendo dele um ótimo alterego para a plateia. Além de protagonizar o filme, Smith também gravou a música tema, a vibrante “Men in Black”, com um clipe cheio de efeitos visuais com alta rotação na MTV à época.
Por Robledo Milani
Filme que representou a maturidade artística de Will Smith, essa cinebiografia do astro do boxe Muhammad Ali – também conhecido como Cassius Clay, seu nome original – foi um verdadeiro soco no estômago de muita gente. Ninguém esperava que o astro de blockbusters e comédias despretensiosas pudesse ser capaz de interpretar com tanto vigor e dedicação, recriando um ícone da cultura pop norte-americana com tamanha precisão. A direção de Michael Mann é distanciada, fria e austera, e o longa está longe de ser perfeito, se estendendo por demais em tramas paralelas e em temas controversos, mas ainda assim tem seu valor por oferecer uma importante luz a uma trajetória repleta de altos e baixos, com a qual muitos espectadores não só conseguem se identificar como, também, se envolver. Will Smith deixa de lado a maioria dos seus maneirismos mais corriqueiros, assume transformações físicas e até no seu modo de atuar e, com sucesso, consegue apagar sua própria personalidade de astro para dar vida ao protagonista. Como resultado, foi indicado pela primeira vez ao Oscar e ao Globo de Ouro!
Por Matheus Bonez
Em sua segunda indicação ao Oscar, Will Smith provou de vez que não era só um cara boa pinta e estrela de blockbusters arrebatadores de bilheteria. Na pele de Chris Gardner, o protagonista que perde tudo (dinheiro, casa, esposa), só resta a ele tentar dar uma vida melhor para o filho de cinco anos. A chance para mudar de vida vem em um estágio numa corretora de valores. O problema é que o trabalho não é remunerado e ele deve disputar a única vaga de efetivo com outros colegas, aparentemente, mais qualificados. O longa dirigido pelo italiano Gabriele Muccino é quase um melodrama de tanto que o protagonista se ferra. Porém, sua direção sensível e o intenso trabalho de Will Smith elevam o status da produção. O ator se entrega sem glamour, humor ou choro fáceis. Ele realmente vive aquele momento numa postura bem diferente de sua realidade. Ok, há todo aquele discurso de “somos americanos e sempre conseguimos o que queremos”, mas tem como ser diferente num tipo de produção como essa? Ponto para Smith.
Por Thomás Boeira
Baseado no livro de Richard Matheson, que já havia sido levado ao cinema em Mortos Que Matam (1964) e A Última Esperança da Terra (1971), Eu Sou a Lenda traz Will Smith interpretando o cientista Robert Neville, que talvez seja o último ser humano vivo e que tenta encontrar uma cura para o vírus que se espalhou pelo mundo inteiro, matando grande parte das pessoas e transformando outras em perigosas criaturas vampirescas. Segundo filme comandado por Francis Lawrence, Eu Sou a Lenda encontra grande tensão tanto nas cenas em que vemos os ataques dos vampiros (que ainda assim são o ponto mais problemático do projeto devido aos fracos efeitos visuais que os conceberam) quanto na solidão que seu protagonista vive no mundo pós-apocalíptico. Nisso, Will Smith se vê tendo que carregar a maior parte da narrativa sozinho, com apenas a cadela Sam como companheira de cena. E Smith se sai muito bem, trazendo carisma e peso dramático para seu personagem, o que faz com que nossa identificação com ele ocorra com facilidade. Isso foi essencial para o sucesso do filme, que provou a popularidade do ator e veio a ser uma das maiores bilheterias de 2007.
+1
Por Yuri Correa
Baseado no homônimo livro do aclamado autor de ficções científicas Isaac Asimov, o longa-metragem dirigido por Alex Proyas se mostra menos um exemplar do gênero que definiu a carreira de seu escritor do que um instigante suspense. Em um futuro onde robôs domésticos são uma realidade comum, um antiquado detetive vivido por Will Smith tem de investigar a morte de um importante inventor, responsável, inclusive, pela existência das tais máquinas com formas humanoides. Tendo como principal suspeito um robô chamado Sonny, o investigador Spooner não vai tardar a descobrir uma trama muito mais complexa. Levantando questões filosóficas interessantes, como a própria obra de Asimov o faz também, Eu, Robô leva o espectador a questionamentos básicos entre lógica e sentimento, que poderia facilmente serem aplicados nos ramos políticos, sociais e mesmo pessoais de qualquer tempo. Deste modo, embora não se mantenha fiel ao livro que o originou, o filme mantém seu debate enquanto diverte com um mistério intrincado e boas cenas de ação. Smith consegue fazer o tipo carismático, solitário e durão, que viria a repetir em Eu Sou a Lenda (2007) mais tarde, de modo a sustentar a duração do longa, que ainda deslumbra com seus muitos efeitos visuais.